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Nas livrarias

Livros de autoajuda são os que mais vendem

A sutil arte de ligar o fda-se, obra de Mark Manson publicada no País pela Intrínseca em 2017, foi o livro mais vendido no Brasil em 2018 e, de novo, em 2019. Manson, que tem 35 anos, é americano, blogueiro, consultor de desenvolvimento pessoal e autor best-seller de obras de autoajuda – depois ele lançou Fdeu geral: um livro sobre esperança? –, foi um dos destaques da Bienal do Livro do Rio de Janeiro no ano passado e sua vinda ao Brasil pode ter ajudado a impulsionar as vendas.

Na lista de livros mais vendidos, feita pela Nielsen Company (empresa de informação, dados e medição), só há livros de autoajuda – pessoal e financeira. Nenhuma obra de ficção. Dos 15 livros mais vendidos, nove já apareceram no ranking (de 21 livros) de 2018. E apenas um deles foi publicado em 2019: Brincando com Luccas Neto. Segundo os especialistas, isso é um sinal de que o mercado editorial não está conseguindo descobrir ou criar nenhum fenômeno em seu setor.

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Os brasileiros Paulo Vieira, coach, e Luccas Neto, youtuber, são os autores com mais livros entre os best sellers: dois, cada um. Eles também estavam na lista de 2018. Apenas duas mulheres aparecem no ranking neste ano: a brasileira Nathalia Arcuri, com Me poupe!, e a americana Carol S. Dweck, autora de Mindset.

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A LISTA
1º A sutil arte de ligar o f*da-se, de Mark Manson
2º Milagre da manhã, de H. Elrod
3º Do mil ao milhão, de T. Nigro
4º Seja foda!, de Caio Carneiro
5º Brincando com Luccas Neto, de Luccas Neto
6º As aventuras na Netoland, de Luccas Neto
7º O poder da autorresponsabilidade, de Paulo Viera
8º Os segredos da mente milionária, de T. Harv Eker
9º Me poupe!, de Nathalia Arcuri
10º O poder da ação, de Paulo Vieira
11º Pai rico, pai pobre, de R. Kiyosaki
12º Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dale Carnegie
13º Mindset, de Carol S. Dweck
14º O poder do hábito, de Charles Duhigg
15º Mais esperto que o diabo, de Napoleon Hill

Problemas demais
Algumas “sentenças” retiradas de A sutil arte de ligar o f*da-se:

“A felicidade não é uma equação que possa ser solucionada.”

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“As maiores verdades da vida são as mais desagradáveis de se ouvir.”

“Não espere por uma vida sem problemas, isso não existe. Em vez disso, torça por uma vida cheia de problemas pequenos.”

“Nossa crise não é mais material; é existencial, espiritual.”

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“A vida é basicamente uma série interminável de problemas.”

“Enxergar o que está diante do nariz exige um esforço constante.”

“O cérebro humano tem uma peculiaridade traiçoeira que, se não tomarmos cuidado, pode nos enlouquecer.”

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“Os problemas nunca somem, eles só diminuem.”

F*da-se a lista!

Mauro Ulrich
[email protected]

Sou leitor desde que me alfabetizei com o auxílio de um álbum de figurinhas da Copa do Mundo de 1970, movido pela minha primeira paixão, o futebol. Eu conhecia os jogadores, seus nomes; então, aprendi a ler por associação, da imagem deles com as letrinhas que vinham embaixo dos cromos. Esse álbum foi o meu último best-seller.

Sei lá, talvez por birra de guri, mesmo, nunca me interessei muito por aquilo que todo o mundo está lendo. Autoajuda, então, eu corro! O caminho inverso – ou outro caminho – sempre me pareceu mais estimulante, intelectualmente falando. A poesia é a minha autoajuda! Mas não resisti à tentação de dar uma espiada, na Iluminura, neste A sutil arte de ligar o fda-se. Afinal, por dois anos consecutivos foi o livro mais vendido no Brasil. É uma muito bem feita edição da Intrínseca, com uma chamativa capa cor de laranja, letras pretas em caixa alta na frente e um adesivo no canto superior direito onde diz que “mais de 1 milhão de pessoas já ligaram o FDA-SE”. A letra “O”, do “fda-se”, na verdade não é um asterisco, mas a simulação de um pingo, preto, que estivesse se estatelando ali e se transformado em uma mancha, negra. Não é feio. É tosco. E fiquei pensando “por que não escrever o ‘fda-se’ logo de uma vez, né?”. Para manter uma imagem púdica e inocente é que não! E na capa tem ainda um subtítulo, em letras brancas: “Uma estratégia inusitada para uma vida melhor”. E o nome do autor, é claro: Mark Manson.

O cara não é bobo, evidentemente, e começa (bem) com um exemplo humano de alguém que é bastante conhecido até mesmo por quem sequer, um dia, se aproximou de um livro: o escritor Charles Bukowski. Talvez uma tentativa de fisgar gente como eu, que se diverte com as estripulias do velho Buk. Mas a sua existência, no livro, não passa da terceira página, e o que vem depois, até a página 223, é uma sucessão de frases feitas que você pode muito bem ouvir em qualquer canal de TV que transmite as missas de domingo.

Em resumo, para Mark Manson, “ligar o fda-se” é o mesmo que não estar nem aí para os problemas. Simples assim. Ignore os percalços que te mancham a alma, acredite em um mundo simples e perfeito, e seja feliz na ingenuidade. Se não conseguir? Fda-se!

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