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Conversa Sentada

A sedução dos remates

Vou contar mais alguns episódios dessa minha vida estranha depois que conheci Maristela Genro, minha campeirinha parceira, mãe de nosso filho Rudolf.

Nos remates são levados gados de toda espécie, tanto para interessados em comprar, como para vender. Em Santiago o Sindicato Rural tem uma área para esse fim, com várias mangueiras e bretes que podem acomodar cerca de 4 mil animais. Terneiros, novilhos, bois, vacas vazias, vacas prenhas e assim vai.

Eu adoro assistir. Funciona assim: entra na pista, por exemplo, um lote de 20 terneiros de 180 quilos de peso médio. Os lances iniciam com o peso médio multiplicado pelo valor mínimo do quilo vivo ou pouco abaixo. Quem vence leva todo o lote. Muitas vezes lances, misturados com uísque, cerveja e vaidade, vão aumentando até que batem em valor excelente para o vendedor. Amiúde eu ia só para olhar e prosear com os amigos. De uma feita entraram em pista novilhas maravilhosas, brangus, pesadas, dois anos, prontinhas para inseminação. Meus campos lotados, inverno se aproximando, sem mais folga. A pista “fria”, sem lances. Os pisteiros querendo ao menos um lance para começar. Pronto: dei um lance baixo, muito abaixo da cotação, só para colaborar. Ninguém retrucou, o leiloeiro ofereceu os demais lotes com a mesma qualidade e eu acabei indo para casa com 100 novilhas, tendo que arranjar mais pastagens, pagando arrendamento. Maristela ficou me olhando. E eu lhe indaguei: são ruins? Não foram baratas? E ela: “tá bem, mas as deixe sem boia que tu vais ver!”. E de verdade, quem compra fêmeas não se arrepende, desde que não negligencie na nutrição.

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Muitas vezes levei terneiras e novilhas ao remate só para sentir o mercado. Fixava um preço inicial alto, para que ninguém as comprasse. Pois nunca pude voltar para casa com elas. A qualidade se defende. Saíam a um preço para lá de bom.

Na Expointer, numa noite, depois de um julgamento em que não fomos bem, cruzei perto de onde leiloavam cavalos crioulos da Cabanha Maufer. No palco uma égua crioula, gateada, excelentes aprumos, uma princesa, desfilava, louca de exibida, andar de rainha e os lances corriam. Parei. O leiloeiro do Canal Rural me saudou. Me pediu um lance. Maristela me cutucou: “cuidado que é brabo pagar na água mineral o que compraste no vinho.” Não quis saber. Cobri o lance e levei a “morocha” para casa. Maristela me ralhava. E eu redarguía: mas é de presente pra ti… E ela: “essa égua tem andar de rainha sim, mas um olhar de tirana…”.

Abraços para Elio dal Osto, Márcio Ozi  L. de Barros e Álvaro Beck

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