Com uma taxa de inadimplência de 32%, é correto dizer que, a cada três consumidores santa-cruzenses, pelo menos um possui um ou mais registros de negativação junto aos órgãos de controle do crédito. No levantamento mais recente, apurado no mês de maio no município, 31.515 CPFs estão no cadastro de inadimplência, e, segundo especialista, a tendência de crescimento está associada a situação econômica e a incerteza do mercado interno e externo.
De acordo com a executiva do Sindicato do Comércio Varejista de Santa Cruz do Sul e Região (Sindilojas-VRP), Gicele de Arruda, comparando os resultados de maio de 2024 – 28,9% – contra o montante registrado em maio deste ano – 32% – a variação em um ano é de 10,73%. “É importante destacar que estes números começaram a subir entre o fim de 2024 e o início deste ano. Pelo segundo mês consecutivo registramos um índice mais alto de inadimplência, o que de fato preocupa muito a entidade”, aponta.
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No perfil da inadimplência de Santa Cruz estão, em maioria, consumidoras mulheres, na faixa dos 30 aos 34 anos, na faixa salarial de meio a um salário mínimo per capita. “Este perfil segue uma tendência local. Geralmente em Santa Cruz, a maioria dos consumidores negativados, ou com registros de inadimplência, são mulheres, nesta faixa de renda. O que varia um pouco, de tempos em tempos, é a idade média das consumidoras”, pontua a executiva.
Entre os reflexos negativos causados pela inadimplência está na desaceleração da economia local. Conforme o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, um consumidor inadimplente tem sua capacidade de consumo comprometida. “Quem está negativado não tem acesso ao crédito e não consegue adquirir determinados produtos. Isso desacelera a economia como um todo, fazendo com que as vendas se movam de forma mais lenta”, pontua.
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Frank ressalta também que, embora esteja em alta, a taxa de inadimplência de Santa Cruz segue uma tendência nacional, ficando ainda abaixo dos índices médios do Brasil (33,2%) e do índice gaúcho, que em maio, fechou o mês com um percentual de 34,8%. “De uma maneira generalizada nós temos observado este comportamento, tanto que aparece nos indicadores econômicos gaúchos, que a inadimplência tem crescido no estado de maneira constante”, ressalta o economista.
Alta dos juros e inflação
Os sinais nocivos da economia como a alta taxa de juros, fixada em 15% pela taxa Selic, do Banco Central, acompanhada pela inflação acumulada em 2025 são os principais agentes para ampliar a inflação, segundo o economista Oscar Frank. “A principal razão da inadimplência passa pelos juros elevados. O cenário atual compromete o pagamento dos consumidores com estas taxas maiores, isso acaba virando uma alavanca para o crescimento da inadimplência”, diz.
Frank destaca ainda que as incertezas do mercado nacional e internacional, também têm sua contribuição para este cenário, principalmente no que se refere à inflação, que colabora para a alta juros no mercado interno. “Uma das soluções para estancar a inadimplência, passa essencialmente pela melhora da economia. O outro lado da moeda seria a existência de uma cultura da educação financeira”, comenta o economista ao dizer que a necessidade da educação financeira é aspecto estrutural e desafiador, envolvendo uma agenda de longo prazo, que faz com que o fim da inadimplência se mova de forma lenta.
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Os números
Inadimplência – Santa Cruz do Sul
- Maio 2024: 28,9%
- Maio 2025: 32%
Variação entre abril e maio de 2025
- Quando comparados os meses de abril (31,8%) e maio de 2025, houve aumento de 0,63%
- O avanço para 32% em maio de 2025 indica que um em cada três adultos em Santa Cruz do Sul está negativado.
CPFs negativados
- Rio Grande do Sul: 2,9 milhões
- Santa Cruz do Sul: 31.515
Fonte: Equifax Boa Vista
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