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Direto da redação

O samaritano e o Instagram

Dias atrás estava ajudando o Ricardo Júnior no tema da catequese, quando nos surgiu uma leitura sobre o bom samaritano – aquele que ajudou um viajante espancado por assaltantes, depois que um sacerdote e um levita se omitiram de fazê-lo. Curiosamente, a história, de autoria atribuída a Jesus, só aparece no Evangelho de Lucas, o médico. Porém, trata-se de uma lição de conduta que deveria guiar não só o cristianismo, mas a humanidade toda.

O que mais deve ter chocado os ouvintes de Jesus é o aparecimento de um samaritano como protagonista-herói. Os samaritanos eram, para os judeus daquela época, mais ou menos o que os argentinos são para os brasileiros hoje.

Imagine, portanto, a situação: você é assaltado e espancado – uma narrativa bastante verossímil nos dias de hoje. Caído sobre a calçada, agonizando e sem voz para gritar, você ainda consegue distinguir, apesar do sangue sobre os olhos, o vulto de um padre, ou pastor, conhecido em sua comunidade, que apressa o passo e segue adiante sem ajudar. Em seguida aparece um outro sujeito, de quem você lembra vagamente. Quem era mesmo? Um diácono, um religioso fervoroso? Um membro de uma ONG? Um jornalista ou professor? Não é possível vê-lo muito bem, pois virou o rosto antes de ir embora.

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E, quando você está prestes a perder os sentidos e a esperança, aparece um terceiro sujeito, um tipo de melenas longas metido em uma camiseta do Riverplate, que se aproxima e avisa: “Hola, voy ayudar usted”. 

Brincadeiras à parte, a ajuda, na história, veio justamente de onde, por conta do preconceito, menos se esperava. Pois de onde se esperava, nenhuma ajuda veio. 

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Que atire a primeira pedra quem nunca bancou o levita da parábola. Quem nunca passou reto por alguém caído na calçada, alegando – para si mesmo – tratar-se apenas de um bêbado ou mesmo de um possível assaltante. 

A omissão sempre acompanhou a história da humanidade. Mas, talvez, esteja ainda mais latente em tempos como os de hoje, de relações humanas tão fluidas, em que somos avatares do bem – mas apenas nas redes sociais.

Pensando assim, perguntei ao Júnior, enquanto ele preenchia a lição, o que achava que a maioria das pessoas faria, nos dias de hoje, ao se deparar com o viajante espancado. “Tiraria uma foto para o Instagram”, foi a resposta. 

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Deu vontade de ajudar alguém? A Associação de Auxílio aos Necessitados segue com sua campanha para encontrar “padrinhos” aos idosos que vivem no asilo. Aliás, consta que vários bons samaritanos já entraram em contato, querendo participar. Que bom.

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