Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), promovida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, mostra que, no mês de fevereiro, 76,4% das famílias brasileiras se encontravam endividadas. Dessas, 28,6% estão inadimplentes, quer dizer, com contas atrasadas, e desses, 13% disseram não ter como pagar. Entre as dívidas mais comuns está em primeiro lugar, disparado, o cartão de crédito com 83,8%. Seguem os carnês, com 17%, e os créditos pessoais, com 10,5%.
Atire a primeira pedra quem não tiver dívidas. Todos temos, muitas vezes sem nos darmos conta. Por exemplo, à medida que passam os dias do mês, acumulamos dívidas com o aluguel, o condomínio, a conta do telefone e tantas outras que, se forem pagas na data do vencimento, dão inicio a um novo o ciclo. Claro, existem dívidas mais conscientes, utilizando créditos de várias espécies para realizar alguma necessidade ou antecipar sonhos, como a compra de uma geladeira, do carro, da casa própria.
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Vivemos numa sociedade em que as propagandas, as ofertas, as facilidades de crédito são um convite permanente para o consumo, abrindo as portas para o risco do endividamento. Ocorrem, também, problemas, pontuais como a perda do negócio, do emprego, alta de juros com potencial para detonar com qualquer equilíbrio financeiro. Existem, ainda, alguns comportamentos que podem acabar em sérios problemas financeiros, como:
- 1) Manter um padrão de vida artificial, não compatível com a renda ou o salário;
- 2) Deixar-se influenciar pela ostentação, nas redes sociais, de pessoas próximas ou conhecidas;
- 3) Acompanhar familiares, amigos, colegas em atividades ou eventos, sem ter condições financeiras;
- 4) Entrar em jogos virtuais, como o “Jogo do Tigrinho” ou bets, na esperança de ganhar um dinheiro extra ou até para pagar as dívidas.
Uma característica comum das pessoas que pode ser prejudicial para o bolso e a saúde delas é a procrastinação. Infelizmente, procrastinar, isto é, adiar uma ação quando as situações exigem atitudes imediatas em decisões financeiras:
- 1) Protelar para conhecer nossos verdadeiros gastos, não fazendo um diagnóstico da situação financeira;
- 2) Deixar para depois o planejamento e controle financeiro, mesmo se estiver negativo todo mês;
- 3) Utilizar cartões de crédito, limites de cheque especial e outros créditos para cobrir os rombos o orçamento.
Algumas pesquisas, conduzidas principalmente por universidades norte-americanas, identificaram quatro efeitos perigosos das dívidas na saúde e na vida das pessoas:
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- 1) Estresse e problemas de saúde;
- 2) Depressão;
- 3) Problemas de relacionamento;
- 4) Queda de produtividade e concentração no trabalho.
Os números de famílias com dívidas, inadimplentes e sem condições de pagar mostram que muitas enfrentam dificuldades para fechar o mês com saldo positivo. Quanto antes a família organizar suas contas, mais rápido conseguirá equilibrar seu orçamento e evitar novos problemas. Com um planejamento é possível reduzir juros, renegociar dívidas e evita novos gastos desnecessários.
Anderson Andrade, conselheiro de empresas, mentor, palestrante, preparou um passo a passo para organizar as finanças familiares ou pessoais, pagar as dívidas e respirar aliviado:
- 1) Entender sua realidade financeira: apurar o ganho, em que é gasto, as dívidas;
- 2) Priorizar o pagamento das dívidas: as de juros mais alto e as que implicam em corte de serviços ou perda de bens;
- 3) Renegociar as dívidas com os credores;
- 4) Registrar todas as despesas;
- 5) Organizar um orçamento;
- 6) Criar uma reserva para imprevistos;
- 7) Buscar uma renda extra;
- 8) Investir o dinheiro poupado.
Levar em conta apenas as recomendações ou o passo a passo de especialistas pode não dar certo e ser muito frustrante. A solução vai além de levantamentos, pesquisas, planilhas, números, cálculos ou considerações técnicas. Deve passar necessariamente pelo comportamento financeiro.
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