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Furtos

Como se organiza o sequestro de veículos em Santa Cruz

Desde o início do ano até essa sexta-feira, 25 motocicletas e 51 automóveis foram furtados nas ruas de Santa Cruz do Sul. Em diversos casos, os proprietários receberam ligações dos criminosos propondo o pagamento de algum valor para devolver os veículos. Entre as tentativas de extorsão, das quais 21 foram bem-sucedidas para os ladrões, o conhecimento dos criminosos sobre a vida das vítimas e o acesso a contatos de familiares chamam a atenção.

No sábado passado, dia 17, um morador de Cachoeira do Sul entrou para essa estatística enquanto visitava a filha em Santa Cruz. O homem de 52 anos, que pede para ter o nome mantido em sigilo, estacionou a caminhonete S10 na Rua Ramiro Barcelos, entre a Tenente Coronel Brito e a Marechal Floriano, e saiu para almoçar com a família. Ao deixar o restaurante, deparou-se com o veículo sendo pilotado por um ladrão, que havia acabado de cometer o furto. A vítima então acionou a Brigada Militar, mas, cerca de 15 minutos depois, recebeu uma ligação de seu outro filho, que estava em Cachoeira. O jovem revelou que os criminosos haviam lhe telefonado pedindo R$ 2 mil pela devolução.

“A gente se sente muito vulnerável nesse momento, e os bandidos sabem disso. Ficamos totalmente à mercê deles”, contou. Orientado pela BM, o aposentado iniciou uma falsa negociação com os ladrões para ganhar tempo. “Pedi para pagar um valor menor e eles toparam, então começamos a combinar o lugar. Quando eu disse que eles teriam que vir até mim, porque eu não tinha dinheiro nem para o táxi, tiveram a ousadia de dizer que devolveriam, dos R$ 1,5 mil que fingi me propor a pagar, um valor para que eu pagasse a corrida”, relatou.

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O que mais impressionou a vítima, contudo, foi o acesso dos ladrões a seus dados pessoais. “Eles sabiam que eu tinha uma moto e onde eu morava, e usaram isso para me ameaçar, disseram que sabiam exatamente onde me encontrar se precisassem”, relatou. O contato do filho, segundo o aposentado, estava em um cartão de vacinação do cachorro da família, dentro do automóvel furtado. As demais informações, contudo, não se sabe como foram descobertas. “Me parece que eles têm acesso a algum sistema, como o do Detran, por exemplo.” Enquanto ainda negociava a recuperação com os criminosos, a Brigada Militar encontrou a caminhonete estacionada no Bairro Ana Nery.

Fique atento

  • A maioria dos furtos acontece à luz do dia, em horário comercial, em ruas movimentadas do Centro.
  • As ruas Marechal Floriano, Marechal Deodoro, Ramiro Barcelos, 28 de Setembro, Tenente Coronel Brito e  Thomaz Flores estão entre as que mais registram furtos de veículos.
  • Os automóveis visados geralmente são modelos mais antigos, dos anos 1990.
  • O Kadett e as versões antigas do Uno, Gol e Corsa são considerados os modelos prediletos dos ladrões. A dica é instalar alarme ou corta-corrente.
  • Quando às motos, as com cilindradas mais baixas, como os modelos 125, 200 e 250, são as mais visadas.
  • Até essa sexta-feira, 76 veículos haviam sido furtados no ano, dos quais 25 eram motocicletas ou motonetas e o restante, automóveis.
  • Desse total, apenas seis ainda não foram encontrados: duas motonetas, dois Gols e duas caminhonetes. Os demais foram recuperados pela Brigada Militar, Polícia Civil ou pelos proprietários.
  • 21 veículos foram recuperados mediante pagamento de resgate aos ladrões.
  • Ao perceber que um carro está abandonado, a orientação é avisar a Brigada Militar pelo 190 ou a Polícia Civil pelo 197.
  • A orientação da polícia é para que nunca se pague o resgate pedido pelos ladrões, que costumam obter sucesso com esse tipo de negociação tirando proveito da vulnerabilidade da vítima no momento.
  • Ao constatar o furto, a recomendação é procurar a Brigada Militar ou a Polícia Civil. Pagar o resgate apenas ajuda a fomentar esse tipo de crime e é arriscado.

O mistério do acesso aos contatos

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De acordo com o delegado Marcelo Chiara Teixeira, titular da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Santa Cruz, a possibilidade de extorsão é o que motiva os furtos de veículos no município. Já o acesso a contatos de familiares e dados pessoais pode ter origens distintas. Uma delas seria a presença de documentos no interior do veículo.

“Há também os casos em que a pessoa posta na rede social que foi vítima do furto e disponibiliza algum contato para receber informações sobre o paradeiro do carro ou motocicleta”, explicou. A possibilidade de os criminosos terem acesso a sistemas restritos de dados também não é descartada. “Até o momento não encontramos nada que comprove esse tipo de acesso, mas estamos investigando.”

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