Santa Cruz do Sul

Programa Nós por Elas dá voz e vez a jovens mulheres

Criado em 2017, o programa Nós por Elas – A voz feminina do campo promove a capacitação de jovens, de 16 a 18 anos, com foco na área da comunicação. O intuito é de que as egressas do Programa de Aprendizagem Profissional Rural do Instituto Crescer Legal sejam multiplicadoras de reflexões e conhecimento, acerca de questões de gênero no meio rural e o papel das mulheres. 

Através da parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), no laboratório de rádio do Curso de Comunicação Social, as jovens rurais são responsáveis por elaborar programas a partir de debates e entrevistas sobre assuntos ligados à temática.  Oito edições já foram realizadas, nas quais 62 meninas de diferentes municípios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina já participaram com a produção de 31 boletins.  

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A coordenadora de Desenvolvimento de Projetos do Instituto Crescer Legal, Graziele Silveira Pinton, diz que o programa proporciona uma transformação social e de postura das participantes. “As meninas já entram com uma maturidade porque participaram de outro programa pelo Instituto mas, a partir dessas reflexões, passam a se enxergar diferente e a desenvolver um senso crítico, saindo muito mais empoderadas do programa.” Além disso, as participantes passam a entender que elas podem e devem buscar conhecimento, acessar políticas públicas e fortalecer outras mulheres.

A transformação na vida de Eduarda

Aos 18 anos, Eduarda Moraes trabalha no centro de Santa Cruz do Sul. Participar do projeto do Instituto Crescer Legal fez a moradora de Rincão Del Rey, em Rio Pardo, reaproximar-se das raízes. Mesmo que os pais não sejam produtores de tabaco, a jovem, em 2021, resolveu participar do Programa de Aprendizagem Profissional Rural. Isso foi um impulso para se inscrever na oitava edição do Nós por Elas, no ano passado.

“No começo bateu aquele nervosismo, frio na barriga. Afinal, éramos meninas, mulheres de lugares diferentes, mas com um mesmo propósito: levar a voz feminina adiante, mostrar nosso potencial, despertar outras mulheres. E conseguimos. Juntas, levamos nossas ideias até o campo e muito além dele.” 

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Além de participantes do Rio Grande do Sul, como de Novo Cabrais, São Lourenço do Sul e Rio Pardo, houve a participação de meninas de Itaiópolis, Santa Catarina. Durante a edição, foram abordados assuntos como saúde da mulher, mãe solo, empreendedorismo rural e feminismo. “Escolher os temas envolveu pesquisas com a comunidade. Um dos assuntos que mais me tocaram foi o das mães solo e também sobre como o empreendedorismo rural pode ir além da lavoura. Eu não tinha ideia de quantas mulheres seguram tudo sozinhas e como o campo tem potencial para outras formas de renda.”

Eduarda relembra que o curso foi intenso e cheio de trocas. “Aprendemos umas com as outras, com a educadora e com as vivências de cada uma. Me encantava com as atividades artísticas, com as leituras, a escrita dos roteiros, os debates.” Salienta que o programa proporcionou aprendizados transformadores para suas vidas. “A gente aprendeu que, mesmo estando no campo, temos o direito de falar, criar, pesquisar, opinar e liderar. E que existem diversas maneiras de chegar às pessoas, seja pela fala, pela arte, pela escuta, pelo exemplo.”

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Eduarda destaca que sua visão e maneira de agir mudaram. “Passei a entender melhor a importância da mulher na sociedade e como temos força. Isso me deu mais coragem para incentivar outras meninas também.” Ela conta que, sempre que tem oportunidade, sai em defesa das mulheres, pois sabe da importância do apoio para muitas que enfrentam dificuldades. “Me sinto feliz por poder ser uma voz que ajuda e inspira. Foi isso que aconteceu durante o programa. Realidades diferentes.”

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Nona edição

Em 2025, a nona edição terá a participação de dez jovens dos três estados do Sul, que estão em processo de seleção. O programa tem duração de três meses, de agosto a outubro, com encontros online, já que as participantes são de municípios distintos. O início das atividades deve ocorrer no dia 1º de agosto. 

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Os encontros acontecem no contraturno das estudantes, sendo três semanais, no formato online, e dois de atividades práticas, totalizando cinco dias da semana. No primeiro mês de atividades são desenvolvidas reflexões e estudos sobre a mulher na sociedade, hoje e no passado. As alunas também estudam os avanços históricos das questões femininas. “No meio rural, o rádio ainda é o meio de comunicação mais presente para informar e formar opinião. E os boletins são produzidos com uma linguagem acessível, com conteúdos interessantes e pertinentes”, afirma a coordenadora Graziele. 

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Nos meses de setembro e outubro elas pesquisam sobre os temas, elaboram os roteiros e, posteriormente, gravam os programas no estúdio de rádio.  São três a quatro programas nos quais abordam, em algumas ocasiões com convidadas ou mesmo participações gravadas, os temas escolhidos a partir das pesquisas e reflexões do grupo, nos encontros online. Depois de produzidos, os programas são veiculados por diversas plataformas disponibilizadas por parceiros.  

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Educadora do programa desde 2019, ​​a professora Maria da Graça Lucas Vieira adianta a expectativa pelo início de mais uma edição. “ Já participei de seis edições, então consigo perceber a diferença na forma de comunicação delas durante esse processo de reflexão, pesquisa, escrita e gravação dos roteiros de rádio.”  Maria enfatiza que, através do rádio, é possível contribuir para uma sociedade mais saudável, justa e igualitária.

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carolina.appel

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