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Happy Hour

Kerb Fest

Elemar Bencke, que exercia a função de professor da Escola Rural Reunidas de Trombudo, também era músico e maestro. Fundou o Jazz União da localidade, que fez muito sucesso na animação dos bailes em toda a região. 

Éramos obrigados a acompanhar os pais nesses bailes realizados no Salão Machado, pertinho de casa. Era só atravessar a rua. 

Antes de iniciar o baile, o dono do salão passava um pó no tablado das danças, para ficar mais liso e facilitar a vida dos bailarinos. Porém, as brincadeiras e correrias da gurizada no salão já deixavam a pista lisinha. Alguns se jogavam no chão como que estivessem dando um carrinho no jogo de futebol. Saíam com as suas roupas de festa manchadas de branco, para o desespero de suas zelosas mães.
   
Durante o baile, ficava muito tempo sentado num banquinho ao lado do conjunto, apreciando a atuação dos músicos. Tinha entre 7 e 10 anos de idade. Sonhava que algum dia pudesse ser presenteado com um instrumento musical. O professor Elemar poderia me ensinar a tocar. Esse sonho nunca se concretizou. O salário do meu pai não permitia esses luxos para os filhos.

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Extenuada pelas brincadeiras, o sono tomava conta da piazada, acostumada a dormir cedo. A mãe nos colocava numa cama coletiva, que ficava nos fundos do salão, enquanto os adultos se divertiam dançando as valsas e rancheiras tocadas pelo conjunto musical.

O mais famoso e concorrido baile de Kerb era ansiosamente esperado pela população de Trombudo e adjacências, além das delegações que vinham de ônibus de outros distritos de Santa Cruz do Sul. Essas festas aconteciam no Salão Machado e duravam três dias.

O salão era decorado com flores e folhas de coqueiros, enfeite típico da colônia alemã. Toda a comunidade se envolvia na preparação da festança. Os festejos iniciavam ao meio-dia com churrascos coletivos em churrasqueiras improvisadas no pátio. Os encarregados daquela comissão cavavam enormes valetas e, para dar apoio aos espetos de pau, eram colocados troncos de bananeiras deitadas ao longo das valas. Dava gosto de assistir aos assadores cuidando da carne de gado, porco e galeto. A fumaceira tomava conta do ambiente. 

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As mesas, também improvisadas, vinham dos pavilhões das quermesses. Eram colocados os cavaletes e sobre eles, tábuas compridas. Da mesma maneira, os bancos. Em cada mesa, almoçavam em torno de 20 pessoas.  A carne era fornecida pelos criadores mais ricos do local, que doavam os bois para o churrasco. As galinhas e os porcos eram presenteados pelos colonos mais abastados. 

Antes da noite, o Jazz União se reunia no pátio e, em procissão, puxava a comunidade para dentro do salão. Executava uma marchinha bem alegre e atrás vinha aquele povo, dançando descontraidamente com seus pares. A grande maioria já vinha embalada pela cerveja. O início do baile se dava com a alegre polonaise.
A safra de fumo havia sido boa e nada mais justo que se divertir nesses três dias. Ninguém veio ao mundo só para trabalhar! Prosit!

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