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Uma colônia de hermanos argentinos em Pantano Grande

Durante o verão, os carros de placas pretas, que chamam a atenção de quem frequenta o litoral, se tornam maioria no estacionamento da Raabelândia, paradouro tradicional localizado às margens da BR-290, em Pantano Grande. O local é ponto de referência para que turistas argentinos reabasteçam os veículos e recarreguem as energias para encarar as centenas de quilômetros que os esperam, seja até as praias de Santa Catarina ou de volta para casa.

Geralmente funciona assim: quem vai para o Litoral, passa uma noite em Pantano Grande. Aqueles que retornam à Argentina fazem uma parada durante o dia, mas sem muita demora. Esse foi o caso da administradora Silvina Morales. Depois de garantir o bronzeado ao longo de 14 dias curtindo o sol, o mar e as paisagens de Governador Celso Ramos, ela levantou cedinho nessa sexta-feira. Às 7 horas, já estava na estrada, acompanhada do marido, Pablo, das duas filhas, Josefina e Guillermina, e de uma amiga das adolescentes, Luciana, rumo a Córdoba.

No meio da tarde, a parada em Pantano serviu para encher o tanque do carro com GNV e a térmica com água quente. As meninas também aproveitaram para fazer um lanchinho. Segundo Silvina, o desgaste da viagem é compensado pela beleza das paisagens encontradas por aqui. “É limpo, a água do mar é quente e o pessoal daqui é muito gentil”, destaca. O carinho pelo litoral catarinense é tanto que nem souberam precisar há quanto tempo escolhem esse destino para a viagem de férias.

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Eugenio e família: descanso e retomada da viagem para Bombas.
Foto: Rodrigo Assmann.

Com atendimento aprovado, eles gostam e retornam

A temporada do sotaque espanhol em Pantano Grande começa no fim de dezembro, ganha força entre janeiro e fevereiro e segue até o fim do verão, em meados de março. As reservas na Pousadas Killian, contudo, estão sendo feitas desde setembro. Quem chega sem avisar tem que contar com a sorte para conseguir um cantinho aconchegante para o pernoite. São 12 apartamentos e não há previsão de aumento. “Quero manter o ambiente familiar”, afirmou a proprietária Rosane Killian.

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Por meio do site da pousada, Eugenio Nin garantiu lugar para ele, a esposa Silvana, o filho Benjamin e mais uma família de amigos, os Figueredo, em novembro do ano passado. Às 16 horas dessa sexta-feira, o grupo chegou. Cansados da viagem, o desejo era de um fim de tarde tranquilo, curtindo a piscina e o que mais a estrutura oferece.

O destino é Bombas, em Santa Catarina, pelo terceiro ano consecutivo. Nas três vezes, a Pousadas Killian foi o local escolhido para a parada. Vindos de Buenos Aires, foi o bom atendimento de Rosane e equipe que os convidou a pernoitar no local. A proprietária trabalha no negócio há 17 anos. Iniciou com um apartamento e hoje se orgulha de ter 12.

Além dos quartos, a pousada conta com um espaço comunitário, cozinha, academia, mesa de pingue-pongue e piscina. Segundo Rosane, os turistas ocupam os espaços para trocar informações, compartilhar refeições e fazer amizades.

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Chegada do verão torna comum ver veículos argentinos e uruguaios trafegando por Pantano Grande, um ponto estratégico para quem segue ao Litoral.
Foto: Rodrigo Assmann.

Obra de duplicação na BR-290 causa queda no movimento

Com a intensa movimentação dos hermanos em Pantano Grande, a economia do município experimenta um crescimento significativo. O principal supermercado da cidade comemora o aumento na venda de frios, refrigerantes, gelo e pizzas congeladas – produtos queridinhos da população castelhana – durante toda a estação mais quente do ano.

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No entanto, o posto ao lado da Raabelândia, um dos únicos do trajeto entre a Argentina e o litoral catarinense a oferecer GNV – principal combustível utilizado na Argentina –, registrou queda no número de clientes estrangeiros. O proprietário do estabelecimento, Jefferson Raabe, atribui a diminuição nas vendas às obras em execução na BR-290, em frente ao local.

Segundo ele, os tapumes da construção ocasionaram uma modificação na via, o que dificulta a entrada dos veículos no posto e induz o motorista a seguir em frente. No ano passado, o número de condutores argentinos que chegavam para abastecer era de 1,5 mil e atualmente é de 1,2 mil. Mesmo assim, há contratação de funcionários temporários para o verão.

Para facilitar o atendimento, utilizam algumas placas escritas em espanhol e os frentistas se viram no famigerado “portunhol”. “Eles não se preocupam muito. Querem é encher o tanque”, diz Raabe. O maior movimento ocorre das 8 horas às 11 horas e das 17 horas às 21h30.

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Rio Pardo também virou local de hospedagem

De três anos para cá, os argentinos estão se espalhando ainda mais pelo Vale do Rio Pardo. Conforme a proprietária do hotel Recanto do Imperador, em Rio Pardo, Paula Castro, há reservas até o fim do verão. “Eles debandam para cá, viajam de comboio”, brinca. A logística é simples: chegam no início da noite, jantam, dormem e no outro dia é pé na estrada de novo. “Só costumam passear pela cidade se o carro precisa de algum conserto.”

Para Paula, esse movimento de sair um pouco da rota para se hospedar no hotel da cidade histórica tem a ver com segurança, conforto e busca por um bom atendimento. Segundo ela, quando os hermanos começaram a vir para as praias brasileiras, na década de 1980, ficavam em casas de famílias, mas agora o perfil do turista está mudando. “Querem ficar em grupos maiores, estão mais seletivos”, avalia.

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