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LUÍS FERNANDO FERREIRA

A verdade é o que aconteceu

Já era possível ouvir histórias assim antes da internet. E eu ficava intrigado com tais situações: fãs de telenovela agredindo atores ou atrizes porque não gostavam de seus personagens.

Tornou-se conhecido o episódio com Jackson Antunes, que encarnou um marido violento na novela A Favorita, em 2008. Um dia ele estava na rua ao lado do filho, então com 9 anos, quando um desconhecido furioso o agrediu após insultá-lo e dizer que Leonardo (seu personagem) era um “mau exemplo”. Antunes foi parar no hospital.

Já em Mulheres Apaixonadas (2003), Regiane Alves foi tão convincente ao representar uma jovem sádica com os avós que a ameaçaram em diferentes ocasiões. “Seja mais educada com seus avós”, disse uma senhora que tentou bater nela dentro de um elevador. E há diversos outros casos.

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Quer dizer: existem pessoas que votam e participam da vida pública, mas não conseguem (talvez nem queiram) diferenciar ficção de realidade, fantasia de vida concreta.

Hoje em dia, então, com a inteligência artificial para ajudar, delírios ganham rédea solta. Com o passar do tempo, ficará cada vez mais difícil saber, por exemplo, se um vídeo é real ou não. Por enquanto é possível. Há poucas semanas, passou a circular nas redes a “entrevista” de um deputado federal em conhecido programa de TV. A ladainha de apresentação desse tipo de conteúdo é sempre a mesma: “Fulano faz entrevistador chorar”, “Sicrano diz a verdade”, “Agora chorem”, etc. Só de ler essas coisas, fico com os dois pés atrás.

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Estava claro. Tudo falso, montagem produzida por IA. O YouTube é repleto dessas farsas, não raro em tom de brincadeira, e tudo bem se o público reconhecesse pelo que são: anedotas. Mas alguns levam a sério. Como levaram a sério boatos recentes sobre a morte ou estado terminal de Donald Trump, porque ele ficou uns dias sem fazer discursos. E grandes jornais dedicaram chamadas de capa para mostrar que Trump está vivo. Desmentir fake news virou o novo trabalho da imprensa profissional.

Mas quem morreu de fato foi Robert Redford. E lembrar desse ator, para mim, é recordar um clássico dos filmes sobre jornalismo, Todos os Homens do Presidente. Dois repórteres fazem perguntas e mais perguntas até chegar à verdade do caso Watergate: a instalação de escutas para espionar rivais políticos.

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Foi o que aconteceu. Nada de “narrativas” ou outros termos da moda, só a verdade, à qual se chega de uma forma: duvidando. E questionando.

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