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Atriz do filme “O Último Azul” concede entrevista exclusiva à Gazeta; confira

A atriz Denise Weinberg enfrentou uma verdadeira aventura na Amazônia para viver a protagonista de O Último Azul. Ela dá vida a Tereza, uma mulher de 77 anos que busca realizar seus sonhos e desejos após ser convocada pelo governo brasileiro a passar o restante da vida reclusa em uma colônia para idosos. 

Em um futuro (não tão) distópico, os governantes decidiram isolar os mais velhos para aumentar a produtividade econômica do País, a fim de que os mais jovens não precisem se preocupar com seus pais. Para fugir do exílio forçado, ela embarca em uma jornada em busca do seu querer.

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Denise diz ter sentido um frisson físico ao ler o roteiro e intuía que poderia desenvolver algo interessante a partir dele. A entrega fica nítida: sua atuação é hipnotizante, levando o espectador a acompanhar sua trajetória pessoal. É como se todos os caminhos e as decisões tomadas pela atriz desde o início da sua carreira, em 1991, a tivessem levado para essa missão: de dar vida a essa protagonista. Após se consolidar no teatro, acumulou papéis no cinema, iniciando com Guerra de Canudos (1997), e na televisão, participando de séries e novelas.

Em entrevista exclusiva para o Magazine, Denise fala sobre a experiência que teve nas filmagens de O Último Azul e o sentimento de poder dividir a tela com o ator Rodrigo Santoro. 

Entrevista – Denise Weinberg, atriz

  • Gazeta Como a senhora está se sentindo com o sucesso de O Último Azul nos cinemas brasileiros? Acho que a gente nunca esteve tão feliz. Eu e o Gabriel Mascaro, o diretor do filme, viemos agora de uma turnê, viajando por sete cidades brasileiras, com muito debate. Porque é um filme importante para que a gente possa falar sobre o etarismo. E aí eu tenho lugar de fala. Tenho 69 anos. O Gabriel abriu um espaço enorme para nós. [Na quarta-feira], fiquei até a meia-noite no Belas Artes, de São Paulo, falando e discutindo. E eu acho isso lindo. É realmente um fenômeno. 
  • O que a levou a aceitar o papel de Tereza? Houve algum fator decisivo para entrar no projeto?
Os deuses. E eu não conhecia o Gabriel. Conhecia a filmografia dele, porque eu sou cinéfila. E aí ele me conectou, e deu um match. Eu tenho um frisson quando leio uma coisa boa, um roteiro, uma peça e tal. É corporal, eu tremo na base. E quando li o roteiro, falei com o Gabriel, assim, na lata, que queria fazer. Eu achava que tinha a possibilidade de fazer isso de uma forma bacana. Eu tenho uma teoria, como atriz, de que os personagens te acham. Você não acha os personagens, eles é que te acham. Então, veio na minha mão essa personagem da Tereza, que é uma personagem maravilhosa. E aí eu fui embora, gravar na Amazônia. Foram dois meses, fazíamos das 5 às 5. Eu via o nascer do sol e o pôr do sol. Isso é para poucos, viu? Quando eu voltava no barco para a pousada em que estava, pensava: “Meu Deus, que privilégio que eu estou tendo como atriz”. E eu dormia às 7 horas da noite para acordar às 6 da manhã, cheia de gás.
  • A Tereza é, sem dúvida, o coração e a alma do filme. Como foi o processo de dar vida à personagem? 
Quando recebi o roteiro e fechei com o Gabriel, me afundei. Porque eu sou muito obsessiva, no sentido de trabalho de atriz. Comecei a estudar, estudar, estudar. E eu nunca chego pronta, principalmente no cinema. Cheguei em Manacapuru, que na verdade era a cidade em que a gente estava trabalhando, e aí eu e a Cláudia de Souza, que foi uma preparadora fantástica e me ajudou muito, começamos a trabalhar na embocadura dessa mulher.  E aí o Gabriel me cativou. Porque não foi uma coisa que eu fiz sozinha, sabe? O processo era o seguinte. Ensaiávamos em um quiosque na beira do Rio Solimões. Aí chamava o Gabriel, que é um grande diretor. O que é raro. Ele não tinha pudor, conseguia falar para mim se estava horrível sem eu ficar grilada com isso. E esse é o barato do nosso ofício. Eu e o Gabriel temos uma intimidade muito legal, é a melhor coisa que existe, melhor que paixão ou humor. 
  • E quais os desafios de filmar na Amazônia? 
Todos. Porque teve muita coisa que foi cortada. Mas, tudo bem, sem o menor pudor. Me atirava no rio, virei a Ramba das selvas. Eu perguntava para o Gabriel se a gente estava maluco. E teve uma coisa também muito legal no Amazonas, porque ficamos com uma equipe muito boa, no sentido da cumplicidade.  Acho que teve uma coisa que o Gabriel imprimiu também, do “vambora junto”. Eu sou de teatro, sou de grupo, de coletivo. Sempre fui e sempre serei. Eu não acredito na viagem sola. E é muito legal quando você consegue fazer esse melanjo, sabe? Essa coisa em que cada um ajuda o outro. E o mais incrível ainda é que a gente filmou ao contrário. Eu filmei primeiro com a [atriz cubana] Miriam Socarraz. E por último filmei com o Rodrigo [Santoro]. E no filme é ao contrário.
  • Como foi isso de começar as filmagens pelo fim da história? Eu sou do teatro, que tem uma cronologia, né? Que é: início, meio e fim. No cinema não tem isso. Mas o Gabriel me deu uma base. E sabe… Só fomos! Fui fazendo cena por cena. E isso… acho que isso fez o filme interessante. Sinceramente. Eu não ter um arco, essa palavra que eu detesto. Não, não tem arco nenhum. Nós vamos indo… E eu acho isso muito lindo.
  • A Tereza conhece vários indivíduos na jornada. Um deles é interpretado por Rodrigo Santoro, cujo personagem cria um vínculo muito forte com a Tereza. Como foi para a senhora contracenar com ele? O Rodrigo fala que a gente deu match. Eu não conhecia o Rodrigo pessoalmente, e ele não me conhecia. E quando ele apareceu, deu uma coisa muito legal. É uma pessoa incrível. E é intenso. Eu falava que ele ia ter um infarto, de subir, descer, pular para o barco. Foi muito legal atuarmos juntos. Eu passava texto com ele e criamos uma conexão. O Rodrigo tem uma capacidade de improvisação muito forte, e o diretor deixou a gente improvisar. Nada foi marcado para aquela nossa cena no barco, sabe? Ele ia, eu ia atrás. Ele vinha, eu ia; ele vinha atrás. Puxa, isso é muito raro na nossa profissão. E deu no que deu, que é uma coisa linda, linda. E a intimidade que a gente teve, muito grande, de ele acabar no meu colo, chorando. Não foi nada marcado. 

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