Santa Cruz do Sul

Colégio Mauá traz debate sobre inteligência artificial no ensino

O Colégio Mauá promoveu na manhã dessa quinta-feira, 14, o Seminário de Professores e Monitores 2025. O evento marca o início da preparação para o ano letivo e teve uma programação voltada à formação continuada dos educadores, com palestras, debates e oficinas sobre inovação na educação. Neste ano, o destaque foi a palestra O impacto da inteligência na educação, ministrada por Juliano Kimura, especialista em marketing digital e educação.

Depois da palestra, Kimura atendeu a imprensa e detalhou os principais pontos abordados. Segundo ele, a inteligência artificial (IA) pode ser implantada nas escolas em todas as áreas, desde as salas de aula até a direção e setores administrativos, em diferentes camadas. Um dos exemplos citados é a gravação das aulas em áudio e vídeo. Com o auxílio de poucos equipamentos e apenas duas ferramentas de IA, é possível resumir a aula, selecionar os pontos mais importantes e disponibilizá-los na internet em vários vídeos curtos, de maneira que os alunos possam assistir novamente e consultar dúvidas específicas sem dificuldade.

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Kimura entende que as possibilidades de uso da IA são infinitas e novidades surgem a cada dia, seja com novas aplicações ou aprimoramento das existentes. A barreira, afirma, é muito mais processual e cultural do que tecnológica. O grande desafio vislumbrado por ele é a formação e atualização constante dos professores para que possam superar o ritmo dos estudantes. “O aluno vai procurar e descobrir tudo o que pode fazer. Se o professor não acompanhar, vai ficar para trás.”

Diante disso, prevê um possível colapso não somente na educação, mas na confiança, haja vista que a IA é capaz de escrever textos completos e até mesmo elaborar trabalhos escolares. Segundo o profissional, já existem maneiras de fazer essa checagem, mas o procedimento ainda é insuficiente. A análise humana, por outro lado, em muitos casos é inviável. “Eu entendo que problema de tecnologia se resolve com tecnologia. Isso porque ela é exponencial, e o ser humano é aritmético.”

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Isto é, se a tecnologia depender da validação de um ser humano, ela ficará limitada e nivelada por baixo. A respeito das constantes discussões e polêmicas sobre os limites da IA, Kimura defende a liberdade do avanço das ferramentas e a punição aos usuários que usem para fins incorretos.

“Se alguém pegar uma faca e matar outra pessoa, ninguém vai processar a empresa que fabricou ou vai proibir a venda de facas”, citou em uma analogia. “Não podemos vilanizar a tecnologia, ela continuará evoluindo quer a gente queira ou não, temos que pensar o que faremos com isso. O primeiro passo é conhecer, acessar, testar.”

Nova revolução digital

Juliano Kimura considera que a chegada e consolidação da inteligência artificial desencadeou uma nova revolução digital, comparável à chegada dos computadores e da internet. No início dos anos 2000, com o lançamento da Wikipedia e outros sites onde era possível buscar ampla variedade de conteúdos, os questionamentos eram semelhantes. “É exatamente o mesmo que está acontecendo agora, sem tirar nem pôr. A diferença é que estamos vivendo um segundo estágio da internet, chamado de Web2”, enfatiza.

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Ao comentar a implantação das ferramentas nas escolas e universidades, afirma que se trata mais da capacitação dos profissionais do que da vontade das instituições. Considera que o avanço da IA será avassalador, de modo a exigir a atualização de profissionais das mais variadas áreas, assim como ocorreu na passagem das máquinas de escrever para os computadores. O efeito colateral, contudo, será o aumento da desigualdade tecnológica entre as classes sociais.

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Kimura trouxe um ponto muito discutido nas revoluções tecnológicas que já aconteceram, que é a preocupação de a tecnologia substituir o homem. “São as pessoas que fazem trabalho braçal que a tecnologia tem que substituir, ela precisa trabalhar para a gente, para que tenhamos mais tempo para sermos seres humanos, esse é o objetivo”, conclui.

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O Seminário de Professores e Monitores segue com a sua programação nesta sexta-feira, 14, com atividades voltadas ao desenvolvimento pedagógico e à troca de experiências entre os educadores.

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Iuri Fardin

Iuri Fardin é jornalista da editoria Geral da Gazeta do Sul e participa três vezes por semana do programa Deixa que eu chuto, da Rádio Gazeta FM 107,9. Pontualmente, também colabora nas publicações da Editora Gazeta.

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