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Em ‘A barata’, escritor inglês homenageia Franz Kafka

Aos 71 anos, McEwan é um dos grandes nomes da literatura internacional, um gigante das letras inglesas

O ano de 2020 começa com novidades nas livrarias. Títulos de ampla repercussão e atualidade ganham edição nacional. O destaque promete ser o novo romance do escritor inglês Ian McEwan, A barata, com lançamento ainda em janeiro. Aos 71 anos, McEwan é um dos grandes nomes da literatura internacional, um gigante das letras inglesas. Em seus mais recentes trabalhos de ficção, tem demonstrado uma capacidade inventiva muito diferenciada, embalando em narrativas com estilo próprio enredos contados sob o ponto de vista, por exemplo, de um feto ainda na barriga da mãe, em Enclausurado, ou de um robô, em Máquinas como eu.

No novo livro, que agora chega ao Brasil, o autor homenageia claramente o tcheco Franz Kafka. Isso de certa forma já fica sugerido no próprio título, mas ainda mais na frase de abertura, divulgada pela editora de sua obra no País, a Companhia das Letras. “Naquela manhã, Jim Sams, inteligente mas de forma alguma profundo, acordou de um sonho inquieto e se viu transformado numa criatura gigantesca”, na tradução assinada por Jorio Dauster. Ao recuperar e homenagear o romance A metamorfose, de Kafka, McEwan compõe uma sátira política, numa transformação inversa: uma barata, da noite para o dia, descobre-se tendo assumido a forma humana de primeiro-ministro da Grã-Bretanha.

A partir desse mote, McEwan explora uma imensa gama de situações igualmente sui generis, como só poderia ocorrer na melhor literatura. O autor não coloca de ponta-cabeça apenas a própria reversão da metamorfose kafkiana. A partir dela, reverte as demais perspectivas da vida cotidiana: as pessoas, por exemplo, sob determinação do primeiro-ministro, agora pagarão para trabalhar, e serão pagas para consumir.

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A se lembrar que no pano de fundo da realidade na Europa vivencia-se a iminência do Brexit, a saída política e econômica da Grã-Bretanha do conjunto da Comunidade Europeia, já se tem uma nova leitura proposta para a “distopia” contemporânea idealizada por McEwan. Saber lidar com as emoções e os dramas no calor da hora em que acontecem só pode mesmo ser tarefa de um grande artista e intelectual, se alguém ainda tinha dúvidas de que McEwan é desse naipe.

Ficha

A barata, de Ian McEwan. Tradução de Jorio Dauster. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. 104 p. R$ 39,90.

Para conhecer Lutero
No ambiente dos estudos culturais, históricos e da religião, uma contribuição valiosa chega às livrarias em janeiro. A Objetiva lança aquela que é considerada a biografia definitiva do mais importante reformador religioso. Martinho Lutero: renegado e profeta, de autoria da australiana Lyndal Roper, 63 anos, chega em tradução de Denise Bottmann, em volume de 568 páginas, a R$ 99,90. Lutero é conhecido por, em 1517, ter afixado na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha, suas teses que afrontavam as práticas correntes na época dentro da Igreja Católica.

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O protestantismo, movimento religioso que se formou a partir dessa atitude, motivou o surgimento de igrejas como as luteranas, hoje existentes em todo o mundo. Lyndal recupera toda a trajetória de vida, de formação e ação de Lutero, na verdade um personagem complexo e cujas atitudes e ideias por vezes eram frontalmente contraditórias, como seu antissemitismo e seu comportamento reacionário. No entanto, permanece, cinco séculos após seu movimento de revolta contra a Igreja Católica, como um dos personagens mais emblemáticos da história da humanidade.

A Objetiva lança aquela que é considerada a biografia definitiva do mais importante reformador religioso

OUTRAS NOVIDADES
Em janeiro:
As pequenas virtudes, de Natalia Ginzburg, pela Companhia das Letras
Mulherzinhas, de Louisa May Alcott, pela Penguin
Um gênio muito estável, de Philip Rucker, pela Objetiva

Em fevereiro:
O inominável atual, de Roberto Calasso, pela Companhia das Letras
Contra a interpretação, de Susan Sontag, pela Companhia das Letras
Berta Isla, de Javier Marías, pela Companhia das Letras
Flush, de Virginia Woolf, pela Penguin
O assassinato do comendador v. 2, de Haruki Murakami, pela Alfaguara

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