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Ilse Göttert: marcante história de magistério e de uma escola

Professora Ilse Catarina Göttert atuou na Escola Dona Leopoldina entre 1965 e 1997. Fotos: Divulgação/GS

Na chegada do mês em que a sua classe é lembrada de modo especial, a professora Ilse Catarina Göttert compartilhou a sua história de 32 anos como educadora na comunidade santa-cruzense de Linha João Alves, na atual Escola Municipal de 1º Grau Dona Leopoldina, que iniciou como “Escola Particular Isolada Rural número 3”, em 1910, completando 115 anos em 2025. Nascida em 1943, filha de Pedro Kirst Filho e Catarina, Ilse, que chegou a 82 anos em janeiro de 2025, reuniu no dia 27 de setembro, na Casa de Chá Pritsch, além de familiares (filhos Carlos André, Gerson Luís e Márcio Pedro), ex-colegas e líderes atuais para comemorar essa trajetória, reconhecida como exemplar.

Ela assumiu a escola em 1º de agosto de 1965, após 13 professores já terem atuado no educandário que era da Comunidade Católica, começando com João Kist Sobrinho. Antes dela, o professor Ottmar Dick havia deixado a tarefa e Ilse, conhecida por ser muito comunicativa e fazer parte do coral, foi indicada pelo padre Deimlick para assumir a função.

“Aceitei, mesmo não tendo formação. Foi um sonho. Entrei na escola pensando nos meus cinco anos de estudos com o Professor Rauber [Arthur Guilherme, que atuou nesta escola de 1945 a 1958]”, relembra, com enorme admiração por seus conhecimentos e ensinamentos (“Era Deus no céu e ele na terra”).

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A professora recorda dos primeiros tempos na escola, onde desde logo acentuou aos alunos “a importância fundamental da educação e da espiritualidade”, que, segundo ela, têm que andar juntas, ao lado de muita dedicação. Lembra que fazia de tudo na escola unidocente, sem ter água nem luz, exercendo docência, direção e secretaria, além de outras atividades paralelas, como dar catequese aos alunos, reger coral, coordenar eventos, o que fosse necessário. “E nada dava errado para mim. As forças, recebi de Nossa Senhora, que estava sempre ao meu lado. Com fé e esforço, a gente consegue.”

Ilse ressalta também o apoio sempre recebido dos pais. No começo, porém, um deles não estava satisfeito e queria uma professora formada, assim que, no início do seu segundo ano de atuação, quando a escola e ela passaram ao Município, chegou para reunião a representante da Secretaria de Educação com uma candidata formada para propor à comunidade. Mas os pais logo deixaram claro o que preferiam: “Queremos a nossa Ilse, que é daqui”, e ela acabou ficando, com o respaldo local, mas não deixando de se aperfeiçoar (Curso Normal Ginasial como “Regente de Ensino Primário”, em 1972, e aprovação em prova de seleção em 1987).

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Educadora precisava se desdobrar e atendia em várias frentes – até na regência do coral

Uma trajetória na educação

A professora octogenária, em seus relatos, menciona que nos primeiros tempos na escola eram aplicadas provas finais por meio da Secretaria de Educação. No final do segundo ano, a representante oficial (dona Tirzah) fez a prova com os então 28 alunos de 1a a 4a série, e também a correção. “Para surpresa dela, 26 passaram e apenas dois rodaram. Com isso, fiquei reconhecida na secretaria como professora exemplar”, destaca. Mais tarde, ainda sob sua direção, o mesmo reconhecimento teve a biblioteca escolar, visitada até por dirigentes de outras escolas, por “seu nível de organização e número de livros”.

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A pequena escola cresceu, os alunos aumentaram e não cabiam mais em um turno. Assim, Ilse recebeu a companhia da professora Alaíde Ribeiro, para atender as duas primeiras séries. Ela rasga elogios à sua colega inicial, pela dedicação (“vinha a pé da cidade, tendo sol ou chuva”) e o comungado “grande amor aos alunos e à educação”.

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Mais tarde, houve avanços e vieram mais professores, ficando ela só na direção e secretaria. Cita melhorias graduais, como novo prédio, luz, banheiros e cisterna (na gestão do prefeito Edmundo Hoppe), água encanada (com Armando Wink) e, em 1987 (prefeito Arno Frantz), escola mais ampla, sempre com “apoio do vereador local Erni Wilges e do CPM” (então dirigido por João Wagner), para acolher o 1o grau completo.

Em 1987, escola comemorou um dos marcos, a inauguração de seu novo prédio

Em homenagem feita em 1999, pela direção, professores e funcionários da Emef Dona Leopoldina, Ilse recebeu estampada em cartão de prata a gratidão por sua dedicação à “obra educativa desta comunidade levada a efeito por esta escola, cujas ações se assentaram em sólidas bases morais”. No encontro em final de setembro deste ano, obteve o mesmo reconhecimento de ex-alunos, colegas e autoridades atuais. As ex-alunas Juliana Breunig Sehnem (atual subsecretária de Educação), Eliana Lebens Schmidt (coordenadora pedagógica da secretaria) e Nilva Kappel (hoje, psicopedagoga) salientaram que receberam “ensinamentos muitos valiosos para vencer na vida”.

Legado e futuro

A secretária municipal de Educação, Jane Wunder Sabin, e o vereador da localidade, Raul Hermes, também se fizeram presentes e enalteceram “o grande legado deixado pela professora na educação e na formação”.

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Jane apontou o oportuno resgate da importância da dedicação sem medida para alcançar os objetivos, e Raul, “o seu exemplo de respeito, amor ao próximo e à família, que ajudaram a formar cidadãos também exemplares e uma comunidade de destaque”. Ambos referiram a necessidade e o empenho atuais de ampliar a escola, hoje com 350 alunos em bairro de forte crescimento, para área maior, onde “o exemplo de Ilse serve de estímulo”.

“Recordar o passado é bom. Precisamos valorizar o que os antecessores passaram, as dificuldades enfrentadas em relação aos dias atuais, e assim avaliar melhor as posições diante dos desafios presentes”, disse a professora. “Valeu todo o esforço, preocupação e sonho de fazer da pequena escola um enorme educandário, onde nossos alunos pudessem completar o 1o grau.” Ao final do encontro, Ilse manifestou sua grande alegria pelo reconhecimento recebido. “Acho que cumpri minha missão. Plantei a árvore, agora colhem os frutos”, concluiu.

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Dependências atuais da escola municipal de Linha João Alves, que comemora 115 anos

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