Santa Cruz do Sul

Projeto de lei quer dar nome de Eduard Kaempf ao viaduto na interseção entre BR-471 e RSC-287

Pioneiro no atendimento médico em Santa Cruz do Sul, o visionário doutor Eduard Kaempf poderá ter o seu nome eternizado no viaduto situado na interseção entre a BR-471 e a RSC-287. A proposta é do deputado estadual Airton Artus (PDT), que apresentou o projeto de lei na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul no dia 13 de outubro.

Na justificativa do projeto, Artus citou o legado deixado por Kämpf (depois aportuguesado para Kaempf). O imigrante alemão foi responsável por fundar, em 1889, o Hospital de Cura Natural, que posteriormente atenderia sob a denominação de “Sanatório Kaempf” e “Vida Nova”.

Situado no trevo de acesso a Sinimbu, nas proximidades com a RSC-287, a instituição de saúde atendeu mais de 100 mil pessoas (incluindo estrangeiros) até 1999. Nos 109 anos em que esteve em atividade, o lugar tornou-se uma referência dentro e fora do Estado.

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Durante o período em que esteve à frente do hospital, entre 1889 e 1918, Kämpf aproveitou os recursos naturais das instalações para realizar tratamentos de hidroterapia. O médico havia se dedicado a aprender o método criado pelo padre alemão Sebastian Kneipp – fundamentado no uso de plantas medicinais e na mudança no estilo de vida para a melhora da saúde. 

A infraestrutura era constituída por lamário, casas de banho e solário. Os três faziam uso de recursos naturais, como tratamento para as mazelas que adoeciam a comunidade, sobretudo os trabalhadores rurais, acometidos pelo reumatismo e pela tuberculose, por exemplo.

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Kämpf faleceu no dia 8 de novembro de 1918, aos 59 anos. O deputado estadual Airton Artus destacou que a memória do médico naturalista segue viva, reconhecendo o seu trabalho, juntamente com o da esposa Hedwig e de seus sucessores, em prol do bem-estar da população.

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“Dificilmente vamos encontrar na região uma família que não tenha um relato acerca da passagem, pelo Sanatório Kaempf, de um familiar, amigo ou vizinho”, evidenciou no projeto.

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Em entrevista à Gazeta do Sul, Artus enalteceu a trajetória de Kämpf, desde a saída da Alemanha até a chegada em Santa Cruz. Salientou que a homenagem ao médico alemão é para todos os imigrantes que deixaram um legado nos mais diversos segmentos. “É uma história muito bonita e muito marcante, que mudou não só Santa Cruz, mas toda a região”, frisou.

O projeto segue em tramitação. Segundo Artus, a expectativa é de que seja aprovado após a votação de outras propostas urgentes de infraestrutura. A construção do viaduto, situado no quilômetro 104 da RSC-287,  iniciou-se em novembro do ano passado; ele foi inaugurado em setembro deste ano.

Reconhecimento

A proposta que dá o nome do médico naturalista Eduard Kaempf ao viaduto situado na interseção entre a BR-471 e a RSC-287 foi enaltecida pela família. Jones Alei da Silva, integrante do conselho de administração da Gazeta Grupo de Comunicações, e a esposa Gilka Kaempf, bisneta de Eduard Kaempf, agradeceram pela iniciativa do deputado Airton Artus em materializar esse reconhecimento por meio da colocação do nome do médico na obra de arte localizada junto à propriedade do Sanatório.

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Na avaliação de Alei, Eduard deve ser enaltecido como um homem visionário, cuja família teve envolvimento de destaque na comunidade, sobretudo na política. “Ele foi um homem à frente do seu tempo, introduzindo um tratamento naturalista na comunidade”, afirma.

Filho de Alei e Gilka, Eduardo Kaempf da Silva — nascido em 19 de abril de 1983, exatamente 100 anos após a chegada de Eduard ao Brasil, de quem recebeu o nome em homenagem ao tataravô — caracteriza seu antecessor como um pioneiro no tratamento da saúde. Segundo ele, o tataravô tinha uma visão privilegiada das áreas da saúde do corpo e da mente. “Desenvolveu métodos terapêuticos que beneficiaram milhares de pessoas no Estado e em diversas regiões do Brasil”, salienta.

Livro recupera a história do médico revolucionário

O legado de Carl Hermann Eduard Kämpf foi eternizado nas páginas do livro Vida Nova: a história do Sanatório Kaempf. Na obra, lançada pela Editora Gazeta, o autor, José Alberto Wenzel, demonstra a importância da atuação do médico alemão. 

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Eduard Kaempf era um naturalista

Natural de Leipzig, na Alemanha, nasceu em 16 de fevereiro de 1859. Rumou ao Brasil em 22 de março de 1883, aos 24 anos, apresentando-se como carpinteiro, mas não deu continuidade ao ofício. Assim como a maioria dos imigrantes da época, deixou a terra natal com a aspiração de esperança e prosperidade.
O imigrante desembarcou em 19 de abril daquele ano na capital carioca. Depois realizou uma incursão em Minas Gerais, mas rapidamente seguiu para o Sul, instalando-se no lote de nº 32 em Linha Saraiva, atual distrito de Santa Cruz do Sul. 

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Com o interesse de se estabelecer em área mais próxima da florescente Santa Cruz, adquiriu uma gleba de 46 hectares nas proximidades da Entrada Rio Pardinho, no norte do núcleo urbano da colônia. 
A paisagem ensolarada era enriquecida por uma vegetação exuberante, ar puro e água límpida. Foi lá que, com a esposa Mina Hedwig Selma Engel, iniciou a instalação do “Natur-Heilandstalt Santa Cruz” (“Hospital de cura Natural Santa Cruz”), mais tarde denominado “Sanatório Kaempf” e “Vida Nova”. 

O casal teve seis filhos: Catherina (1885-1967), Guilherme (1886-1963), Ricardo (1888- ), Arthur (1892-1961), Lisa (1897-1914) e Arno (1901-1976), que também deixaram a sua marca na história do município.
Com o propósito de desenvolver corpos sadios e mentes sãs, colocou em prática os métodos do padre naturalista Sebastian Kneipp. Wenzel menciona que uma das recomendações aos pacientes eram “caminhadas energizantes no gramado, de pés descalços”, tempo para conversar e para a leitura.

Conforme Wenzel, Kämpf revolucionou ao unir saúde e meio ambiente. Por isso, o escritor ressalta que o médico alemão merece ser lembrado e estudado. “Ele enxergou o que muitos de nós ainda não enxergamos, a importância vital da interação constante e regular com a natureza. Esse é o futuro do tratamento ao sofrimento das pessoas.”

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Julian Kober

É jornalista de geral e atua na profissão há dez anos. Possui bacharel em jornalismo (Unisinos) e trabalhou em grupos de comunicação de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

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