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Meio Ambiente

Prefeitos planejam criar aterro sanitário no Vale do Rio Pardo

Foto: Banco de Imagens

Caminhões trabalham no aterro sanitário de Minas do Leão

Atualmente, lixo da região vai para aterro em Minas do Leão

Iniciada ainda em 2013, a discussão acerca da implantação de um aterro sanitário na região segue em debate entre os prefeitos que integram o Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale). O assunto vem ganhando força a partir de estudos técnicos que apontam as vantagens que a construção do empreendimento iria trazer às administrações municipais, sobretudo em termos de economia e logística.

“Hoje há um consenso entre os prefeitos de que o gerenciamento consorciado de um aterro sanitário seria a melhor opção para os municípios, incluindo ganhos financeiros”, comenta Simone Schneider, química industrial da Urbana Logística Ambiental do Brasil. A empresa, sediada em Porto Alegre, está elaborando para o Cisvale o plano estratégico regional de gestão dos resíduos sólidos.

Segundo Simone, o modelo consorciado de gerenciamento de um aterro sanitário seria inédito no Estado. “O modelo é um desafio. O Rio Grande do Sul possui apenas locais administrados por empresas privadas ou por prefeituras, não através de um consórcio”, salienta. Hoje, o custo médio dos municípios da região, somente com a destinação final dos resíduos, gira entre R$ 100,00 e R$ 107,00 por tonelada destinada.

Cerca de 4,4 mil toneladas de lixo são produzidas por mês, a um custo de destinação final de quase R$ 500 mil, fora os gastos indiretos com transbordo e transporte dos resíduos. Pelos contratos vigentes, 97,34% dos resíduos vão para um único aterro sanitário que fica em Minas do Leão, fora da região do Cisvale e distante da maioria dos municípios.

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Mesmo que a operação do sistema fosse feita ao mesmo custo de hoje (cerca de R$ 105,00 por tonelada destinada), haveria uma economia considerável somente com o transporte dos resíduos. “A primeira etapa do estudo de viabilidade foi verificar se o empreendimento seria economicamente viável. Essa etapa já está superada, pois a análise financeira demonstrou que o aterro regional se paga a médio e longo prazo”, revela Simone Schneider.

Além disso, conforme ela, o alto desenvolvimento econômico de algumas cidades, principalmente a maiores – como Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires –, imprime uma característica de maior geração de resíduos secos e resíduos volumosos. Isso cria uma demanda constante por soluções coletivas de logística reversa e reciclagem, por exemplo, que agregam renda ao sistema.

Custos

O custo básico estimado para o empreendimento é, por critérios técnicos, de cerca de R$ 12 milhões. De acordo com o Cisvale, como ainda está em fase de elaboração, o plano estratégico regional de gestão dos resíduos sólidos não tem como definir como será feito este investimento. A meta é finalizar o estudo ainda em dezembro, quando ele será apresentado. Os dados ficarão disponíveis à comunidade.

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Venâncio de olho no investimento

Na fase atual, os municípios integrantes do Cisvale que desejam sediar o aterro sanitário devem enviar informações sobre possíveis locais que poderiam recebê-lo. “Há uma discussão interna em cada prefeitura para a escolha dos melhores locais. Alguns municípios já se manifestaram e outros estão averiguando a disponibilidade de áreas adequadas”, afirma Simone Schneider.

Quem saiu na frente para sediar o aterro sanitário regional foi Venâncio Aires. Conforme o prefeito Giovane Wickert, o governo municipal gasta cerca de R$ 6 milhões por ano com o recolhimento do lixo; sistema de contêineres; transbordo e gestão da usina de triagem; e deslocamento e aterro em Minas do Leão. “Temos interesse. Além de economizar na maioria dos processos, o aterro irá gerar emprego e também renda com os impostos de notas fiscais”, diz Wickert.

Segundo o prefeito de Venâncio Aires, o fato de o município estar geograficamente bem localizado contribui de forma favorável para ser escolhido como sede. “Também possuímos boas áreas planas, o que torna possível obter licenças ambientais para o complexo.”

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De acordo com o Cisvale, a administração do empreendimento cabe ao conjunto dos municípios, na figura institucional do Consórcio, que poderá, no futuro, fazer a concessão do ponto. “Depois do início do projeto, em geral se cria um ambiente favorável à implantação de outras indústrias vinculadas à cadeia econômica do resíduo, desde firmas que separam e processam materiais recicláveis até empresas que utilizam o biogás para produção de energia. Tudo isso traz um impacto social na geração de emprego e renda”, ressalta Simone Schneider.

Segundo a química industrial, por outro lado, o município que ceder a área terá uma responsabilidade ambiental pelo empreendimento, além de ter que administrar alguns passivos sociais que esse tipo de ambiente produz. “É uma equação com possibilidade de vantagens e risco de desvantagens que cabem a cada administração local avaliar.”

Gerenciamento de resíduos em debate

O projeto do Cisvale também esteve em debate nessa quarta-feira, 30, no Seminário de Boas Práticas de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, promovido na Unisc pelo Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo (Corede/VRP). O objetivo do evento foi apresentar projetos com bons resultados desenvolvidos em diversas instituições da região.

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Um dos projetos apresentados foi o Ambienta Candelária, cujo objetivo é conscientizar a população sobre a correta destinação do lixo e ainda criar uma ligação com a cultura local. Através dele, entre outras ações, foram instalados ecopontos e biodigestores na cidade, além de 40 lixeiras temáticas em formato de dinossauro – dado que Candelária é reconhecida pelas pesquisas em torno da paleontologia – que comportam todos os tipos de lixo reciclável, como papel, papelão, latinhas, embalagens de leite e outros.

Lixeiras em forma de dinossauro fazem parte do projeto Ambienta Candelária

“Precisávamos melhorar a disposição das lixeiras na cidade e também valorizar uma das nossas referências, que é a paleontologia. Por isso unimos as duas necessidades criando essas lixeiras temáticas, em uma das ações que fazem parte do projeto Ambienta Candelária, desenvolvido desde o início deste ano pela prefeitura”, ressaltou o secretário de Administração do município, Dionatan Tavares.

Segundo o diretor da secretaria de Meio Ambiente, Albino Gewehr, as lixeiras de fibra são confeccionadas por uma empresa de Candelária e adaptadas por um artesão local. “Além das 40 atuais, estamos planejando instalar mais 40 para o ano que vem”, revelou.

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O evento contou ainda com a apresentação da Copercicla, que mostrou o modelo de gestão e manejo de resíduos sólidos aplicado em Santa Cecília do Sul; do secretário de Meio Ambiente de Venâncio Aires, Clóvis Schwertner, que falou sobre a experiência de operação da Usina de Transbordo e Triagem do município; e do Cisvale, que apresentou parte do estudo elaborado para criação do plano estratégico regional de resíduos sólidos.

“Selecionamos essas boas ideias e iniciativas para que as administrações integrantes do Corede tenham novas alternativas de gerenciamento de resíduos, possam adaptar às suas realidades e até mesmo implantar nos seus municípios”, frisou a analista ambiental da prefeitura de Vale do Sol e integrante do Comitê Setorial Ambiental do Corede/VRP, Graciela Pacheco.

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