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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

A avó santa-cruzense de Suzane von Richthofen

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por Ricardo Düren e Romar Beling

Era manhã de 1º de março de 1996 quando Claudio Júlio Tognolli, então repórter do extinto Jornal da Tarde, de São Paulo, apertou a campainha da casa de Manfred Albert von Richthofen. A recepção, contudo, não foi exatamente como o jornalista esperava. Embora tivesse aceitado a entrevista, rendido pela insistência de Tognolli, Manfred – um tipo sisudo e desconfiado – ainda não estava convencido de que aquele era, de fato, um repórter. Ordenou então que Tognolli e o fotógrafo José Diório jogassem suas credenciais por debaixo do portão e passou quase um minuto analisando a veracidade dos crachás, até finalmente franquear à dupla o acesso a sua casa – segundo algumas fontes, mantendo uma pistola Mauser na cintura.

Alemão naturalizado brasileiro, Manfred era engenheiro da empresa de Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) e orgulhava-se de ser um dos projetistas do Rodoanel de São Paulo. Mas o tema da entrevista não tinha nada a ver com obras de engenharia. Para fazer suas reportagens, Tognolli tinha mania de folhear, em listas telefônicas, nomes e sobrenomes homônimos a heróis de histórias em quadrinhos – já havia, inclusive, encontrado a família Batmann em São Paulo. Por conta disso, um amigo sugeriu-lhe entrevistar um certo Von Richthofen, um dos últimos descendentes do lendário Barão Vermelho, piloto alemão que derrubou 80 aviões inimigos durante a Primeira Guerra Mundial. Ao longo de quase todo o mês de fevereiro de 1996, o repórter telefonou para Manfred duas vezes por semana, até convencer o engenheiro a recebê-lo para conversar sobre o antepassado aviador.

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O casal Von Richthofen foi sepultado em jazigo simples, onde já haviam sido enterrados os avós dele, Ernst e Margot Matheis, no Cemitério do Redentor, em São Paulo. Posteriormente, Margot Gude Hahmann foi sepultada no mesmo local | Foto: Livro Suzane – Assassina e manipuladora (Matrix, 2020)/Divulgação/GS

Não parou por aí. Afirmou ainda que seu próprio pai fora, também, piloto a serviço da Alemanha e comandante de um grupo de bombardeiros batizado por Hitler de “Esquadrão Richthofen”. Curiosamente, não revelou o nome do pai. E não fez nenhuma alusão, durante a entrevista, a sua mãe, Margot Gude Hahmann – de casa, Matheis – uma santa-cruzense que, à época, somava 72 anos de idade.

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Contudo, ao final da década de 1930 aceitou uma proposta de trabalho em São Paulo, para onde se transferiu com a esposa e as duas filhas nascidas em Santa Cruz, Margot Gude e Edeltraut. Acabou encontrando a morte ao volante de um automóvel, acompanhado da esposa, em um acidente ocorrido em 1953 na estrada de Santos. Contudo, a perda mais chocante de Margot Gude aconteceria seis anos depois da estranha entrevista concedida pelo filho, fruto de seu segundo casamento, ao Jornal da Tarde. Em 31 de outubro de 2002, o próprio Manfred morreria de forma brutal junto com a esposa, Marísia – ambos assassinados a pauladas por uma dupla que ficaria conhecida, no noticiário nacional, como os irmãos Cravinhos. O resultado das investigações chocou ainda mais o País: a mandante do crime fora Suzane, a filha das vítimas.

Agora, passados 19 anos desde o duplo homicídio, o tema voltou à baila por conta do lançamento de dois filmes sobre o caso. E, na esteira disso, a Gazeta do Sul revela com exclusividade detalhes da vida de Margot Gude, a avó santa-cruzense de Suzane von Richthofen.

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