Na Rua Thomaz Flores, em Santa Cruz do Sul, a sequência de flores chama a atenção
A chegada da primavera traz temperaturas mais agradáveis, mas o destaque fica por conta do colorido das flores, nos jardins e pelas ruas. Presentes em grande número e na preferência de muitas pessoas, as orquídeas em suas variadas espécies florescem com mais intensidade nesta época e dão seu espetáculo pela beleza e cores.
Entre as mais vistas estão as da espécie Dendrobium nobile (originária da Ásia), comum nas árvores, Cattleya intermedia (nativa do Rio Grande do Sul), assim como a Oncidium, e as miniorquídeas nas beiras de sangas e arroios.
LEIA TAMBÉM: Primavera começa nesta segunda-feira; veja como deve ser a estação das flores
Publicidade
Pelas ruas de Santa Cruz, a presença da Dendrobium nobile, conhecida como olho de boneca, é a mais comum. O biólogo e professor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), campus São Gabriel, Jair Putzke, enfatiza que ela, assim como as outras, não é parasita. Hoje chamadas de epífitas, as orquídeas vivem em cima de uma outra espécie sem lhe causar danos.
“Elas são inofensivas. Nem o peso a mais é considerado prejudicial para as árvores. Pelo contrário, as orquídeas precisam do desenvolvimento de um fungo que lhes traga alimento, e esse fungo geralmente é encontrado nas cascas de árvores”, explica Jair. A fixação das epífitas é melhor em árvores que não perdem as cascas com facilidade.
LEIA TAMBÉM: Flores da estação dão charme especial às ruas de Santa Cruz
Publicidade
Integrante do Núcleo de Orquidófilos de Venâncio Aires, Mato Leitão e Passo do Sobrado (Nova), e proprietário de um orquidário comercial que conta com cerca de 25 mil orquídeas em Mato Leitão, Sílvio Jaeger explica que a fixação pode ser feita com um cordão ou elástico, ou até uma meia de náilon velha. Após essa etapa, é preciso acompanhar o desenvolvimento da planta.
Em períodos de escassez de chuva, segundo ele, é preciso regá-las, ou em período de muita chuva estão propícias a que um fungo ataque alguma folha. Também pode ser feita adubação com um tecido: em formato de trouxinha, colocar adubo orgânico e amarrá-lo no meio do pé. Ao chover, o adubo é levado às raízes.
VEJA MAIS: FOTOS: ouvintes da Rádio Gazeta compartilham registros da chegada da estação das flores
Publicidade
Moradora de Rio Pardinho, Sandra Adriana Bartz, integrante da Associação Santa-cruzense de Orquidófilos, cultiva orquídeas há mais de 30 anos. Em sua residência, são três orquidários com mais de mil exemplares. “Meu amor pelas orquídeas começou indo em exposições Estado afora. Com isso, eu fui adquirindo exemplares até que tive que organizar os orquidários”, conta.
Com o passar dos anos, ela foi aprimorando as técnicas de cultivo. “As dificuldades aparecem como com qualquer planta, em que se acaba perdendo sempre por alguma razão do cuidado em excesso ou falta dele. A partir da Associação, consegui adquirir mais conhecimento para cultivar de uma forma mais zelosa e primorosa.”
Sandra enfatiza que lidar com as plantas é como uma terapia. “Depois de um dia exaustivo de trabalho, chegar e vê-las floridas é muito bom. Aquela beleza, delicadeza transmitem uma energia e uma paz indescritíveis”, ressalta.
Publicidade
Desde 2009, a partir de uma lei estadual da ex-deputada Zilá Breitenbach, Mato Leitão é oficialmente a Cidade das Orquídeas. O município traz na sua história o interesse e dedicação ao cultivo das flores pelos imigrantes.
Quem circula pelas ruas da cidade confirma o rótulo. Além de estar presente nas casas e pátios, muitas pessoas mantêm orquidários com centenas e milhares de exemplares. A planta inclusive está no brasão estampado na bandeira do município.
LEIA TAMBÉM: Descubra como preparar drinks com flores para celebrar a chegada da primavera
Publicidade
Sede da primeira Exposição Estadual de Orquídeas, Mato Leitão passou a receber o evento a cada dois anos. Na última edição, em 2023, mais de 1,2 mil plantas foram expostas, da espécie Laelia purpurata, por 151 expositores de 22 associações do Estado. Neste ano, a 15ª edição ocorrerá nos dias 5, 6 e 7 de dezembro.
Em Santa Cruz, a Associação Santa-cruzense de Orquidófilos, fundada em julho de 1951, conta com 76 associados. Com reuniões mensais, a entidade é sede de duas exposições no ano, que já se tornaram referência entre o público. Realizadas em março e em setembro, os eventos regionais evidenciam a espécie Cattleya. As edições de 2026 já estão confirmadas para 28 e 29 de março e 12 e 13 de setembro.
As orquídeas são de um grupo mais evoluído de plantas. O biólogo Jair Putzke explica que o clima da primavera é favorável para a polinização, proporcionando florescimento em épocas distintas do ano. “Os insetos polinizadores são os que se beneficiam, então é a época deles também, um ajuda o outro.”
As orquídeas, principalmente da espécie Cattleya intermedia, ficam floridas entre 30 e 40 dias. As Dendrobium, nas árvores, mantêm as flores por mais tempo, numa média de 40, 45 dias.
Já as flores da Phalaenopsis, bastante utilizadas comercialmente, podem durar seis meses. As orquídeas do tipo Cymbidiums, que são aquelas de haste reta, ascendentes, de inverno, duram até 90 dias.
Entre os cuidados principais com as orquídeas cultivadas em vasos, Sílvio Jaeger recomenda que sejam molhadas uma vez por semana, no inverno. Já no verão, sobretudo em dezembro, janeiro e fevereiro, é indicado que recebam água um dia sim, um dia não.
Putzke ressalta que o transplante das orquídeas exige uma série de cuidados. “Elas não podem ser retiradas do seu habitat natural e levadas para casa. Além de não se desenvolverem, é um crime e se está contribuindo para a extinção. Por isso, temos orquidófilos que já têm essas plantas num ambiente mais domesticado, adaptadas.”
QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!
This website uses cookies.