A manter-se a crescente ascensão chinesa no cenário mundial, possivelmente estejamos prestes a vivenciar um ciclo de abalos de uma superpotência, o império norte-americano, remanescente pós-guerra fria.
Entretanto, o nível e a intensidade da ação e participação americana nos negócios mundiais, com repercussões econômicas e socioculturais, não permitem imaginar-se que entregarão “o espaço” aos chineses sem resistência.
Os Estados Unidos não se omitirão na redefinição dos papéis globais. Afinal, constituem-se no grande império econômico e bélico, sem precedentes na história mundial. Se disporão a pagar o preço e os custos da hegemonia.
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Sem esquecer que também se impõem pela produção e a distribuição dos produtos de comunicação de massa. Veja a potência das empresas de tecnologia e inovação (big techs) e das redes sociais, suficientes para o estabelecimento e o predomínio cultural de um meio e modo de vida.
Entretanto, uma provável nova ordem mundial em curso evidenciará de imediato alguns sinais negativos. Ou, no pior sentido, uma desordem mundial. O que dizer da global e crescente onda nacionalista, da xenofobia e da intolerância étnica?
Nesse sentido, tenho afirmado que as ações de Trump integram um conjunto de iniciativas que visam minimizar, talvez adiar e interromper, a decadência norte-americana. Afinal, enfrentam alto nível de endividamento, de inflação, de desemprego e de desindustrialização, principalmente.
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O atual, surpreendente e intenso tarifaço americano é um detalhe de momento. Historicamente, são inúmeras as ações norte-americanas contrárias aos interesses das demais nações relacionadas a tratados, acordos, convenções e pactos de interesse mundial.
Quanto ao tarifaço em curso, é preocupante a atuação oficial brasileira, evitando a proposição de um diálogo direto, imediato e negocial com autoridades norte-americanas, a pretexto de violações de soberania (casos Bolsonaro, Moraes, lei Magnitsky, etc.).
Para piorar o cenário, concomitantemente o governo brasileiro tem intensificado o relacionamento com a China e a Rússia, em especial, notórios e momentâneos “inimigos” circunstanciais do EUA. E o discurso preferencial do presidente Lula tem sido a desdolarização, sem contar algumas provocações juvenis.
O Brasil, assim como as nações da Europa Ocidental, tem um histórico de boas e pacíficas relações com os americanos. Se a “chapa mundial esquentar”, alguém tem dúvidas para qual lado a Europa se inclinará? E o Brasil, ficará com o Ocidente ou com o Oriente?
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Enfim, estamos diante de um imenso iceberg geopolítico. O desafio consiste em descobrir e avaliar a dimensão de sua face submersa e seu rumo inercial.
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