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O Pêndulo do Relógio

Padroeira quilombola

O Pêndulo continua seu tique-taque. Gira girando às voltas da realidade, embalado por Roda Viva, de Chico Buarque. “Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião… O tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração.”

Vencedora de Festival da MPB, nos 1960.  Hoje tão pobrinha, nossa música popular, nestes dias e noites de diabretes exibidos em festas, concertos, missas, cultos… Celulares protagonistas. “Tudo que é demais é sobra”, se diz na Bahia de irmã Michelle, do mosteiro. E sobra é sempre sobra, minha gente.

Tenho pavor do que poderá vir adiante, nestes tempos individualistas. Mas o Pêndulo assegura: “Não se esqueça de que vou de um lado para outro – da direita para a esquerda e vice-versa – e volto a repetir tudinho outra vez. Tique-taque. Nada como um dia após o outro para quem sabe esperar”.

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Seja como for, tenho lá minhas fobias. Coisa de quem nasceu no século passado: jornais impressos; os telegramas e livros na mão eram testemunhas de janeiros e dezembros… 
O ser humano parece que foge da vida. Mergulha em mares de Oblivion, contraparente de o país do Nunca… Pátria de sereias, tritões, piratas e bruxas de todos os gêneros; chupadores bonzinhos de sangue e outros undead de carne e osso sob um sol de araque, mas que racha assim mesmo…

Se a gente abre a tevê por assinatura, toma susto com a quantidade de seriados sobre zumbis e demônios: é altíssima a audiência de jovens…

O tique-taque de hoje traz lembrança de Cartola. O genialíssimo homem da Mangueira, a Estação Primeira (e a rima deu sorte para o samba); compositor negro que levou as cores verde e amarela para além do patropi. O mestre carioca nasceu em 11 de outubro de 1908. “Ainda é cedo, amor, mal começaste a conhecer a vida… Já anuncias a hora da partida, sem saber mesmo o rumo que irás tomar…” “O mundo é um moinho” é o nome da canção. Alguém tocava repetidamente, no Sul da França, faz tanto tempo…

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O mundo é mesmo um moinho. Que faz possível o pão que alimenta, mas também moinho triturador de sonhos, se a gente não tiver fé, caridade… 

Falando nisso, madre Paula Ramos, a fundadora do Mosteiro na Linha Travessa, completa hoje 63 anos de profissão monástica. E a veterana monja tem sido líder no caminho do bem; estrada de quem mergulha no Infinito. Existência de contracultura e compromisso. De quem plantou rosas em favelas e no asfalto, acalentando esperanças. 

Amanhã, 12 de outubro, o Brasil comemora os 300 anos da imagem da Mãe De Deus, que apareceu nas águas do Paraíba. Em tempos hediondos de escravidão. Para consolar os mais pequeninos, apátridas nesta margem da vida. 

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Irmã Michelle Barbosa, baiana das verdadeiras, fará amanhã seus votos monásticos em pagos gaúchos. Para ela, vou cantar em terras soteropolitanas. “A velinha está queimando, aquecendo a tradição…” “Senhora Negra, Iyá querida, soberana quilombola, a Senhora Aparecida.”    

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