Um dia depois de anunciar a liberação da vacina contra a gripe para toda a população, o governo gaúcho começou a avaliar nessa sexta-feira uma ação emergencial. Diante do aumento nas internações que têm levado à lotação de hospitais em vários municípios, a intenção da Secretaria Estadual da Saúde é decretar calamidade pública. Há poucos dias, Porto Alegre já havia anunciado situação de emergência em razão da falta de leitos.
Além da alta nas internações, o desafio tem sido justamente a cobertura vacinal, que está bem abaixo do esperado e tende a elevar o número de pacientes internados com a proximidade do inverno. Em entrevista, a secretária da Saúde, Arita Bergmann, confirmou que o decreto de calamidade pública está em cogitação diante do cenário que vem sendo enfrentado.
Segundo ela, os indicadores da pasta mostram um aumento considerável na quantidade de internações em razão de síndromes respiratórias. Por outro lado, 29,28% da população total está vacinada. Arita ainda lamentou o fato de que o imunizante esteja disponível, mas disse que as pessoas não estão procurando.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Vacinação contra gripe é liberada para o público geral no Rio Grande do Sul
Até mesmo entre a população idosa, a primeira a ser incluída no esquema de imunização, o índice é baixo. Conforme a Secretaria Estadual, 35% do público com mais de 60 anos recebeu a vacina. No outro extremo, entre as crianças, a taxa é ainda menor. Apenas 14% receberam a dose contra a influenza. Com o decreto de calamidade na saúde, o Estado passaria a contar com recursos federais para custear o suporte à população. Esses valores podem, por exemplo, ser destinados para a ampliação dos leitos de UTI.
Até quinta-feira, 15, o Rio Grande do Sul tinha mais de 1,4 milhão de pessoas já vacinadas contra a gripe neste ano. Isso representa uma cobertura de 28,5% entre os grupos das crianças (acima de seis meses a menores de 6 anos), idosos (60 anos ou mais) e gestantes. Iniciada oficialmente em 7 de abril, a campanha tem como meta alcançar 90% de cobertura entre esses grupos.
Publicidade
Entenda
- 1 – O Ministério da Saúde promoveu no sábado, 10, um Dia D de vacinação contra a gripe em todo o território nacional (em Santa Cruz foram 579 doses). A ação buscava frear o aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no País. Este ano, já houve registro de 45,2 mil casos, 42,9% deles associados a algum vírus: 38,4% foram causados pelo vírus sincicial respiratório (VSR), 27,9% pelo rinovírus e 20,7% pelo coronavírus. Os dois principais tipos de vírus da gripe, influenza A e B, causaram respectivamente 11,2% e 1,6% dos quadros.
- 2 – Diante do cenário e do aumento nas hospitalizações de crianças, a pasta anunciou um incentivo anual, em caráter excepcional, de R$ 100 milhões para reforçar o atendimento a esse público no SUS. A maioria dos casos de VSR tem sido registrada entre crianças de até 2 anos, especialmente nas Regiões Centro-Sul, Norte e Nordeste.
- 3 – O imunizante é capaz de evitar entre 60% e 70% dos casos graves e mortes, de acordo com o Ministério da Saúde. Além disso, evidências indicam que a vacina é capaz de reduzir o risco de eventos cardiovasculares graves, como enfarte, acidente vascular cerebral (AVC) e morte cardiovascular.