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Papai Noel postal

Os Correios têm aparecido nas manchetes dos veículos de comunicação de todo o Brasil, mas não é por um bom motivo. A forma como está sendo gerida, as mudanças na comunicação, a tecnologia que permite pagar contas sem sair de casa e sem sequer ver o boleto, e muitos outros motivos, fizeram com que a estatal se transformasse em uma empresa altamente deficitária. Não há como negar que ela tem relevância histórica e possibilitou aproximar pontos distantes por meio de cartas, função hoje desempenhada pelas ferramentas digitais.

O mundo atual, no entanto, não permite romantizar a situação e aceitar o prejuízo bilionário apenas porque algum dia a organização teve essa importância. Cada vez menos, os cães se indignam com os homens e mulheres de amarelo e azul, que passam pela rua trazendo encomendas, boas ou más notícias. Esses profissionais passaram a enfrentar concorrências agressivas, que vão além da função social de aproximar remetente e destinatário, além da correspondência social. As demais empresas do ramo de transporte postal ou de encomendas fazem dinheiro.

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Mas não é esse momento crítico orçamentário que pauta a coluna desta terça-feira. Eles reeditam, até o dia 10 de dezembro, a campanha Papai Noel dos Correios. A iniciativa mantém o hábito da empresa de aproximar pessoas, mas desta vez com uma mensagem distinta e necessária: a certeza de que ainda existe compaixão entre os brasileiros.

Quem escolhe uma das tantas cartinhas escritas pelas crianças (e pode fazer isso em Santa Cruz do Sul) vai levar esperança e conforto para pequenos que alimentam o sonho de um mundo melhor. As crianças que recebem, certamente, verão que é possível sonhar, que o Papai Noel existe e tem nome e CPF, mesmo que fique no anonimato de uma correspondência sem remetente.

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Adotar uma das cartinhas, que pedem bola, boneca, carrinhos, material escolar, alimentos e outros tantos itens, é dar vida à música interpretada por Luiz Gonzaga. O Rei do Baião cantou “Levo cartas com poesia; felizes cartas de amor”. É amor que será levado em forma de presente, pois quando você abre mão de algo tão relevante, como o dinheiro, em prol de outro que nem conhece, só pode ser por esse sentimento que pouco se consegue descrever.

Imagino a sensação das crianças que receberão o presente, por meio dos Correios. Certamente, estarão na expectativa ilustrada pelo grupo de pagode Só Pra Contrariar: “Fim de mês, chega carta de amor; o meu peito dispara, o carteiro chegou pra matar saudade dela e acabar com essa dor”. E quem manda pode entender que está plantando boas sementes, o que, com a devida adubação e cuidado necessário, rende bons frutos.

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Se somos capazes, como descreveu Fernando Pessoa, de escrever cartas de amor “ridículas”, porque entende que “todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas”, é porque também conseguimos adotar uma cartinha e passar a ser melhores.

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Marcio Souza

Jornalista, formado pela Unisinos, com MBA em Marketing, Estratégia e Inovação, pela Uninter. Completo, em 31 de dezembro de 2023, 27 anos de comunicação em rádio, jornal, revista, internet, TV e assessoria de comunicação.

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