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O canto no centro

O canto coral, de tanta tradição em nosso meio como expressão cultural dos antepassados que vieram da Europa, volta a ter maior evidência, tanto em âmbito nacional como em nossa aldeia. No País, recebe espaço recente na televisão, o que é bem raro, com o programa “Caldeirão de vozes”, do apresentador Mion, aos sábados à tarde, na Globo. Em nossa cidade, o 1º Festival de Canto Coral, realizado semana passada, com incentivo do Ministério da Cultura, apoiadores locais e liderança do jovem e dinâmico Gustavo Sehnem, regente dos Corais da Afubra e de Vale do Sol, renova essa bela manifestação da nossa cultura.

Essa modalidade de canto e música, desenvolvida em grupo, uma forma de organização bem presente em nossos imigrantes alemães e de outras etnias, tinha ficado um tanto relegada, já há bom tempo, a um “canto” do plano cultural, numa outra acepção da palavra. Mas, com iniciativas como as referidas, volta novamente ao centro das atenções. Não há dúvida de que a abertura de um programa televisivo de larga abrangência, diante das naturais dificuldades de se colocar um grande grupo nesse tipo de palco, pode ter uma repercussão muito positiva para essa arte.

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O prêmio anunciado é de R$ 100 mil ao vencedor (bom valor), mas no intervalo se divulga a destinação de R$ 1 milhão para o ganhador de combate no ringue, mostrando discrepância ainda existente no tratamento dado aos espetáculos oferecidos à população, por certo embasados em pesquisas de maior atração do público. De qualquer forma, deve ser saudada a disposição de dar oportunidade aos encantos do canto coral. Inclusive, torna-se interessante observar a emoção que toma conta de organizadores, jurados e espectadores presentes, e até certa surpresa em muitos que não conhecem toda a beleza dessa expressão artística.

Assim, também é extremamente salutar e auspicioso o empenho local de reimpulso e aperfeiçoamento de quem se dedica a essa atividade e, de modo especial, a formação de novos cantores e regentes, além de já se visar a continuidade dessa programação no calendário regional de eventos. O primeiro passo, apesar dos contratempos do tempo na semana, mostrou-se promissor nesse sentido, com trabalhos técnicos (oficinas) para os inscritos e apresentações de grupos. 

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A primeira ocorreu na nossa icônica Catedral, no dia de Corpus Christi, com título “An Gott singen” (Cantando para Deus), o mesmo do primeiro CD do nosso Coral da Afubra, que completa 30 anos em 2025, junto com os 70 anos da nossa reconhecida entidade. Retratou a razão maior ao surgirem esses grupos, de animar celebrações religiosas, mas que logo se ampliou a outros tipos de músicas, como mostram diferentes gravações (CD, DVD, audiovisuais) desse coro, junto com um só masculino, criado também há 15 anos, na associação, reproduzindo organização usual nos primeiros tempos dos corais, e que persistem na região, como o quase centenário Cruzeiro do Sul, de Boa Vista. 

Outro encontro de corais do evento, na nossa Unisc, que também tem o seu, homenageou figura de destaque dessa arte na região, o regente e arranjador Carmo Gregory, que nos deixou há poucos dias, com a presença marcante de excelente grupo infantojuvenil, de Tapera (RS), oportuna pela referência que faz ao inesquecível grupo Canarinhos do São Luís, conduzido pelo homenageado. E ainda se trouxe excelente grupo vocal do Rio de Janeiro (Ordinarius), para enriquecer o relevante momento cultural.

Como lembra o apresentador Mion, o canto coral é uma das formas de comunicação mais poderosas que existe desde que as pessoas passaram a viver em grupo. Então, quando a ela se dá vez e voz, gratifica saber que os melhores valores ainda recebem atenção e ganham força, para, quem sabe, sobrepujar tantas manifestações nada positivas que proliferam e, assim, ainda manter fé na humanidade.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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