Agronegócio

“Saio daqui muito otimista com os resultados”, diz diretor do Sinditabaco Bahia ao avaliar a COP-11

Com informações de Romar Beling/enviado especial

Durante a COP11, em Genebra, o diretor executivo do Sindicato da Indústria do Tabaco na Bahia (SindiTabaco Bahia), Marcos Augusto de Souza, acompanhou as discussões do tratado ao longo da semana e avaliou com otimismo o resultado para o setor produtivo. Ele lembrou que chegou à Suíça com diversas preocupações, mas que encerrou a agenda com confiança. “A gente chegou aqui em Genebra com preocupações diversas e saio daqui muito otimista com os resultados da COP”, afirmou. Segundo ele, a postura da comitiva brasileira “impulsiona que o governo tome uma posição positiva para a lavoura, sobretudo da área que eu represento, do Nordeste da Bahia”.

Para o diretor, a sinalização de que não haverá redução nas áreas de plantio representa um alívio imediato. Ele reforçou que essa manutenção “é um ganho muito importante para o produtor” e lembrou que cerca de 5 mil famílias dependem diretamente da cultura. Também citou que há municípios em que 97% da renda vem do tabaco, situação que, segundo avalia, vinha sendo desconsiderada. Souza afirmou ainda que a diversificação já faz parte da realidade rural baiana e acrescentou: “Desde 1500 a lavoura do Brasil já é diversificada. Eu desafio o governo a me apresentar uma propriedade da Bahia que não seja diversificada”. Para ele, essa estrutura garante renda e reduz a apreensão que “todos os anos de COP tem”.

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Produção e liderança na exportação

Souza detalhou o peso da produção baiana no continente, afirmando que o estado é líder sul-americano na exportação de folhas destinadas a charutos. Ele contou que a cultura está presente em 23 municípios do Recôncavo Baiano e explicou que a produção atual gira em torno de 14 milhões de unidades. “No passado, fabricamos 50 milhões de unidades de charutos”, lembrou. Também destacou a diferença no modo de trabalho, que é mais artesanal. “O nosso papel lá é colher folha a folha para fermentação do tabaco”, disse, observando que esse modelo faz com que a relação entre área cultivada e número de funcionários seja maior no estado.

O impacto social também foi ressaltado. Souza afirmou que 5 mil famílias trabalham diretamente no plantio e que a indústria bateu recorde nesta safra, com 6.500 trabalhadores. O polo da cadeia produtiva é Cruz das Almas, onde estão as principais beneficiadoras e a sede do sindicato. “Agora em abril, o sindicato vai fazer 82 anos de existência em defesa da cadeia produtiva na Bahia”, destacou.

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Rentabilidade e alternativas

Segundo Souza, o tabaco segue sendo a cultura mais vantajosa para pequenas propriedades. Ele afirmou que o agricultor baiano toma suas decisões baseado na viabilidade econômica. “O agricultor sabe fazer conta. Não é o governo que vai ensinar o que o agricultor vai plantar”, disse. Ele explicou que a média é de 0,7 hectare por produtor, mas que mesmo assim o cultivo continua sendo “a única cultura que, com uma quantidade menor de hectares, dá uma rentabilidade que nenhuma outra cultura dá”.

O diretor criticou tentativas de diversificação consideradas inviáveis. Como exemplo, mencionou o incentivo ao rambutan oferecido há uma década, afirmando que se trata de “uma fruta que só dá em região fria” e que a iniciativa resultou em desperdício de recursos públicos. “Jogou fora R$ 4,3 milhões de dinheiro público porque quis trazer uma alternativa inviável para o agricultor”, argumentou.

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Preocupações com medidas regulatórias

Nas discussões da COP11, Souza relatou preocupação específica envolvendo possíveis proibições relacionadas ao uso de plástico e filtros. Ele disse que o grupo técnico da Anvisa, o GGTAB, havia informado que o tema não estaria em debate. Essa sinalização, segundo relatou, tranquilizaria o setor, já que embalagens de charutos utilizam celofane e plástico, além das piteiras de cigarrilhas. Entretanto, ao longo dos debates, a questão surgiu. “Aquilo que nos disseram que não estaria em pauta esteve em pauta”, afirmou.

Com o tema avançando no fórum internacional, Souza disse que o setor pretende retomar o diálogo com a agência reguladora ao retornar ao Brasil. “Vamos conversar novamente com a Anvisa e dizer: olha, aquilo que você nos disse que não estaria em pauta esteve em pauta”, concluiu.

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Karoline Rosa

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Karoline Rosa

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