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Júlia Dantas fala sobre papel da literatura nos dias atuais

No sábado, escritora porto-alegrense participou de um painel mediado pelo jornalista Romar Beling, da Gazeta / Foto: Julian Kober

A 35ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul promoveu no sábado, 2, um bate-papo com a romancista e tradutora Júlia Dantas. Vista como um dos principais nomes da literatura gaúcha da atualidade, é autora dos livros Ruína y leveza, Ela se chama Rodolfo e A mulher de dois esqueletos.

No encontro, mediado pelo jornalista Romar Beling, gestor de Conteúdo Multimídia da Gazeta Grupo de Comunicações, a autora, que recebeu prêmios acadêmicos e foi finalista do prêmio Açorianos de literatura, falou sobre as inspirações e a jornada na escrita. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), não atuou muito tempo na profissão, pois apesar de escolher a carreira por gostar de escrever, queria trabalhar com ficção. 

Antes de publicar a sua primeira obra literária, Júlia atuava como tradutora. O ofício iniciou quando mudou-se para a Argentina, enquanto cursava crítica de arte em Buenos Aires. Começou com a tradução de legendas de filmes e seriados. E, ao retornar para Porto Alegre, começou a ser chamada para realizar traduções literárias.

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Traduziu, recentemente, a obra dominicana Papi, de Rita Indiana Hernández Sánchez, que deve ser publicada ainda este ano. “Certamente, o mais difícil que eu já traduzi até hoje, porque ele é todo baseado num trabalho de linguagem muito complexa e cheia de gírias. Levei muito tempo pra fazer, atrasei todos os prazos, mas no final valeu a pena”, admitiu.

Sobre a carreira literária, Júlia reiterou que não possui um plano muito claro do que irá escrever em seguida. Ela irá lançar, em breve, seu próximo trabalho, Pássaros da Cidade, que será publicado pela editora Coragem. Há ainda outro trabalho que está em processo, mas que guardará segredo. 
“Vou me permitir escrever o livro que eu tenho vontade de escrever. O que, às vezes, pode te complicar muito em uma editora, que estava esperando um livro parecido com o anterior. Acho que eu estou escrevendo e descobrindo o que é que eu quero escrever e me permitindo fazer essas experimentações. Às vezes podem até prejudicar uma carreira, porque se espera uma certa linha mais contínua de estilo e temáticas. Mas é o caminho que está se fazendo”, garantiu.

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Ela também compartilhou o quanto suas experiências pela América Latina influenciaram em seu trabalho, sobretudo seu primeiro trabalho, Ruína y leveza. Além da Argentina, conheceu Equador, Colômbia e Peru. Enquanto morou em Cusco, vivenciou um choque cultural na relação dos peruanos com o meio ambiente. Mencionou, por exemplo, o fato de o Brasil desejar construir hidrelétricas no Peru, que causariam um impacto na natureza, mas que acabou não indo para frente. “Aquilo me impressionou, do País de onde eu venho querer ir lá destruir lugares belíssimos e intocados. E de como podemos chamar de progresso a destruição de tudo isso que deveria ser sagrado para todos nós, mas não é”, reiterou.

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Diante deste exemplo, foi questionada de como a literatura pode contribuir com a sociedade em meio às crises ambientais, tais como a catástrofe climática que devastou o Rio Grande do Sul no ano passado. Embora tenha dificuldade de relacionar a escrita de um livro com a forma como se lida com o ambiente, Júlia destaca que a arte, em especial a literatura, estimula as pessoas a terem mais interesse sobre certos assuntos e a pensarem por conta própria. “E acho que isso, sim, pode mudar o mundo.”

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Futura moradora de Santa Cruz do Sul?

Antes do bate-papo com os leitores, Júlia aproveitou para conhecer Santa Cruz do Sul e passear pela Feira do Livro. Na avaliação da escritora, o evento é uma iniciativa importante na formação de novos leitores.  Destacou ainda a relação da cidade com a cultura. “Fiquei muito impressionada com a importância que a cidade e que a Gazeta do Sul dá à literatura e à cultura”, destacou. Júlia afirmou ainda que ela e o companheiro estão avaliando mudar-se da capital gaúcha.

E Santa Cruz está entre as cidades possíveis. Para ela, a feira está muito bem elaborada, especialmente a estrutura, no entorno do chafariz, que permite circular entre as bancas e o palco.  Um momento muito aguardado foi a troca de conversa com os leitores. “Escrever é uma atividade solitária, no geral. Então, toda feira é uma oportunidade de estar em contato com quem, de fato, faz todo esse trabalho valer a pena”, disse ela.

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