Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Especial

O racismo persiste: casais ainda sofrem com o preconceito

Juntos há nove anos, os santa-cruzenses Jéssica Carolina do Nascimento e Antonio Marcos Kretzmann construíram uma história de amor e cumplicidade. No entanto, a trajetória dos dois também foi marcada pela necessidade de enfrentar olhares preconceituosos. Hoje os pais da pequena Mariah, de 6 anos, acreditam que as reações em relação à diferença na cor de pele do casal foram amenizadas. Mas já incomodoram muito. “Acho que está mudando, devagar, mas está”, opina a jovem. Para os entrevistados ouvidos pela Gazeta do Sul sobre preconceito relacionado à cor, raça ou etnia, admitir e debater a existência do racismo é um dos principais meios de combatê-lo. 

É consenso entre Jéssica e o marido que o racismo não se manifesta somente por meio de gestos ou palavras. “As pessoas não falavam nada, mas olhavam bastante. Eu ficava até brava. No começo foi muito difícil”, lembra a dona de casa, de 23 anos. Até o sobrenome de Antonio Marcos Kretzmann, de 39 anos, foi motivo para que o casal passasse por situações constrangedoras. Ao levar a filha ao médico, ela conta também ter diversas vezes percebido certa surpresa. “Eles chamavam Mariah Kretzmann e eu levantava com ela. Ficava claro que as pessoas estavam pensando ‘o que ela quer com essa criança?’.” 

Quando Mariah, que completa 7 anos em outubro, ainda era bebê, a mãe conta que chegava a ser questionada se era babá da menina. “Ela era bem branquinha. As pessoas me perguntavam se eu estava cuidando dela.” Jéssica diz que ainda hoje sente que o preconceito persiste. “Tem gente que pensa que negro tem que casar com negro e branco com branco. Às vezes, eu acho que isso nunca vai acabar. Isso é muito triste. Ainda tem muita gente ignorante.” Kretzmann é um pouco mais otimista. “Eu acho que com o tempo, ao menos com a gente, foi mudando um pouco isso.”

Publicidade

Jéssica recorda que, quando criança, passou por momentos difíceis. “Eu sofria muito. Tinha várias colegas loirinhas e muitas não queriam brincar comigo. Mas sempre tinha uma que era diferente. Andava sempre eu e mais uma ou duas, enquanto as outras tinham uma turma maior.” Quando chegou ao mercado de trabalho, ela conta que também sentiu os efeitos do preconceito. “Trabalhei em um mercado e pessoas, quando precisavam de algo, perguntavam pra qualquer outro que fosse branco, mas não vinham falar comigo. Não acreditavam que eu era a fiscal de caixa.” Os dois concordam que ainda são necessários muitos avanços, especialmente na forma de educar as crianças. “Não adianta ela aprender na escola que isso é errado e chegar em casa e ouvir dos pais o contrário.”

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NA GAZETA DO SUL DESTE FIM DE SEMANA

Publicidade

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.