A atriz Samira Carvalho sente-se atraída e instigada pelos papéis que a desafiam e a colocam em um lugar de aprendizado. É motivada também pelo interesse em dar vida às personagens que podem contribuir social ou historicamente. Isso porque, na visão de Samira, o cinema não é apenas arte, mas educação. Esses elementos motivaram a atriz a participar de Porongos, novo longa-metragem de Diego Müller (InfiniMundo). Samira é Mahín, uma das protagonistas da trama.
Com a produção, ela vê a oportunidade de contribuir e apresentar para o público um novo ponto de vista sobre a jornada dos Lanceiros Negros, a Guerra dos Farrapos e o Massacre de Porongos. Temas que, até então, ela havia visto brevemente em livros de história. Para a atriz, fatos como o violento ato que marcou a Revolução Farroupilha foram ignorados por muito tempo. Isso porque, na sua visão, os livros, filmes e novelas costumam ignorar a presença dos grupos minoritários.
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Antes de participar da produção gaúcha, Samira participou de Malês, de Antônio Pitanga, que narra a história das pessoas sequestradas da África que são trazidas ao Brasil como escravas. “Penso que Porongos e Malês são filmes que nos dão uma outra perspectiva sobre a sociedade e sobre a história do Brasil”, aponta.
Natural de São Paulo, a atriz viveu um momento de imersão na história e na cultura gaúcha durante a produção do longa-metragem. Aprendeu a andar a cavalo, vislumbrou as paisagens do Pampa e saboreou o churrasco.
Para as filmagens, ela participou de uma intensa e emocionante preparação de elenco, coordenada por Tatiane Tiburcio. Entre os exercícios teatrais, interagia com outro ator em uma posição de ataque, fortalecendo o estado de alerta necessário para viver a personagem.
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As fotos evidenciam o espírito de guerreira e o sentimento de prontidão que a atriz trouxe para Mahín através do olhar e de sua postura. No entanto, mais do que a oportunidade de interpretar uma mulher destemida, ficou atraída pela maternidade existente na protagonista, demonstrando também amor e afeto. “Não sou mãe, mas tenho muita empatia e isso traz força e sensibilidade, um outro olhar para essa mulher descrita no roteiro como forte e guerreira”, afirma.
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Embora tenha terminado sua participação nas filmagens do longa-metragem, Samira não vê a hora de voltar ao Rio Grande do Sul, se não para uma cena extra em Porongos, para outra produção. E não esconde o entusiasmo e a expectativa de ver a obra completa nos cinemas.
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Na visão de Samira Carvalho, Porongos já é um filme importante. “Ele vai dar um espaço para esses personagens negros e mostrá-los de forma humanizada, sensibilizada, com os seus conflitos pessoais, com seus amores, suas dores, seus medos.”
Entrevista com a atriz Samira Carvalho
Gazeta do Sul – Como foi a preparação para viver a personagem em Porongos?
Samira Carvalho – Penso que o processo de preparação da personagem é das partes mais interessantes e mais gostosas. Porque a gente, de fato, mergulha num universo que, às vezes, é até surreal. Um dia eu estou aqui em casa, vivendo a minha vida, focada no meu trabalho, nas minhas coisas e tal. No dia seguinte, vou para uma imersão criativa para abrir espaço em mim e dentro do que o roteiro pede, para começar a me aprofundar numa ideia, ou em referências, ou em trabalho corporal, para que, daqui a um tempo, essa personagem que comecei a criar esteja pronta.
E esse processo é de fato uma imersão. Você tem que se abrir, se disponibilizar, disponibilizar o seu corpo, sua voz, mente, ideias, emoções, para gerar a personagem e poder aí interpretar o texto e a história.
Na preparação, além de ler o texto, de interpretar o que estava escrito, se trabalham as emoções. É preciso entender como seriam as emoções, como essa personagem falava, como essa personagem andava e entender qual era a sua motivação. Há exercícios teatrais, que são mais físicos.
Mas uma das partes da preparação que eu mais amei foi aprender a andar a cavalo. Nunca tinha feito aula de equitação. É um desafio interessante. Cheguei no primeiro dia de trabalho, lá em Porto Alegre, e a primeira atividade já era uma aula de equitação.
Foi um dos grandes aprendizados, um dos grandes presentes, que essa etapa de ensaio e gravação me deu nesse filme. Porque saí de lá completamente apaixonada por cavalos. A tela de bloqueio do meu celular é um cavalo. No meu YouTube, só aparece vídeo de cavalo. No meu Instagram, tudo é cavalo. Aprendi a encilhar. Agora fico vendo vídeos de como encilhar, outras técnicas, outros meios. E aí, vídeo de treinadora, e vídeo de competição. E a minha vida virou cavalo. (Risos)
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E quais os desafios e a sensação de interpretar uma personagem?
Realmente, não é fácil. É preciso técnica e estudo. O ator tem que estar sempre estudando, sempre se cuidando, seja da saúde, da cabeça, do corpo. E estar sempre preparado. Porque quando você vai fazer um filme como Porongos, a minha personagem, por exemplo, ela era muito ativa, o corpo vivo e presente. Ela é forte, ela tem musculatura presente, corre.
E aí tem a preparação, a técnica que precisamos manter constantemente para chegar em cena. Fazer uma cena difícil e deixá-la nas filmagens. Desligou a câmera, acabou. Se a personagem foi, por exemplo, abusada no roteiro, no filme, temos que gravar a cena, que não é fácil. Todo mundo fica tenso e atento. Por isso a importância da técnica e do profissionalismo. E com a certeza de que o diálogo pode transformar realidades.
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