Passamos por mais uma Semana do Meio Ambiente. Uns para ela ligando, outros – e muitos ainda – nem se importando, ou não ligando muito à sua relação com o meio em que vivem. É certo que recentes catástrofes climáticas levaram mais pessoas a atentarem de que algo mais está acontecendo ao nosso redor e precisamos ficar mais alertas. Mas outros ainda não estão fazendo tanto caso, ou esqueceram o que ocorreu nos primeiros sinais de vida mais normal.
Na verdade, embora já se veja muitos projetos e ações acontecendo, ainda não são muitas as pessoas realmente mais esclarecidas e conscientes quanto ao devido respeito e cuidado que devem merecer nossos recursos naturais tão ameaçados. É a elas que cabe tentar ampliar esse contingente para o indispensável empenho de mitigar tantas questões críticas que se apresentam.
O tema tomou mais corpo no século passado, com alguns líderes apontando problemas, com mobilizações e legislações que pudessem fazer frente aos descasos. Mais medidas começaram a aparecer na segunda metade desse período, quando o termo ecologia passou a fazer parte das palavras em voga, e quem atuava na área clamava por mais ações e menos palavras.
Publicidade
É o que fazia uma voz que apareceu nos meus primeiros tempos de vida jornalística na região, o professor Otto Leifheit, já apresentado como ecólogo, que era chamado para entrevistas e que, em reportagem do então também jovem jornalista Romeu Neumann, na Gazeta do Sul do Dia do Meio Ambiente, em 5 de junho de 1980, advertia sobre devastação de matas em áreas de risco preservadas já por lei, e os seus efeitos. Apontava para “oscilação violenta no volume dos rios, com alteradas cheias e estiagens, além da erosão cada vez mais acentuada” e alertava para conservar o solo e evitar a contaminação das águas por diversas formas.
No último dia 5 de junho dedicado ao assunto, esse ecólogo, já de idade avançada, foi justamente o homenageado em sessão aberta da Academia de Letras local, conduzida por quem é hoje, e já há mais tempo, seu sucessor nessa pregação e expressão máxima na defesa do meio ambiente em nosso meio, o geólogo, ex-vereador, prefeito e secretário estadual, acadêmico de letras local e estadual José Alberto Wenzel. Já são muitas suas ações conhecidas e publicações específicas sobre o tema que oferece à comunidade, para maior atenção de todos.
Em tempos de atividade pública, também nos anos 80, chegou às minhas mãos o livro intitulado Antes que a natureza morra, do francês Jean Dorst, lançado no Brasil nos anos 70, que, sem dúvida, abriu mais os olhos e sentimentos para tais questões. Ao falar do desequilíbrio do mundo moderno, observava que, “apesar de todos os progressos da técnica e de um maquinário já avassalador (…), o homem permanece estritamente dependente dos recursos naturais”. E focava, sem fanatismos, mas realista, sobre a necessidade de “um equilíbrio entre o homem e a natureza”.
Publicidade
Alinho-me aos que não se fanatizam, mas buscam estar conscientes de comportamentos compatíveis com a relevância que tem o ambiente natural. Ainda na recente polêmica das nossas tipuanas no centro da cidade, incomodava-me ver que muitos achavam de somenos importância a sua defesa, demonstrando claramente como ainda desconhecem ou menosprezam tudo que representam para a beleza e vida agradável e saudável do lugar e das pessoas que ali circulam.
Assim, em caminhadas diárias, ainda lastima ver que, a todo momento e com rapidez, somem árvores de passeios públicos, e sua reposição é lenta ou não ocorre. Assim como dói observar o descuido que persiste com o lixo e outras ações antinaturais onipresentes, apesar de tantas campanhas e iniciativas já feitas. Tudo faz clamar, mais uma vez, por maior tomada de consciência junto a cada um de nós, de que respeito e cuidado só fazem bem, a todos e a cada um (antes que a natureza morra, ou nós morramos).
LEIA MAIS TEXTOS DE BENNO KIST
Publicidade
quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no NOSSO NOVO CANAL DO WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!