O Rio Grande do Sul resultou num estado grandioso com a contribuição de diferentes povos. Diversidade cultural é sua marca. Em 2024 celebramos os 200 anos da imigração germânica e este ano voltamos nosso olhar e queremos condignamente celebrar os 150 anos da imigração italiana.
Nada mais representativo para caracterizar essas culturas do que suas línguas e culinárias. E a riqueza cultural do Rio Grande se deve, em muito, a essas diferentes contribuições. Hoje me remeto às contribuições italianas e germânicas. Quando pensamos na etnia italiana, logo pensamos em uva, vinho, risoto, numa imensa variedade de massas. A etnia alemã associamos com cuca, cerveja, linguiça, batata, pães; ambas com suas línguas de origem, imprescindível para a continuação viva de suas culturas.
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As duas, junto com a indígena, se entrelaçam maviosamente no sabor do sagu com creme de baunilha. Sago, na língua alemã, tem origem muito antiga. Na Alemanha foi descrito pela primeira vez pelo naturalista Georg E. Rumpf, conhecido por Rumphius (1628-1702), que viveu nas Índias Orientais, como oficial da Companhia Holandesa. Originalmente era obtido a partir do miolo da palmeira.
Na Alemanha, Sago é produzido desde 1810, principalmente com amido de batata. Muito usado para engrossar sobremesa, mantendo as bolinhas inteiras, mas macias e transparentes. Essas bolinhas brancas que, amolecidas na água e fervidas, ficam transparentes, entraram no Brasil produzidas pela empresa Lorenz, dos irmãos Lorenz de origem alemã, lá no início do século 20, em Indaial (SC). No lugar da fécula da batata, foi empregada a fécula de mandioca. Delícia da mesa de minha infância, também como Milchsago e Ananassago (feito com leite ou ananás).
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No texto Sagu de vinho tinto, de Rosana Peccini, li que o Sagu passou a ser produzido em Caxias do Sul pela empresa Corsetti, em parceria com a Lorenz, nas décadas de 40 e 50, e angariou o gosto dos descendentes italianos. Assim, essa delícia promoveu uma simbólica simbiose entre a cultura italiana – vinho, suco de uva; a cultura indígena – amido de mandioca; e a alemã – Perlensago, as bolinhas de sagu.
Um doce sabor presente em festas comunitárias, nos restaurantes e nos lares. Passou a ser um símbolo de entrelaçamento de diferentes culturas. Mais, o sagu com vinho promove uma doce síntese da busca dos italianos pela terra da cocanha e dos alemães na busca da Schlaraffenland – a terra da abundância – que não encontraram pronta, mas que, em certa medida, construíram no Rio Grande do Sul.
Em homenagem aos 150 anos da presença da cultura italiana e 200 da alemã, finalizo com a receita – Buonissimo! Köstlich!
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Ingredientes:
250 gramas de sagu
1 litro de vinho tinto meio seco
1 litro de suco de uva
200 gramas de açúcar
5 cravos
1 pau de canela
Antes de começar a fazer, deixe o sagu de molho em água por, pelo menos, duas horas. Depois escorra a água e reserve. Em uma panela, misture o suco ou vinho, o cravo e a canela e leve tudo ao fogo até ferver. Adicione então o sagu e deixe cozinhar até que as bolinhas fiquem quase transparentes. Agora adicione o açúcar e deixe cozinhar por mais 5 minutos em fogo brando, mexendo de vez em quanto, para as bolinhas não grudarem no fundo da panela. Retire do fogo. Depois de esfriado, serve-se o sagu geladinho com molho de baunilha. Para o molho, coloque 400 ml de leite a ferver. Enquanto isso, misture bem 100 ml de leite frio com 50 gramas de açúcar, 15 gramas de amido de milho, um pacotinho de baunilha e duas gemas de ovo. Adicione essa mistura ao leite quente, em fogo brando, e mexa até engrossar o molho. Pronto. Buon appetito! Guten Appetit!
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