Agronegócio

Programa nacional vai incentivar cultivo, processamento e venda de plantas medicinais

Um programa nacional e coletivo de produção, processamento e venda de plantas medicinais será realizado em Vale do Sol e terá a participação de cerca de 30 mulheres. O pontapé inicial foi dado nessa quinta-feira, 10, na Casa de Cultura da Efasol, em Linha Formosa.

O encontro reuniu integrantes do projeto e representantes de entidades que apoiam e formarão o comitê local de organização das atividades, como Prefeitura, Emater e Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Santa Cruz do Sul (STR). Também participaram as realizadoras da iniciativa – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes). 

Após a apresentação, ocorreram visitas aos quintais de participantes para averiguar os espaços, necessidades e tipos de plantas já cultivadas. A meta é trabalhar com ao menos cinco espécies que possam ser utilizadas para produção de alimentos e de medicamentos, e que já tenham aceitação no mercado. 

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Durante a formatação, serão consideradas questões como cuidados com situações que podem prejudicar o plantio, como estiagem, geada e enchentes. Para o processo – assim como para a aquisição de mudas e adubo –, serão disponibilizados recursos assegurados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e que já estão com a Fiocruz, para organização do quintal, como irrigação, cobertura e proteção contra invasão de animais.

O programa é desenvolvido em quatro eixos: quintais produtivos, estações de processamento, comercialização e governança e gestão. Na primeira etapa, as participantes terão uma capacitação sobre plantio, tratos e processamento realizado pela Fiocruz, que finaliza um estudo de mercado para saber a quem elas farão a venda da produção. A fase do processamento deverá contar com uma estação (contêiner) que vai produzir desde a planta seca até o óleo essencial ou até produtos para a assistência farmacêutica.

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“Esse é o processo em que buscamos agregar valor às plantas medicinais que virão do quintal. O quintal produz, a estação faz o processamento e, numa parceria com a Unicafes, esses produtos serão lançados no mercado”, explica Antônio Lacerda Souto, representante do Programa Intersetorial de Bioeconomia das Plantas Medicinais e Fitoterápicos na Agricultura Familiar da Contag. 

Souto acrescenta que o programa está alicerçado em políticas nacionais. Sua construção surgiu durante a pandemia, visando a qualidade de vida das pessoas, geração de renda e contribuição no cuidado com a saúde. “O que não sabemos ainda – e precisamos dar um salto de qualidade – é como melhorar esse processamento e como chegar ao mercado. Porque com a planta, ou eu produzo alimento ou medicamento. Mas tanto para um como para outro, há uma legislação que exige qualidade.”

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A representante da Unicafes, Fátima Torres, salientou que o projeto visa valorizar uma cultura tradicional e fortalecer e estimular a produção para geração de renda. “Queremos que a produção chegue aos mais diversos cantos do Brasil. O projeto não vai inventar a roda, mas sim aperfeiçoar e organizar essa atividade milenar para que chegue aos mercados. A mulher não pode só plantar, precisa aprender a vender.” 

Alternativa para a propriedade

O espaço no mercado, tanto alimentício como farmacêutico, é o maior desafio apontado pelos idealizadores e participantes do programa. Ele é pioneiro no País e desenvolvido em 12 locais distintos. Na região, com a participação de mulheres de Gramado Xavier, Vale do Sol, Rio Pardo e Santa Cruz – e também um quintal que será desenvolvido na Efasol para estudos dos alunos – serão aliados os trabalhos já desenvolvidos com grupos de mulheres e jovens e o cultivo de culturas alternativas nas propriedades. 

“As mulheres têm toda uma questão já voltada mais à produção agroecológica, com esse cuidado das plantas medicinais e com o próprio quintal. Isso é muito da essência delas, de trabalhar esses saberes”, salientou Mariele Müller, tesoureira do STR de Vale do Sol e uma das idealizadoras do programa. 

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A secretária do STR de Santa Cruz, Salete dos Passos Faber, que junto com Mariele buscou a implantação do projeto na região, lembra que hoje o Rio Grande do Sul conta com apenas uma agroindústria familiar que trabalha na produção de plantas medicinais. “Então, quer dizer que nós temos um mercado expressivo pela frente. E aqui, a agricultura familiar é a realidade da comunidade. Podendo agregar renda nessas pequenas propriedades, é um passo importante.”

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Deise Elisa Abe, de 58 anos, cultiva plantas nativas desde o início dos anos 80. Atualmente, conta com mais de 50 espécies em um horto aromático em sua propriedade na localidade de Rio Pardense, interior de Vale do Sol.

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 “O horto aromático é o coração da nossa chácara e é ali que pulsa a essência da minha vida”, afirma. Além da produção de alimentos orgânicos, Deise mantém um cuidado com as plantas alimentícias não convencionais (Pancs). As produções ainda não geram renda para Deise, mas o projeto lhe despertou interesse pela monetização e aperfeiçoamento dos cultivos.

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Vanessa Behling

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