A inadimplência e o endividamento dos brasileiros são os mais altos da história. A situação é proveniente do IPCA, que é a inflação, considerada muito alta e persistente e que não apresenta perspectivas de recuo até pelo menos 2028. A afirmação é do presidente nacional do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Nacional), Roque Pellizzaro Júnior.
Segundo ele, atualmente estão inadimplentes e com crédito restrito cerca de 72 milhões de brasileiros que compõem o grupo economicamente ativo, travando o crescimento da economia. A “freada brusca” nos últimos 90 dias é confirmada pelos índices do varejo no Brasil, divulgados na sexta-feira pelo Valor Econômico.
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O índice aumentou ainda mais em agosto, quando a proporção de consumidores com contas em atraso subiu de 30% para 30,4%, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo o presidente do SPC Nacional, para o setor do varejo, o cenário é de vendas em baixa nos próximos 12 meses. “Estamos tendo quedas profundas de vendas, efeito, é lógico, da taxa de juros para se ter um controle inflacionário. A inflação não está cedendo”, explica.

Ele compara a uma febre que, apesar do remédio que está sendo dado, não baixa. “E ela não baixa porque a dieta que esse paciente teria que fazer, não está seguindo. O Brasil vive esse momento: o governo não faz o dever de casa e ele se contrapõe ao remédio que é a taxa de juros.”
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A pesquisa aponta que o cartão de crédito mantém a liderança como a modalidade mais utilizada, citado por 84,5% dos endividados, mas perdeu espaço em relação aos 85,7% registrados em agosto do ano passado. Na direção oposta, os carnês cresceram em um ano, com 16,6% de menções em agosto passado ante 15,6% em agosto de 2024.
Pellizzaro lembra que oito em cada dez consumidores retornam para os cadastros de negativação menos de um ano após o pagamento de uma conta negociada. “Apesar de hoje a renda do brasileiro parecer boa – nós temos uma situação de emprego bastante razoável –, ela é corroída pela inflação. E o que sobra é a necessidade de se tomar algum recurso, uma compra a prazo, algum financiamento. Mas aí se tem um juro muito alto.”
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A expectativa para 2026 é de um novo pico de inadimplência. Isso porque, de acordo com o presidente do SPC, a injeção de recursos públicos irá na contramão da política da taxa de juros, que deveria começar a baixar. “O ano que vem é um ano eleitoral. Os governos abrirão as suas torneiras, vão injetar muito recurso na economia, e esse dinheiro adicional retroalimenta. Voltaremos provavelmente a ter um pico de inadimplência em 2026.”
A preocupação dos economistas não é apenas com a inadimplência, mas também com os endividados. “É aquele cara que não está inadimplente, mas não tem mais orçamento livre. O próximo passo dele é se tornar inadimplente”, diz Pellizzaro. Segundo ele, é uma situação bem preocupante e a solução seria o recuo da inflação para voltar a baixa da taxa de juros, “o que não se vê no médio prazo como uma possibilidade”.
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Controle orçamentário
O presidente do SPC Nacional frisa que cabe ao brasileiro, principalmente o endividado, adotar a reeducação financeira. “Tem que colocar as contas na ponta do lápis. Se você tem um orçamento de R$ 5 mil, nesse montante há as despesas fixas das quais não se pode fugir, como aluguel, colégio dos filhos, supermercado, água, luz, telefone, internet, gasolina ou ônibus.”
Ele recomenda anotar tudo e identificar despesas que não sejam fixas para eventuais emergências. Ainda observa que o controle será fundamental para o reequilíbrio das contas.
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