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Direto da Redação

Um campo aberto

Em um momento no qual investimentos em cultura e produções artísticas sofrem cortes e restrições de todo tipo, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul decidiu criar, em janeiro, a Secretaria Municipal de Cultura. Nada mais louvável. Trata-se de uma reivindicação antiga. Até onde lembro, a cultura sempre foi atribuição de um departamento vinculado a outra pasta – no caso recente, a do Desenvolvimento Econômico. Agora, enfim, ganhou status de secretaria. Além da perspectiva de melhorias em espaços como o Centro de Cultura Jornalista Francisco José Frantz e a Biblioteca Pública Municipal Professora Elisa Gil Borowski, há todo um campo aberto para novidades.

Ao contrário do que alguns possam pensar, não se trata de nada supérfluo ou inútil. A cultura é uma área essencial. Ainda há quem veja com certo desprezo pessoas que trabalham com arte, mas é aquele tipo que chama artista de “vagabundo” e depois vai ao cinema, porque teve um dia difícil no escritório. Não é difícil imaginar o que seria da vida sem a existência de filmes, músicas, livros, ou todas aquelas séries de TV, novelas e programas humorísticos que muitos não perdem por nada. Provavelmente ela seria insuportável, muito mais dura do que já é, sem fantasia, alegria, cor nem leveza. Sem nada. Bem, é graças ao empenho de muitos “vagabundos” que podemos contar com esse tipo de alívio. Qualquer sociedade precisa disso. E tudo começa com iniciativas pequenas, por vezes solitárias, de gente inquieta à procura de espaços de liberdade e expressão: artistas. “Vagabundos iluminados”, como diria Jack Kerouac.

Lembro da escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), que escreveu: “É muito importante que se compreenda claramente que a arte não é luxo nem adorno. A história mostra-nos que o homem paleolítico pintou as paredes das cavernas antes de saber cozer o barro, antes de saber lavrar a terra. Pintou para viver. Porque não somos apenas animais acossados na luta pela sobrevivência”. Essa compreensão se faz necessária.

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E assim, enquanto alguns tentam destruir, outros criam. Santa Cruz, felizmente, optou pelo segundo caminho. Além da nova secretaria – que, é bom lembrar, não implicará em nenhum custo ou despesa adicional aos cofres municipais – , também teremos a transferência da Biblioteca Elisa Gil Borowski para um novo lugar, mais central, na Rua Marechal Floriano. A expectativa é positiva quanto ao aperfeiçoamento da estrutura dessa biblioteca e o incremento do acervo disponível. A população merece. 

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