Tratoraço em Candelária alerta para as dificuldades do agro

As manifestações dos produtores pedindo a renegociação das dívidas agrícolas tiveram mais um capítulo nessa quarta-feira, 4. Desta vez, o ato ocorreu em Candelária à tarde. Os participantes estavam concentrados no quilômetro 138 da RSC-287 e partiram em tratoraço pelas ruas centrais, com o objetivo de chamar a atenção da comunidade.

A fila de tratores e implementos agrícolas ocupou um longo trecho da Avenida Pereira Rego, a principal da cidade. Depois de passarem pela área central, os manifestantes retornaram ao ponto de partida, às margens da rodovia.

Entre os que aderiram ao movimento estava Rafael Lopes de Vargas, morador da localidade de Pinheiro, que desde a última sexta-feira se juntou ao grupo. Ele frisa que os produtores rurais buscam alternativas, como o prolongamento dos prazos para pagamentos das dívidas.

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“Estamos pressionando o governo Federal porque precisamos muito da securitização”, salientou. Além disso, diz que a categoria espera pelo apoio da comunidade. “Hoje 48% do Produto Interno Bruto (PIB) de Candelária vem da agricultura, e pedimos que o comércio e outros segmentos nos apoiem. Pelo que estamos vendo, o cenário para o futuro é bem preocupante.”

Djalmo Dunke, um dos líderes do movimento em Candelária, avaliou o protesto de modo positivo. “Realizamos um ato pacífico dentro da cidade e procuramos chamar a atenção e mostrar à sociedade o que está acontecendo com o setor agrícola”, frisou. Segundo ele, os agricultores querem apenas que o governo prorrogue o prazo de suas dívidas rurais após a maioria ser atingida por eventos climáticos nos últimos cinco anos.

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“Estamos mostrando a realidade que estamos vivendo no campo e vai refletir na cidade. Precisamos de ajuda para conseguir manter a atividade rural no futuro”, salientou. Ele confirmou que a manifestação continuará no quilômetro 138 da RSC-287 por tempo indeterminado. “O protesto em Candelária começou no dia 30 e não vamos arredar o pé. Iremos permanecer até vir algo que seja bom para todos os agricultores”, finalizou.

Desafios

O protesto em Candelária contou com a presença de vereadores e líderes locais. O secretário municipal de Agricultura, Celso Gehres, afirmou que vem acompanhando o movimento dos agricultores e observa que as dificuldades para quem vive no campo aumentam a cada dia.

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“São vários anos de seca com colheitas frustradas e preços baixos para comercialização que não estão pagando os custos da lavoura. O agricultor não quer perdão de dívida, e sim condições e maior prazo para pagar os seus débitos”, disse o secretário. Ele destacou as dificuldades para obter o seguro agrícola. “Está cada vez mais caro, complicado e exigente. No formato que está hoje, o produtor paga o banco e não possui crédito suficiente para ter sequência em sua atividade rural.”

Ele ressaltou que o poder público precisa fazer o possível para ajudar o agronegócio. “O socorro vem do poder público. Como Executivo, também passamos por dificuldades devido à enchente e estamos trabalhando para buscar recursos e ajudar os agricultores dentro do que está ao nosso alcance”, afirmou Gehres.

O produtor rural e vice-presidente do Sindicato Rural de Candelária, Carlos Schmachtenberg, tem participado do movimento. Ele também aponta os problemas com desastres naturais e a queda dos preços para comercialização como fatores que vêm agravando a crise do setor. “A soja e o arroz estão com preços baixos. Isso complica a vida dos produtores, que mal conseguem pagar os custos e não possuem receita para sobreviver. O governo precisa pensar em alternativas além da securitização que auxiliem os produtores para mantê-los produzindo no campo.”

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