Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Economia

Reflexões sobre o Dia das Crianças

No dia 12 de outubro passado, além de feriado nacional, em homenagem à padroeira do Brasil –  Nossa Senhora Aparecida -, comemoramos , também, o Dia da Criança. Foi um feriadão quase perfeito, não fosse a chuva que castigou, durante vários dias, nosso Estado, provocando muitos estragos, e que fez, também, que muitas famílias não pudessem viajar ou se divertir, como haviam programado. Muitas crianças – e adolescentes  que, nesse dia,  gostam de lembrar que são crianças ainda… –  receberam seus presentes, geralmente escolhidos ou encomendados por elas mesmas e  aguardados com muita ansiedade.

Uma das primeiras questões que os adultos precisam enfrentar, em qualquer momento, e, especialmente, em datas específicas, como o dia da criança, é com relação às chantagens emocionais. Muitas vezes, o pedido para ganhar de presente determinado item vem seguido de fases ou promessas do tipo “eu prometo que faço – ou não faço mais -, isso ou aquilo”, “nunca mais vou pedir outra coisa” , “todo mundo tem”, e por aí vai.. . Pesquisa constatou que 52% dos pais ou responsáveis entrevistados já cederam à pressão dos filhos quando vão às compras, mesmo sabendo que, em alguns casos, o atendimento do pedido pode afetar o equilíbrio financeiro do orçamento familiar.

Resistir ao apelo de uma propaganda ou não se deixar  influenciar pelos comerciais, vitrines e anúncios já é difícil para adultos, embora, eventualmente, necessário. Para as crianças, então, é pior, ainda mais que elas passam, em média, 5 horas por dia, vendo e ouvindo a TV,  expostas, permanentemente, à avalanche publicitária de mensagens, às vezes de forma subliminar,  de produtos cada vez mais sofisticados e que, no lançamento, custam mais. Além disso, as crianças de hoje, nascidas na era digital, crescem conhecendo novas invenções e, naturalmente, atraídas por elas, desejam possui-las.  Diante de tantas oportunidades e publicidades, está se criando uma geração de crianças consumistas. O educador financeiro Reinaldo Domingos avalia  que  “as ferramentas comerciais fazem com que as crianças fiquem hipnotizadas e acabem querendo ter tudo o que vem pela frente, e isso sem contar a influência de amigos e colegas”.  A criança que é acometida pelo consumismo infantil  torna-se angustiada, dispõe de pouca paciência para enfrentar situações que envolvam frustração e quer que as coisas se resolvam rapidamente.  Em alguns casos, o consumismo infantil pode desencadear até mesmo doenças, como alergias, depressão, agressividade, hiperatividade, ansiedade, além de febre e irregularidades no sono.

Publicidade

Nos dias de hoje, conversar com os filhos sobre os mais diversos assuntos já é bastante comum. Entretanto, ainda é  difícil os pais ou responsáveis falarem sobre dinheiro com eles. Um dos motivos, talvez, seja que os próprios adultos têm dificuldades de lidar com o orçamento, escondendo e enfrentando, muitas vezes, problemas financeiros. Por isso, sentem-se pouco à vontade de conversar a respeito com os filhos. Os pais compram um carro novo, por exemplo, mas não mostram para os filhos o financiamento nem as dificuldades que, eventualmente,  precisam vencer para pagar aquele veículo.  É que dinheiro representa poder e, portanto, falar sobre dinheiro e, pior, abrir  as contas da família – quanto entra, quanto e onde é gasto, etc.- pode significar abrir mão ou até perder o comando.

Além dos presentes, o Dia das Crianças, como em qualquer data,  pode ser aproveitado para iniciar a inclusão financeira de crianças e jovens, o que compreende : 1) mostrar, por exemplo, o cuidado que se deve ter na hora de comprar o presente, principalmente se a família está com dificuldades financeiras ou endividada;2)  questionar e explicar para que servem – ou deveriam servir – os impostos embutidos em cada produto comprado; 3) discutir a diferença entre  precisar ou apenas querer; 4) ter consciência que modelos e marcas famosas custam mais; 5) entender que toda escolha implica em renúncia: não dá para querer tudo, ao mesmo tempo; 6) pesquisar preço e pedir desconto: são frequentes as variações significativas de preço para um mesmo produto;  7) atentar para a qualidade do produto e a ética (evitar o comércio ilegal); 8) ensinar a poupar e investir; 9) aprender a doar (estimular a escolha de algum brinquedo usado para ser doado).

Publicidade

O mais importante, muitas vezes esquecido, é os pais ou responsáveis se lembrarem que as crianças de hoje serão os adultos de amanhã, motivo pelo qual devem trabalhar, incentivar e, principalmente, viver os valores que desejam que perdurem ao longo do tempo. Infelizmente, vivemos um período  em que a banalização e institucionalização da corrupção podem deixar marcas indeléveis, principalmente nas novas gerações. Nem todo pai ou responsável vai conseguir ser  tão bom pai quanto, por exemplo,  foi  Lula para seus filhos, que ficaram milionários da noite para o dia, sabe-se lá de que maneira e com que métodos.  Ao contrário, a maioria dos pais brasileiros está enfrentando dificuldades para tentar dar uma boa educação aos seus filhos,  manter acesa sua esperança no amanhã melhor e mais descente, apesar da crise, do fato ou do risco do desemprego, da inflação crescente e tantas outras mazelas que estão afligindo  a sociedade brasileira.

Mesmo assim, a vida continua. Como todos já ouvimos, acreditamos e, talvez, até replicamos, é na crise que surgem as maiores oportunidades. Podemos ter todos os motivos do mundo para reclamar – geralmente, com razão -, mas, precisamos fazer algo para mudar. A  situação ,  eventualmente desfavorável,   é o momento para procurar aprender a lidar com ela e, ao mesmo tempo, passar esse conhecimento  às crianças e jovens. Um dos principais  motivos que contribuem para que as pessoas fiquem mais preocupadas ou até desesperadas com as notícias e fatos negativos que envolvem a economia brasileira, atualmente, é a falta de educação financeira. Simplesmente porque vivemos, durante alguns anos, o agora, gastando e fazendo financiamentos  sem qualquer planejamento, e sem nos preocuparmos em fazer uma reserva financeira.  Existem várias fontes onde buscar  a educação financeira: livros, jornais, revistas, programas de televisão, sites da internet – um deles, a DSOP Educação Financeira -,  palestras, cursos, enfim, o assunto está “na moda”. Aproveitar a passagem do Dia das Crianças como marco de mudanças no comportamento financeiro, tanto dos adultos quanto das crianças e jovens, estabelecendo sonhos. Afinal, são os sonhos que movem e dão força às pessoas para que elas comecem a poupar para realizá-los.

Publicidade

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.