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HOMICÍDIO

Acusados pela morte de mecânico no Motocross poderão ir a júri popular

Foto: Banco de Imagens/Gazeta do Sul

Mecânico foi assassinado na garagem da própria casa. Peritos recolheram no local 12 estojos deflagrados de pistola calibre 380 | Foto: Ricardo Düren

O processo sobre a morte do santa-cruzense Tiago Aliandro Kohlrausch segue tramitando na Justiça e se aproxima das fases finais. O mecânico de 30 anos, funcionário concursado da Prefeitura de Santa Cruz do Sul, foi atingido por dez tiros na garagem de casa, na Rua Walder Rude Kipper, no Loteamento Motocross, Bairro Arroio Grande, às 19h45 de uma segunda-feira. Os acusados podem ir a júri popular. Na última quarta-feira, completou-se um ano do crime.

Coube à 2ª Delegacia de Polícia de Santa Cruz realizar as investigações para identificar os autores e demais envolvidos, bem como descobrir a motivação do assassinato. Ao longo do inquérito, que tem mais de 350 páginas e foi assinado pelo delegado Alessander Zucuni Garcia, foram ouvidas 12 pessoas em menos de dois meses de investigação.

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Na noite do crime, a namorada de Tiago estava no banho quando escutou barulhos que vinham do lado de fora da casa. Quando saiu, encontrou o namorado morto, caído ao lado do Omega Suprema prata dele, que estava estacionado na garagem.

Os peritos recolheram no local 12 estojos deflagrados de pistola calibre 380. Eles constataram que Tiago tentou se refugiar do outro lado do carro, onde acabou morrendo. Os executores seriam dois assassinos de aluguel de outra cidade, supostamente contratados para o crime. Nenhum deles foi encontrado pela Polícia Civil.

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Tiago era pai de menino, hoje com 2 anos

A Gazeta do Sul teve acesso ao processo judicial que se originou a partir do inquérito da 2ª DP. No documento consta que Patrícia D’Ávila da Luz, de 20 anos, e o seu companheiro na época, Renato Andrade Ferreira, 32, foram indiciados por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, emprego de meio cruel e utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima.

A mulher é a mãe do filho de Tiago, que tinha pouco mais de 1 ano quando o pai foi morto. Conforme as conclusões do delegado Alessander Zucuni Garcia, ela e o padrasto da criança teriam planejado e coordenado o assassinato de Tiago. O objetivo seria afastar o pai biológico do filho.

Já o tio da mulher, Gabriel Nascimento da Luz, de 52 anos, estaria com duas armas e seria, na época do crime, o dono do veículo utilizado pelos matadores que foram até a casa de Tiago. A polícia encontrou o carro em Salto do Jacuí. Gabriel responde por homicídio duplamente qualificado.

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ONDE ESTÃO OS INDICIADOS

O advogado Renato Andrade Ferreira, companheiro de Patrícia D’Ávila da Luz na época do crime, foi preso no dia 1º de novembro do ano passado. Nessa data, o padrasto da criança apresentou uma nota fiscal de supermercado para comprovar onde estava na hora do crime – o que foi considerado uma atitude suspeita, já que não é comum deixar uma nota simples guardada por tanto tempo.

Ferreira esteve recolhido na Cadeia Pública de Porto Alegre. No último dia 19 de março, ele passou a cumprir prisão domiciliar após apresentar uma série de atestados médicos devido a sua condição de saúde. A Gazeta do Sul apurou que, atualmente, ele se encontra morando em Camaquã.

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Gabriel Nascimento da Luz também havia sido detido em 1º de novembro. Na ocasião, ele tinha duas armas em seu poder. Tio de Patrícia, Luz seria o dono do veículo utilizado pelos matadores para ir até a casa de Tiago. Atualmente, está aguardando o processo em liberdade.

Presa preventivamente desde 18 de novembro do ano passado, Patrícia D’Ávila da Luz, 20 anos, ex-mulher de Tiago e mãe do filho dele, nega a autoria e participação no crime. Conforme o processo ao qual a Gazeta teve acesso, a acusada ingressou com um pedido de revogação da prisão cautelar.

Este foi indeferido pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Santa Cruz do Sul, em audiência no último dia 5 de março. Depois, a defesa ingressou com pedido de reconsideração, alegando, diante do contexto mundial causado pelo novo coronavírus, que a saúde de Patrícia estaria ameaçada na prisão.

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Contudo, no dia 20 de março, a oito dias da data em que Tiago completaria 31 anos, o pedido foi negado e a prisão preventiva foi mantida pela Justiça. Inconformada, a defesa ainda pediu habeas corpus perante a corte, sustentando a nulidade do decreto de prisão preventiva, em razão do uso de prova supostamente ilícita – a interceptação telefônica de um diálogo entre Patrícia e a antiga advogada, em conversa que teria ocorrido em 2 de novembro de 2019, um dia após a prisão do ex-companheiro e do tio.

No despacho, a defesa de Patrícia argumentou novamente que a acusada se enquadra no grupo de risco do novo coronavírus, pela condição de obesidade. Por fim, solicitou a reavaliação da prisão preventiva, que estaria perdurando por mais de 180 dias. No entanto, em sessão de julgamento no dia 21 de maio, a Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) negou o pedido de forma unânime.

O advogado Roberto Weiss Kist, responsável pela defesa de Patrícia, preferiu não comentar o caso. Ele justificou que, “por ser um momento processual delicado, irá se manifestar apenas nos autos do processo”. A mulher está recolhida na ala feminina do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul.

Na atual fase do processo, as partes preparam-se para, nos próximos 20 dias, apresentar as alegações finais. A juíza Márcia Inês Doebber Wrasse, da 1ª Vara Criminal de Santa Cruz do Sul, vai julgá-las para definir se os réus vão a júri popular ou não. O processo completo sobre o caso chegou a cinco volumes e tem 716 páginas.

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Reaproximação do avô paterno com o neto

Embora a data remeta à trágica morte do filho, nem todas foram notícias ruins para o pai de Tiago na última semana. Na manhã da quinta-feira, Dirceu Aliandro Kohlrausch, o pai de Tiago, e o advogado, Frederico Eick Martins, participaram de uma audiência por meio de videoconferência junto à Vara de Família.

Ficou estabelecido que, a partir do próximo fim de semana, o avô do filho de Tiago terá o direito de passar mais tempo com a criança. Ele poderá exercer o direito de visitar – buscar e levar – o menino em dias combinados na casa da avó materna, que tem a guarda provisória do garoto de 2 anos

“Nós chegamos em um consenso com ela, que não se opôs. O objetivo é reaproximar o neto do avô. Esse é um passo muito importante”, comentou o advogado. Martins ressaltou a felicidade de Dirceu Kohlrausch em retomar o contato com a criança. “Ele sente muita falta e está muito feliz por ter ocorrido um acordo. Afinal, o menino é o neto, o qual ele ama muito.”

Tiago Aliandro Kohlrausch era o filho único de Dirceu, que também é viúvo. Segundo o advogado, a mãe e as duas irmãs deram-lhe apoio para vencer os momentos em que se encontrava sem o filho e, até então, sem ver o neto. Ainda muito consternado pelo morte de Tiago, de acordo com Frederico Martins, Dirceu se mostra compreensivo e no aguardo do término do processo.

“É claro que ele tem uma indignação com a morte, isso nenhum tempo vai curar. Mas estamos vivendo uma situação excepcional, da pandemia. A Justiça por si só já é lenta, e com esse fator da pandemia acabou agravando. A gente sabe que o trabalho de todos ficou mais difícil, tanto da Promotoria como do Ministério Público e defensores, pois envolve muitas pessoas e é muito material para ser analisado. Por isso, busco explicar essa situação ao pai do Tiago e ele entende isso muito bem.”

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