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LITERATURA

Para viajar sem tirar as crianças de casa

O escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, na abertura de seu livro mais famoso – talvez o mais conhecido livro da face da Terra, depois da Bíblia –, O pequeno príncipe, pede perdão para as crianças por dedicar sua obra para um adulto, Leon Werth. E ele enumera alguns motivos para isso, dentre os quais o fato de Leon ser o seu melhor amigo. E também porque, segundo Antoine, “essa pessoa grande (o Leon) mora na França e ela tem fome e frio. Ela precisa de consolo.” E Leon, um dia, também já foi criança.

Estamos vivendo um período em que todos, de uma certa maneira, precisam de consolo, ao mesmo tempo em que necessitam ser o melhor amigo… de si e de quem está bem próximo. Privados temporariamente de uma rotina escolar normal e de todo e qualquer tipo de convívio social por conta do coronavírus, as crianças e os pré-adolescentes esperam de você, dos pais ou responsáveis, uma solução legal para tornar estes dias de chumbo, pelo menos um pouco mais leves para eles. E, para tanto, o caderno Magazine elegeu os livros como a melhor companhia, a começar pelo próprio O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry (Harper Collins, 94 páginas, R$ 21,90).

Claro que um especialista no assunto, o livreiro Pedro Zinn, 23 anos, que há dois trabalha no time de frente da Livraria e Cafeteria Iluminura, auxiliou de forma muito cordial – e competente! – nesta agradável empreitada. Pedro, não faz muito, também já foi criança e sabe direitinho o que elas mais gostam de ler.

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Por conta da quarentena, o livreiro disse que a direção da loja esteve reunida com os seus funcionários na quinta-feira à noite e decidiu que eles não vão fechar, porem vão trabalhar com um horário reduzido, que seria definido ainda neste final de semana. O telefone da Iluminura é o 3056 2871, e o e-mail [email protected].

O que pode ajudar a seduzir as crianças em O pequeno príncipe é que ele é todo ilustrado com aquarelas produzidas pelo próprio autor. Apesar da presença explícita de dois personagens e do registro de um diálogo entre um aviador e uma criança, diversos aspectos autobiográficos estão presentes na narrativa, publicada pela primeira vez em 1945.

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Por intermédio de imagens simbólicas, as passagens de ordem temporal, na vida do autor, estão ali presentes: casamento/separação, profissões, sonhos, decepções. Os dois personagens tornam-se representações do próprio Saint-Exupéry, em um monólogo interior entre o “eu” e o “outro”. E você pode ler livro acompanhando o filme, no Youtube.

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DICAS

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O melhor lugar
Na linha infantil de descobrir coisas por aí está Aqui, ali e em todo lugar (Martins Fontes, R$ 64,90), de Sam McBratney, que retoma os personagens de Adivinha quanto eu te amo, de 2018, que fez sucesso no mundo inteiro.

Em quatro pequenas histórias, o Coelhinho Marrom sobe na “árvore esconderijo”, foge da neblina das “montanhas nubladas” e vai sozinho até os campos distantes. E, no fim, ele descobre que o melhor é a “volta para casa”, porque lá está seu pai, o Coelho Marrom.

As fábulas do bem
Os textos de Jean de la Fontaine adaptados por Regina Drummond para uma edição da Paulus, Fábulas de la Fontaine (80 páginas, R$ 60,00), de 2018, também se configuram em preciosa publicação para crianças, nestes tempos de recolhimento. Ainda mais com as ilustrações de Veruschka Guerra. La Fontaine viveu na França, de 1621 a 1695, e frequentou a corte de Luis XIV, o Rei Sol, o que lhe serviu de base para as fábulas que o tornaram famoso. Ele também reescreveu algumas das fábulas de Esopo (século VI a.C.). Foi um grande contador de histórias, e um grande observador do cotidiano de sua época.

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Uma história de cor
O jornalista e escritor Tarso de Castro considerava Flicts, de Ziraldo, que conta a historinha da cor que dá nome ao livro, “uma das coisas mais bonitas já feitas neste país”. Com esta nova edição da Melhoramentos, (80 páginas, R$ 59,00) que saiu no ano passado, comemorativa de 50 anos, a partir da primeira, de 1969, ficou ainda mais bonito. Outro jornalista, o Zózimo Barroso do Amaral, escreveu no Jornal do Brasil, em 20 de agosto de 1969: “Uma obra de beleza incomparável.” Flicts, uma cor desprezada pelas outras cores, vira um sucesso quando… Bem, é melhor que você descubra, lendo o livro.

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Vamos muito longe
O best-seller que encantou leitores de todo o mundo, de Francesca Cavallo e Elena Favilli, está de volta com novas fábulas da vida real. Histórias de ninar para garotas rebeldes 2 (V&R Editoras, 210 páginas, R$ 109,90) celebra mais 100 mulheres extraordinárias – da jogadora Marta à cantara Beyoncé, da revolucionária Anita Garibaldi à escritora J. K. Rowling. Rainhas e ativistas, bailarinas e advogadas, piratas e cientistas, astronautas e inventoras – experiências de vida incríveis que vão inspirar a construção de um mundo melhor.

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Os textos que remetem ao estilo de conto de fadas começam com o clássico “Era uma vez”, pois, segundo Favalli, a ideia é dar uma boa sensação, para embalar o sono das pequenas e dos pequenos antes de dormir. “Tudo o que podemos sentir é esperança e o entusiasmo pelo mundo que estamos construindo. Um mundo onde gênero não defina quão alto você pode sonhar nem quão longe você pode ir.”

Não é o fim
Depois que o planeta é invadido por monstros e zumbis, Jack se une aos seus amigos para encarar o apocalipse, com muitas aventuras e diversão. Assim é Os últimos jovens da Terra – 4 contra o apocalipse (Faro Editorial, 232 páginas, R$ 34,90), de Max Brallier, com ilustrações de Douglas Holgate, livro que originou a série que você pode acompanhar no Netflix. O autor parte do princípio de que “o fim do mundo é melhor com os amigos”.

O livro tem sido considerado a mistura perfeita entre Diário de um Banana e The Walking Dead. Jack é um garoto de 13 anos que precisa encarar o apocalipse zumbi sozinho… ou não tão sozinho assim. No meio do caos que acontece no planeta, ele se junta ao seu melhor amigo nerd, ao ex-valentão da escola e à sua crush June Del Toro para encarar os desafios de um mundo dominado pelos zumbis. Aventura e diversão em um só lugar.

Onde tudo é maravilha
Os livros da editora Darkside dão gosto só de olhar! E as publicações de seu selo infantil, o Caveirinha, realmente mexem com a imaginação das crianças, desde a capa até a última página. Com muito capricho, lançou recentemente uma sensacional versão para Alice no País das Maravilhas (80 páginas, R$ 49,90), de Lewis Carrol, com tradução de Marcia Helena e as sensacionais ilustrações de John Tenniel, que vai impressionar a família inteira.

O livro conta a história de Alice, uma menina curiosa que segue um Coelho Branco de colete e relógio, mergulhando sem pensar na sua toca. A protagonista é projetada para um novo mundo, repleto de animais e objetos antropomórficos, que falam e se comportam como seres humanos. No País das Maravilhas, Alice se transforma, vive aventuras e é confrontada com o absurdo, o impossível, questionando tudo o que aprendeu até ali. A menina acaba fazendo parte de um julgamento sem sentido e sendo condenada à morte pela Rainha de Copas.

As ilustrações foram mantidas em preto-e-branco e um texto de abertura sugere que elas sejam coloridas e transformadas pelo olhar encantado de cada leitor. Um bom passatempo para estes dias em casa. O livro todo é um pequeno portal em que as palavras nos fazem sonhar.

Tudo o que veio de lá
A arte de contar histórias é muito antiga e surgiu antes mesmo da escrita. Na África, o contador de histórias é chamado de “griô”. Ele é o mestre das artes e da cultura popular e tem o papel de levar o conhecimento à aldeia. A escritora Silvana Salerno, apaixonada pela cultura brasileira, e com uma série de livros premiados, foi conhecer o continente e entender a sua influência na nossa cultura.

Em África – Contos do rio, da selva e da savana (Girassol, 80 páginas, R$ 60,00) são contadas histórias da África que ajudaram na formação da cultura brasileira, pois vieram dos países de onde os africanos foram trazidos como escravos para o Brasil. Uma leitura rica e interessante, com belas ilustrações feitas pela artista plástica Ana Lúcia.

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Mensagem de esperança
Outro livro que dá para ler acompanhando a série no Netflix é o luxuoso Nosso planeta – O único lar que temos (Harper Collins, 93 páginas, R$ 79,90), de Matt Whyman, com ilustrações de Richard Jones, e fotos de alguns dos mais importantes fotógrafos de todo o mundo. Na verdade, uma celebração visual do mundo natural, que combina as fotografias extraordinárias da série com belíssimas ilustrações, que trazem animais e plantas da terra e da água à vida de maneira envolvente e única.

É um convite para descobrir paisagens congeladas, densas florestas e vastos oceanos. Você poderá ver como esses biomas fascinantes se conectam para criar o único lugar que podemos chamar de casa – o nosso planeta. Vai inspirar e divertir as crianças. E sua mensagem de esperança ecoará em toda a família. Muito apropriado.

Na terra dos hobbits
Caprichada é também a edição da Harper Collins Brasil para O hobbit (329 páginas, R$ 59,90), de J. R. R. Tolkien, história de grande aventura, empreendida por um grupo de anões em busca do ouro guardado por um dragão. O parceiro relutante nessa demanda perigosa é Bilbo Bolseiro, um hobbit amante do conforto e nada ambicioso, que surpreende até a si mesmo com sua desenvoltura e habilidade como gatuno.

Bolseiro era um dos mais respeitáveis hobbits de todo o Condado, até que, um dia, o mago Gandalf bate à sua porta. A partir de então, toda a sua vida pacata e campestre soprando anéis de fumaça com seu belo cachimbo começa a mudar. Ele é convocado a participar de uma aventura por ninguém menos do que Thorin Escudo-de-Carvalho, um príncipe do poderoso povo dos Anões.

Essa jornada fará Bilbo, Gandalf e 13 anões atravessarem a Terra-Média, passando por inúmeros perigos, sejam eles os imensos trolls, as Montanhas Nevoentas infestadas de goblins ou a muito antiga e misteriosa Trevamata, até chegarem – se conseguirem – à Montanha Solitária.

Lá está um incalculável tesouro, mas há um porém. Deitado em cima dele está Smaug, o Dourado, um dragão malicioso que, bem, você terá de ler e descobrir, certo? Lançado em 1937, O hobbit é uma espécie de divisor de águas na literatura fantástica mundial. Mais de 80 anos após a sua publicação, o livro, que antecede os ocorridos em O senhor dos anéis, continua arrebatando fãs de todas as idades, talvez pelo seu tom brincalhão com uma pitada de magia élfica – ou talvez porque Tolkien tenha escrito um dos melhores livros infantojuvenis de todos os tempos.

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