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LUÍS FERNANDO FERREIRA

O mundo em uma palavra

“Mãe” é uma palavra que soa de modo semelhante nas mais diferentes línguas. Temos mother em inglês, mutter em alemão, mat em russo, mére em francês, madre em espanhol, manman em haitiano, mor em sueco, dinamarquês e norueguês. Só para citar alguns exemplos. É uma familiaridade que ultrapassa fronteiras e culturas. No idioma oficial da Índia, o híndi, fala-se mae; em suaíli, na África, mama.

Há uma explicação para esse caráter universal. Os bebês, quando mamam, emitem um som muito parecido com a sílaba “ma”, seja em que lugar do mundo estiverem. Não é só uma palavra, portanto, mas uma expressão primordial de vida. Quase como respirar. E celebramos o Dia das Mães em maio, mês cujo é inspirado pela deusa greco-romana Maia, filha de Atlas, mãe de Mercúrio e, dizem, responsável pelo crescimento das plantas na primavera.

Cabe o mundo inteiro nessa palavra minúscula. Mas o que fazem as mães, ou o que as torna quem são? As mesmas perguntas instigaram a curiosidade de Marcelino, garoto de um velho filme espanhol conhecido por muitos. Marcelino Pão e Vinho, de 1955, conta a história de um órfão abandonado à porta de um mosteiro. Ninguém sabe quem são seus pais, nem se estão vivos, e ele cresce sob os cuidados de 12 frades.

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Aos 5 anos, o menino descobre uma antiga imagem de Jesus Cristo no sótão, e passa a conversar com ela. De tanto falar em diferentes ocasiões, mal se surpreende quando o Crucificado decide lhe responder.
E a maior preocupação de Marcelino só poderia ser uma.

– Como elas são? O que elas fazem, as mães?
Com seu ar grave, Cristo diz:
– Elas dão, Marcelino. Sempre.
– E o que elas dão?
– Elas próprias. Dão a vida e a luz de seus olhos a seus filhos, até ficarem velhas e enrugadas.
– Elas ficam muito feias?
– Não, Marcelino. As mães nunca ficam feias.

É verdade. Pelo menos assim me parece.

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Penso em minha mãe, que sempre tem um sorriso para oferecer, mesmo nas horas difíceis. Nem sempre obteve a justa retribuição. Mas vamos em frente. “Não posso me permitir não ser feliz”, ouço ela dizer. E sei que está certa.

O mundo se concentra ali, naquele momento. E é o que basta.

(Publicado originalmente em maio de 2023)

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