A grana acabou. Pode ser antes do fim do mês ou, em pior situação, no início, logo depois do recebimento do salário ou de outra receita, com o pagamento de algumas contas, deixando outras penduradas. Isso se reflete nos dados mais recentes da Serasa Experian que mostram que, em abril deste ano, havia 76,6 milhões de consumidores inadimplentes, isto é, estavam com contas vencidas. O número equivale a 47,1% da população adulta brasileira.
Essa é uma realidade difícil para milhões de brasileiros. Convivendo com baixos salários, custo de vida elevado, juros altos e tentações constantes de consumo, organizar a vida financeira se torna uma necessidade inadiável. Claro, a realidade de quem vive com um salário mínimo, ou com renda sempre no limite, é uma verdadeira luta de sobrevivência. Essas pessoas são forçadas a tomar decisões difíceis todos os dias: priorizar contas, renegociar dívidas, cortar despesas essenciais. Mesmo assim, o segredo está em entender os hábitos, planejar melhor e executar com disciplina.
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Para entender os hábitos financeiros, a DSOP Educação Financeira sugere diagnosticar a situação financeira. Durante 30 ou 60 dias, anotar, numa simples folha de papel ou preencher uma planilha de computador ou aplicativo, todas as receitas e despesas, desde pequenos gastos até as prestações do imóvel ou do carro, sem qualquer julgamento. Ao mesmo tempo, levantar as dívidas vincendas e já vencidas, levando em conta os encargos que cada uma carrega (juros mais altos, multas), prazos de vencimento, possibilidade de ter que entregar o bem ou até corte de serviços, como da energia elétrica.
Lembrar dos gastos anuais previstos para os primeiros meses do novo ano, como IPVA, IPTU, material escolar etc Com este levantamento, já é possível ter uma ideia da situação financeira pessoal ou familiar, como também eliminar furos invisíveis, fazendo ajustes necessários com a redução, substituição ou eliminação de gastos.
Com base nos números apurados no diagnóstico financeiro que, possivelmente confirmam uma situação complicada, é preciso aceitar que existe um problema. É fundamental olhar para essa situação não como uma vítima, mas como alguém que tomou decisões equivocadas ou foi levado pelas circunstâncias e que agora precisa organizar as finanças e escolher um melhor caminho. Se for o caso, buscar um profissional capaz de ajudá-lo nessa empreitada.
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Confiar na capacidade pessoal é importante, mas gastar dinheiro envolve emoção. Muitas compras são feitas por impulso, carência, frustração, simples birra e outros motivos. Não dá para ter bons resultados confiando apenas na contabilidade mental e no bom senso. É recomendável manter planilha, controle financeiro online ou qualquer forma de controle efetivo para servir de guia para as decisões financeiras.
Outro ponto importante é falar sobre as questões financeiras, em casa.
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A começar com o parceiro, devendo incluir as demais pessoas que convivem sob o mesmo teto (crianças, também, desde que já estejam em idade para entender do que se trata). Mesmo estando claro para os envolvidos, ainda mais se existirem dívidas vencidas, por tratar-se de um assunto espinhoso, as pessoas acabam não tocando no assunto de forma tranquila e objetiva sobre o problema, limitando-se a apontar o dedo entre si pela culpa ou responsabilidade da situação. A sugestão é criar momentos específicos para falar do orçamento e da realidade financeira familiar, procurando superar eventuais barreiras que costumam existir sobre o assunto.
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A organização financeira só ganha sentido com metas, familiares e pessoais também. Sair das dívidas? Juntar um valor correspondente a seis meses de gastos da família para imprevistos? Comprar o primeiro carro ou trocar por outro? Viajar? Enfim, podem ser tantas, que precisam ser especificadas, prevendo o valor de cada uma, o prazo de realização, de onde virá o dinheiro para custeá-las.
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É o momento, então, de preparar um orçamento financeiro. Com base no levantamento de 30 ou 60 dias de gastos, tendo efetuado os necessários ajustes, com redução, substituição ou eliminação de itens, planejar e elaborar o orçamento familiar. Não mais no tradicional jeito de tomar o valor dos ganhos e deduzir os gastos: se sobrar, faz alguma coisa com o dinheiro; se faltar, recorre a algum crédito para cobrir o buraco. A sugestão é adotar a inovadora fórmula da DSOP Educação Financeira que prevê:
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Ganhos:
(-) aposentadoria – valor do investimento para longevidade (em previdência privada, por exemplo);
(-) sonhos ou metas e objetivos (valores para a compra de algum bem, viagem, curso etc);
(-) prestações (dívidas de prestações de carro, financiamento de imóvel, condomínio etc);
(-) reserva estratégica (valor de 3 a 6 vezes dos gastos mensais para imprevistos ou oportunidades);
(=) gastos: valor previsto para as demais despesas (alimentação, transporte, conta de energia, água, supermercado etc); este é o valor do padrão de vida pessoal ou familiar.
A tecnologia pode ajudar nessa tarefa. O uso de aplicativos, por mais simples que sejam, permite automatizar os registros e movimentações financeiras, tirando o trabalho de ter que anotar tudo em planilhas ou cadernos. Existem muitos no mercado, alguns gratuitos e outros, mais sofisticados, pelos quais o usuário paga um valor.
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Por fim, organizar a vida financeira não é um modismo, é uma necessidade. Não importa se a pessoa ganha muito ou pouco: deve começar de onde está. Ir além de um simples desejo ou pensamento passageiros: é ter a intenção consciente que é a força que impulsiona nossas ações, decisões e nossas conquistas. Com disciplina, metas ou objetivos claros e ferramentas que atendam às necessidades, é possível transformar a atual realidade e buscar a autonomia, liberdade e bem-estar.