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ideias e bate-papo

O penúltimo romântico

Depois de certa idade, hábitos se transformam em manias. É inevitável. Por isso, como diz o ditado moderno, “admite que dói menos”. Faço um grande esforço para assimilar novidades neste momento de “quase sexagenário”.

Semana passada descobri ser portador de hérnia de disco, mal que acometeu meu pai, um calvário que impingiu dor e sofrimento. Após comentar a novidade com amigos, recebi uma enxurrada de dicas: quiropraxia, acupuntura, fisioterapia, exercícios supervisionados. São valiosas dicas que vou sistematizar com o binômio eficiência-custo.

Outra mania que mantenho ao longo de 58 anos – serão 59 em junho – é o romantismo. Sim, estou representado pela expressão “o último romântico”, cantada pelo rei Roberto Carlos. Conservo hábitos do tempo de adolescente, na década de 80, quando pequenos gestos eram sinônimo de confissão de amor eterno.

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 Minha mania mais frequente é deixar bilhetes manuscritos sob a escova dental da Cármen. São mensagens como “um ótimo dia, saúde e bênçãos”. Desejos triviais com o objetivo de mostrar que lembrei e valorizo a presença da mulher que me aguenta há mais de 30 anos e mãe de dois filhos maravilhosos.

Ao menos duas vezes por mês, compro flores em datas “nada a ver” com ocasiões especiais como Dia das Mães, dos Namorados ou aniversários. Além de gostar do colorido, considero uma manifestação de afeição e carinho para quem merece o reconhecimento pelo tempo de convivência em comum.

 Gosto, também, de comprar pequenos mimos – termo pra lá de antigo ou retrô, que foi atual há muitas décadas. Na Páscoa, por exemplo, comprei algumas lingeries, embora há algum tempo tenhamos combinado não gastar dinheiro entre nós nessa data. Mas eu estava no shopping e resolvi comprar. Simples assim!

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A face que mais valorizo no romantismo é o cavalheirismo. São estes pequenos gestos de abrir a porta do carro para a amada, deixá-la sair primeiro do elevador, mandar um WhatsApp sem motivo especial no meio do dia.

 “Vamos almoçar ou tomar um cafezinho no final do dia… Estou com saudades!” É uma singela mensagem para demonstrar que lembrei dela, que tantas alegrias me deu ao longo de três décadas de cumplicidade. Para alguns, certamente, tudo isso que descrevi até aqui soa bobagem, devaneios de um imaturo senhor. Democracia é isso, livre manifestação de pensamento e opinião.

 Sofro ao constatar o baixo nível da maioria das relações afetivas, restritas ao envolvimento físico, do relacionamento descartável, fugaz. Nunca tivemos tantas ferramentas para aproximar as pessoas, mas crescem assustadoramente as estatísticas de depressão, solidão e suicídios. “Novos tempos”, dirão, mas sou da velha guarda, dos românticos que acreditam nos gestos para demonstrar amor, sentimento transformador.

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