A Câmara dos Deputados abriu uma consulta pública para verificar se há empresas interessadas em explorar economicamente espaços físicos da Casa em troca da construção de novos prédios com gabinetes, além de outras reformas. Embora não esteja expressa a palavra ‘shopping’, o chamado Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) prevê ‘exploração dos espaços de concessão do complexo de gabinetes, com espaços de alimentação, bancos, companhias aéreas, livrarias, lojas e serviços diversos’. O texto fala ainda em aluguel de vagas de garagem -20% das 4.400 vagas seriam reservadas à instituição- e liberação de publicidade.

A intenção é fazer uma parceria público-privada. A proposta estabelece a construção de uma praça e três novos prédios, além da reforma de outro. A ideia é que o prédio que abriga atualmente os 432 gabinetes parlamentares, que têm aproximadamente 40 m2 cada, seja reformulado, acomodando 264 gabinetes com aproximadamente 60 m2 cada. Haveria ainda outro edifício de 10 andares, com 256 gabinetes, também de 60 m2.

Outro espaço terá, por exemplo, um auditório para 700 pessoas, que poderá funcionar como plenário alternativo, além de salas destinadas a reuniões voltadas para o uso dos parlamentares e salão de exposição. O atual plenário não tem assento para os 513 deputados. Pelo projeto, o shopping terá quatro pavimentos, sendo que o subsolo será destinado a garagem e áreas técnicas. Também está programada uma praça de serviços, como restaurantes, cafés e áreas de convivência, entre outras.

R$ 1 BILHÃO

O impacto mínimo das obras calculado por técnicos da Casa é de R$ 1 bilhão. A construção de novos gabinetes é uma das promessas de campanha do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que ganhou aval dos outros integrantes da Mesa Diretora. Caso não haja interesses de empresários, a Câmara pode usar nas ampliações e reformas os cerca de R$ 300 milhões que obteve em 2009 em troca da concessão da administração da folha de pagamento da Casa para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

Como esse contrato já venceu, e está sendo mantido em caráter emergencial, a Câmara pretende obter novos recursos com a renovação. A Casa tem cerca de 19 mil funcionários. A justificativa é conferir mais conforto para deputados e funcionários, além de otimizar o espaço. Atualmente, o Congresso já tem, espalhados, uma barbearia, agências de turismo e bancárias, farmácia e restaurantes.

Com a ampliação do número de partidos com representação na Casa, um salão de beleza chegou a ser fechado no início do ano para dar lugar a uma liderança. Segundo dados da Câmara, a circulação diária é de até 30 mil pessoas quando há votações.