Dois relacionamentos malogrados levaram Marvin, protagonista de meia-idade de Peixe estranho, novo romance do escritor Leonardo Brasiliense, que acaba de ser lançado pela Companhia das Letras, a radicalizar. Frustrado, confuso e cansado de não ter conseguido levar a bom termo as histórias com as mulheres anteriores de sua vida, traz para casa uma nova companheira. E ela chega entregue por transportadora: é uma boneca de silicone.
Se o mote parece inusitado, apoia-se em um comportamento para o qual sinalizam as facilidades de comércio contemporâneo pela internet: há os que, em diferentes países, adquiram pela internet uma companhia de silicone para as horas de solidão. O viés pitoresco poderia render um romance carregado de humor ou de nonsense, com a verossimilhança que a ficção viabiliza. Mas Brasiliense surpreende ao dar a Peixe estranho uma carga emocional inesperada.
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No convívio com a nova companheira, Marvin compartilha com ela (e com o leitor) informações sobre suas relações anteriores com mulheres. Claro que o leitor só tem acesso ao ponto de vista do próprio narrador, na linha do que Bentinho diz sobre Capitu em Dom Casmurro, de Machado de Assis.
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Novela que se lê de um fôlego só, Peixe estranho reafirma o virtuosismo de Brasiliense na arte literária, posicionando-o em destaque entre os grandes autores contemporâneos da literatura brasileira.
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Um colecionador de prêmios que tem fortes ligações com Santa Cruz do Sul
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Quando se fixou em Santa Cruz, já trazia na bagagem um Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira, pelo seu livro de minicontos Adeus contos de fadas, de 2006. E em sua temporada na cidade acrescentaria mais um Jabuti à estante, por Três dúvidas, de 2010. Esse livro com três novelas, a exemplo de Peixe estranho, saiu pela Companhia das Letras, sendo a sua estreia por esse selo. E pela mesma editora ainda publicou Roupas sujas, romance de 2017.
A ligação de Leonardo com Santa Cruz se traduziu no convite para ser o patrono da 32a Feira do Livro da cidade, em 2019, a última edição presencial do evento, do qual já havia sido escritor homenageado na edição de 2010, quando o baiano João Ubaldo Ribeiro foi o patrono. No mesmo ano em que foi destaque na feira de Santa Cruz, lançou o volume de contos Eu vou matar Maximilian Sheldon. Agora, chega ao seu 13o título publicado.
Ficha
Peixe estranho, de Leonardo Brasiliense. São Paulo: Companhia das Letras, 2022. 117 páginas R$ 69,90
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