Francisco Teloeken

Francisco Teloeken: “A importância da educação financeira”

De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em junho passado, o número de famílias endividadas, no Brasil, subiu para 78,4%. O levantamento considera dívidas de prestações a pagar no cartão de crédito, financiamentos, empréstimos, cheque especial, carnês de lojas, boletos e outras contas em atraso. Dessas famílias, por volta de 30% estariam inadimplentes, quer dizer, não conseguem mais pagar as contas com seus atuais ganhos. Recente pesquisa do Serasa apurou que 77 milhões de brasileiros estão negativados, com o nome sujo, impedidos de comprar a crédito e obter empréstimos.  

É claro que sempre teremos dívidas, de algumas nem nos damos conta. É o caso, por exemplo, da energia elétrica, do condomínio, da água, da escola etc que vão se acumulando durante um período, geralmente de 30 dias, para serem pagas nos respectivos vencimentos. Outras são, muitas vezes, imprescindíveis para adquirir bens de maior valor, como um imóvel ou até um eletrodoméstico. Pagas nos vencimentos, sem multas e juros, está tudo certo. Tem, também, aquelas dívidas realizadas para enfrentar um imprevisto, como o conserto de algum eletrodoméstico, da casa, do apartamento e até com alguma doença.

Mas, existem, ainda, dívidas decorrentes de compras por impulso que, geralmente, não agregam valor e que, na maioria das vezes, mais comprometem as finanças pessoais e familiares. Thiago Godoy, fundador da empresa Papai Financeiro e especialista em psicologia do dinheiro, diz que “Por trás de muitas dívidas, não há apenas falta de educação financeira: há ansiedade, compulsão e traumas emocionais que moldam, silenciosamente, a forma como lidamos com o dinheiro.”

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A maioria das pessoas ou das famílias não cai na inadimplência apenas com uma compra de valor alto. O processo do endividamento geralmente começa com valores menores que, isoladamente, parecem inofensivos e para os quais não se dá muita importância. Mas, somados no fim do mês, podem atingir um valor significativo. Como as dívidas não param de aumentar, a solução é fazer novas dívidas para pagar as anteriores.

Nos últimos 25 anos, finanças pessoais e, mais recentemente, educação financeira passaram a ser assunto em sites da internet, programas de rádio e televisão, artigos de jornais e revistas, além de palestras, workshops e cursos. Em muitas escolas, o tema integra a grade curricular. Mas, mesmo com todas as orientações, divulgadas por diversos meios, e, principalmente, as próprias pessoas saberem que não se pode gastar mais do que se ganha ou se pode pagar, parece que ainda falta alguma coisa: a transformação financeira que só acontece quando se consegue mudar o comportamento.

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Essa mudança faz parte de um processo de educação ou reeducação, em que as pessoas se tornam mais conscientes em relação à forma como lidam com o dinheiro e o que precisa ser transformado. Muitas pessoas ainda confundem finanças pessoais com educação financeira. Enquanto finanças pessoais se restringe a algumas técnicas importantes e necessárias – saber fazer alguns cálculos, elaborar e seguir um orçamento, pesquisar preços, preencher planilhas ou um app, conhecer produtos financeiros etc a educação financeira vai além: usa as ferramentas das finanças pessoais, mas, por ser uma ciência humana, trabalha a mudança do comportamento e de hábitos das pessoas e de suas famílias para torná-las sustentáveis financeiramente.

A metodologia da DSOP Educação Financeira, cientificamente comprovada, insiste na mudança de modelo mental e prevê o equilíbrio entre o ser, o fazer, o ter e o manter. Esse equilíbrio só é possível se houver uma verdadeira reflexão e decisão sobre prioridades e realizações. Abrir mão de certos desejos e impulsos momentâneos sempre vai valer a pena se atingido o objetivo final. Quando se entende que uma pessoa feliz não é aquela que tem tudo o que deseja, mas tudo que planejou ter, como, por exemplo, a casa própria, fica mais fácil identificar o que precisa ser feito.

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A educação financeira também se aprende ou seria aquele tipo de conhecimento ou habilidade que alguns tem, outros não? O professor Emerson Cruz, mestre em ciências pela Universidade de São Paulo (USP), diz que todos tem condições de aprender a gerenciar tecnicamente as finanças, alertando, entretanto, que não é uma questão puramente matemática, pois também há um importante fator psicológico envolvido. O professor cita o exemplo da pessoa que sabe que está com saldo devedor, mas teme conferir o extrato bancário. Há estudos que mostram os ganhos com a educação financeira na vida das pessoas.

Crianças e jovens brasileiros já estão aprendendo educação financeira em milhares de escolas públicas e privadas que se anteciparam ou atenderam a determinação, desde 2020, do Ministério da Educação que incluiu a Educação Financeira na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como tema transversal que precisa ser abordado nas instituições de ensino.

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E quem já passou dessa fase da vida para dar conta de suas necessidades e compromissos financeiros? Muitas empresas, inclusive pequenas, promovem palestras de sensibilização e conscientização, workshops e cursos voltados à educação financeira, muitas vezes extensivos às famílias dos colaboradores. O conceito de responsabilidade socioambiental está ligado a um processo de ganha-ganha: de um lado, o funcionário passa a ter uma melhor qualidade de vida, sem preocupações com as dívidas; de outro, seu desempenho no trabalho melhora e, consequentemente, a empresa passa a ganhar ou, pelo menos, a não perder produtividade.

Já quem trabalha em empresa que não oferece essa possibilidade, é aposentado, desempregado, autônomo etc e tem dificuldades na área financeira deve procurar dicas de artigos de jornais ou revistas, de sites da internet, de livros, palestras, cursos, workshops etc São fontes importantes e podem, pelo menos, despertar o interesse e ações para lidar melhor com o dinheiro. Uma das sugestões é o canal Dinheiro à vista, do Youtube, com o PhD Reinaldo Domingos.

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Outra, é o Dflix, o primeiro streaming de Educação Financeira do mundo, onde se pode assistir séries completas, sempre com base na Educação do Comportamento Financeiro. Em alguns casos, é preciso buscar ajuda de especialistas, como se faz em qualquer área de nossa vida, seja na saúde, na manutenção da casa ou no conserto do carro.

É preciso desmistificar que a educação financeira é algo apenas para grandes investidores, para quem ganha ou tem muito dinheiro. Pelo contrário, a educação financeira está se tornando, mais do que nunca, um conhecimento essencial para que as pessoas e famílias possam lidar melhor com seu dinheiro. É importante fazer com que a educação, no caso a financeira, seja difundida no Brasil para que cada vez mais pessoas possam adquirir e formar consciência sobre ela. Assim, cria-se uma sociedade mais saudável e próspera. A educação financeira do presente tornará o Brasil um país melhor no futuro.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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