Santa Cruz do Sul

“Quem ganha com o atual sistema não quer mudá-lo”, diz Rigotto

Uma manifestação bastante aguardada pelo público presente à edição do projeto Gerir nessa terça-feira, 23, no auditório do Memorial da Unisc, foi a do ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto, atual presidente do Instituto Reformar de Estudos Políticos e Tributários. Ele iniciou a explanação recordando a tramitação de uma Reforma Tributária ocorrida no início deste século, ainda no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, que chegou a ser aprovada pela comissão, mas foi vetada pela equipe econômica. “Nós teríamos um sistema tributário eficiente, racional e justo, mas infelizmente perdemos esses anos todos”, enfatizou.

Na avaliação de Rigotto, a possibilidade de o Executivo alterar o sistema tributário por meio de decretos, portarias, leis ordinárias e complementares e projetos de emenda à Constituição é o motivo do conservadorismo das áreas econômicas dos governos e a principal razão que impede o avanço do Brasil nesse sentido. Além disso, comentou a necessidade de uma boa comunicação e do combate às fake news, mas alertou que alguns setores terão de pagar mais impostos, enquanto outros vão ser favorecidos. “Fazer um texto que só favorece a indústria, mas prejudica o agro e o setor de serviços, não vai passar no Congresso”, advertiu.

LEIA MAIS: Gerir: a indústria no centro das atenções

Publicidade

O ex-governador entende que as áreas de Educação, Saúde e produção de alimentos devem ter alíquota diferenciada, mas pede mais tempo para que esse debate seja realizado. “Acredito nessa possibilidade, mesmo com as resistências localizadas, e muitas delas mal-intencionadas”, observou Rigotto. “Tem gente que ganha muito com o atual sistema tributário e não quer mudá-lo. Então, acham defeitos nas propostas para manter as suas vantagens.” Condenou ainda as diversas legislações existentes e a consequente possibilidade de brechas e judicializações que elas trazem.

“A partir de uma vírgula mal colocada em uma legislação dessas, busca-se o Judiciário e não se paga tributo. Quem não pode fazer isso paga pelos que não pagam”, considerou. Dessa maneira, afirmou que o atual sistema facilita a elisão fiscal (estratégia utilizada pelas empresas para, legalmente, não pagar ou pagar menos impostos), a sonegação e a informalidade. Mesmo com todos esses empecilhos, Rigotto se diz otimista quanto ao avanço dessa questão nos próximos anos.

LEIA MAIS: VÍDEO: abertura da 2ª Semana da Indústria debate desafios da reindustrialização

Publicidade

Por fim, Germano Rigotto enfatizou a questão da retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que, segundo ele, precisa alcançar e manter uma média de pelo menos 4% para manter a competitividade com outros países, como Índia e China. “O que trava o nosso avanço é o custo Brasil, e ele não está só na carga tributária, mas também nas rodovias, nas ferrovias, nos portos e nos aeroportos sem as condições ideais para facilitar o transporte de tudo aquilo que se produz”, mencionou. Um dos caminhos apontados pelo especialista é a retomada das parcerias público-privadas, das novas concessões e do respeito aos contratos assinados.

LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO PORTAL GAZ

Publicidade

Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

Share
Published by
Guilherme Andriolo

This website uses cookies.