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Wuhan

ÁUDIO: venâncio-airense está entre os brasileiros que serão resgatados da China

Piloto relatou a mudança drástica na rotina da cidade

Acostumado a ver as ruas cheias, transportes lotados e muito movimento, o piloto venâncio-airense Mauro Hart descreve uma província de 11 milhões de habitantes como “uma cidade-fantasma”. Em uma ligação internacional com a Rádio Gazeta, ele conta que a rotina mudou drasticamente após a disseminação do coronavírus e as medidas tomadas pelo governo para conter o avanço da doença.

Natural de Venâncio Aires, o piloto de um Boeing 737 trabalha há cinco anos na província de Wuhan. Aos 59 anos, ele atualmente mora em Natal, no Rio Grande do Norte. “O meu contrato na China me permite trabalhar um período de seis semanas e aí tenho três semanas de folga. Neste período eu retorno ao Brasil, para estar com a minha família. Então eu faço essa viagem China/Brasil seis vezes por ano”, explicou.

Ele está entre os brasileiros que serão resgatados da China no fim desta semana, em uma grande operação da Força Aérea Brasileira. “A expectativa de retorno ao Brasil é muito grande. É uma alegria, um alívio, porque a situação aqui é crítica, é incerta. Apesar de eu estar em um lugar bem seguro, que é o meu apartamento, apesar de eu ter provisões na minha despensa para sobreviver sem passar necessidades por dois meses, é melhor voltar para o Brasil e aguardar. Quando tudo estiver normal, a gente volta para trabalhar.”

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Ele e o restante do grupo ficarão em uma quarentena de 18 dias na cidade de Anápolis, em Goiás. Eles devem chegar ao País no sábado, 8, e ficarão em um hotel de trânsito de militares, em quartos separados, e passarão por exames. “Eu acho necessário até para, depois, a gente ter a certeza e a tranquilidade de ninguém estar contaminado com o vírus, e que assim a gente também não vai levar esta doença para o Brasil, porque ninguém quer isso.”

Todos os que pretendem embarcar serão submetidos a um exame clínico antes do embarque, e aqueles que apresentarem qualquer sintoma não vão embarcar. Segundo Hart, a equipe também está preparada para o caso de algum dos passageiros do resgate apresentar sintomas durante o translado. “Estou muito confiante do sucesso desta missão, do nosso retorno ao Brasil”, disse.

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Piloto trabalha na China há cinco anos | Foto: Arquivo Pessoal

A rotina

O vírus, classificado por ele como “muito preocupante, pelas características de contágio rápido”, mudou completamente a vida da cidade e do País. “O dia a dia da gente, do cidadão chinês, mudou drasticamente. Você pode imaginar uma cidade com 11 milhões de habitantes em ritmo intenso de trabalho, as ruas cheias, movimento muito grande, e de repente tudo para. Inacreditável. Quando divulgaram as medidas, eu não acreditei. Como vão parar uma cidade de 11 milhões de habitantes?”, se questionou. “Pois pararam.”

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Segundo o piloto, até os carros foram proibidos de circular nas ruas. “Avisaram que, no dia seguinte, iriam parar trens, metrô e ônibus. Tudo parou. No dia depois desse, o aeroporto internacional estava fechado para pousos e decolagens. Depois proibiram o trânsito de carros particulares, só carros autorizados que podem circular. Tudo isso foram medidas para conter o avanço do vírus, evitar aglomeração de pessoas, evitar o contato de pessoas, que ficaram restritas aos seus bairros, depois restritas aos seus condomínios e depois o governo pediu que as pessoas ficassem em casa.”

Aproveitando-se do feriado de Ano-Novo Chinês, o governo instaurou as medidas e a grande maioria das atividades foi paralisada. “É impressionante, parece uma cidade-fantasma. Você sai na rua, tem um dia bonito, mas não dá para acreditar. Medidas muito drásticas, porém necessárias para conter o avanço do vírus”, disse o venâncio-airense. A informação atual é de que as medidas devem durar até o dia 14 deste mês.

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