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ContraPonto

Ninguém sabia de nada!

Há uma cena no filme O Julgamento de Nuremberg – que trata dos nazistas levados a julgamento – que não me sai da lembrança.

Na ocasião, muitos juízes desse tribunal de exceção, representantes dos países vencedores da Segunda Guerra, hospedaram-se em casas de famílias alemãs. 

A cena a que me refiro ocorre entre o general norte-americano e a dona de casa alemã, durante o café da manhã. Em determinado momento dos delicados e esforçados diálogos, o general pergunta para a senhora: 

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– Mas vocês não sabiam de nada do que estava acontecendo durante estes anos (referindo-se ao conjunto perverso da obra nazista)? A senhora responde: – Não, nós não sabíamos!

Relativamente ao Brasil, essa cena me vem à lembrança não pela crueldade e violência vigente mas por analogia à situação atual – de fragilização da economia nacional, precarização total das contas públicas e o consequente desemprego em massa.

Afinal, não faz muito tempo havia um discurso eufórico, de abundância e de virtudes governamentais nunca dantes visto, mas cujas bases reais (e retóricas) eram contestadas por muitos economistas e cronistas (dentre os quais este que vos escreve), ainda que sob severa crítica e vigilância dos simpatizantes da nova era.
Ainda que sucessivamente alertados sobre a fragilidade socio-econômica do “conjunto da obra”, nada abalava o bem-sucedido discurso, aliás, avalizado e reavalizado pelo povo. 

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Mais: assim como ignoravam os alertas relativos à natureza da gestão, também ignoravam a qualidade da seleção e folha corrida das novas e velhas companhias de ocasião. 

Agora, angelicalmente muitos se surpreendem com o estado caótico das contas públicas municipais, estaduais e nacionais, como se não houvera um período anterior de uso e abuso.  

A exemplo do tribunal de Nuremberg, nossa Operação Lava-Jato – ainda que não possa fazer condenações por má gerência socioeconômica – ao menos caça corruptos de hoje e de ontem. E há vagas prisionais abertas para todos os partidos e políticos. É só uma questão de tempo e oportunidade.

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Enquanto isso, aqui no nosso amado Rio Grande, o atual governador recebe todo tipo de acusação, como se fora responsável pelo estado geral das contas públicas. Como os ignorados alertas nacionais, no caso gaúchos, os avisos já existem há mais de 30 anos. 

Mas, a julgar pela reação sindical e corporativa ao “pacote” de reformas que o governador enviou ao Poder Legislativo, também aqui, a exemplo do caso alemão, ninguém sabia de nada!

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