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Univates pesquisa a cura através das plantas

Muitas espécies de plantas são, tradicionalmente, utilizadas pela medicina popular para os mais diversos fins – na maioria das vezes, na elaboração de chás – e vêm, cada vez mais, ganhando espaço em distintas áreas de pesquisa. Na Univates, pesquisadores buscam em plantas regionais e em seus princípios ativos subsídios para o desenvolvimento de fitoterápicos ou novas moléculas para o tratamento de inflamações e outras patologias, até mesmo o câncer, e já contam com resultados promissores.

O projeto intitulado “Efeito anti-inflamatório e anticarcinogênico de extratos vegetais em cultura celular” é coordenado pela professora Márcia Goettert, doutora em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Tübingen, e existe desde o início de 2013. Ela conta que os estudos envolvem diversos extratos vegetais de plantas da região do Vale do Taquari e de outras regiões brasileiras.
“Os materiais analisados são plantas utilizadas pela população na medicina tradicional, mas que ainda não possuem estudos científicos sobre seus efeitos”, explica Márcia. A professora acrescenta que a utilização popular oferece pistas sobre o uso e aplicação terapêutica das plantas medicinais, mas as pesquisas e avaliações mais aprofundadas podem levar a descobertas ainda mais importantes.

Márcia lembra que, hoje, o SUS distribui gratuitamente 12 medicamentos fitoterápicos industrializados, registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com segurança e eficácia bem estabelecidas. Além disso, mais de 70% dos fármacos quimioterápicos são oriundos de produtos naturais e, de acordo com ela, o projeto busca analisar plantas comumente utilizadas para fins anti-inflamatórios e cura de feridas. “Uma flor muito comum nos quintais das casas, por exemplo, é a Cathanrantus roseus, conhecida como vinca-de-madagáscar, que é a base de um dos principais quimioterápicos utilizados atualmente. Outro exemplo é a aspirina, que é um medicamento oriundo do Salix alba, árvore conhecida como salgueiro ou chorão”, afirma.

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Após a avaliação do extrato vegetal bruto em diversos testes para averiguar suas propriedades biológicas contra inflamação e frente a diferentes células tumorais, se houver indícios positivos, o grupo realiza a identificação destes constituintes químicos. Com o andamento dos resultados positivos, passa-se a estudar os extratos ou os constituintes fitoquímicos em animais. “Mas, antes disso, é avaliada a toxicidade dos extratos das plantas, para verificar o grau que podem apresentar, o que seria um risco à população se fossem consumidas. É muito importante conhecer bem a espécie, pois tipos diferentes podem ter efeitos diferentes, assim como toxicidades distintas. Nosso objetivo também é prezar pela segurança das pessoas, divulgando essas informações para a comunidade”, comenta Márcia.

Atualmente, o projeto conta com a colaboração do professor doutor Walter Beys da Silva, de três bolsistas de iniciação científica e de cinco alunos de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Univates. Além disso, três trabalhos de conclusão de curso de Biomedicina e de Farmácia também estão envolvidos com a pesquisa.

A professora Márcia lembra que o projeto também possui parcerias com outras instituições, inclusive, internacionais. Além da Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Federal de São Paulo, há parcerias com a Universidade de Tübingen, na Alemanha, e com o Instituto Politécnico de Leiria, em Portugal. “São parcerias que possibilitam o desenvolvimento de diferentes trabalhos e pesquisas em cooperação, além do intercâmbio de alunos de graduação e de pós-graduação previstos para 2015”, destaca.

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De acordo com Márcia, os resultados são preliminares e ainda são necessários muitos testes, mas pode-se dizer que são bastante promissores. A pesquisa já foi apresentada em eventos nacionais e internacionais, como em Viena, na Áustria. “Os resultados indicam que algumas plantas podem ser muito eficientes nesse sentido. O plano agora é selecionar as melhores e dar continuidade ao projeto. Claro que há um longo caminho pela frente, mas com bons indícios”, finaliza a pesquisadora.

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