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VALE DO SOL

Aposentados rurais participam de encontro regional em defesa dos direitos

Foto: Inor Assmann

Salão da Comunidade São José recebeu nesse sábado representantes de associações para celebrar e marcar a luta por direitos

A luta pela garantia dos direitos foi o tema central do 7º Encontro Regional de Aposentados Rurais do Vale do Rio Pardo e Baixo Jacuí, realizado no sábado, 4, em Vale do Sol. Pelo menos 600 pessoas participaram, e o salão da Comunidade Católica São José ficou lotado. 

Estiveram presentes representantes de dez associações da região – Cerro Branco, Cachoeira do Sul, General Câmara, Gramado Xavier, Pantano Grande, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Vera Cruz –, abrangendo 16 municípios. Também marcaram presença prefeitos, representantes do setor e líderes políticos, incluindo o secretário estadual da Agricultura, Edivilson Brum.

Uma das principais reivindicações dos produtores é a manutenção da aposentadoria rural, que equivale atualmente a um salário mínimo nacional (R$ 1.518,00). Garantida a continuidade do direito, o próximo passo é aumentar o valor.

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“Não chega para viver”, destacou Vilce Terezinha Leão, coordenadora da Comissão Regional de Aposentados Rurais. Para a agricultora, o ginásio cheio demonstra que a classe está ativa, contribuindo para a economia dos municípios, do Estado e do País. “Não somos objetos descartáveis”, afirmou. 

Durante a cerimônia de abertura, o padre Rafael Henrique Toillier pediu aos aposentados que ainda trabalham no campo que se levantassem. Aproximadamente 80% se manifestaram, evidenciando a afirmação feita por Vilce.

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Aposentado há 12 anos, o agricultor José Claudino Immig, de 76 anos, destacou que a quantia recebida – cerca de R$ 50,00 por dia, segundo ele – não é o suficiente para aqueles que têm gastos com medicamentos e outras demandas. Isso exige que continuem a trabalhar para garantir o sustento. “Enquanto tiver vitalidade, o aposentado precisa produzir alimentos básicos que não precisam ser comprados”, disse.

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Para Immig, é necessário que a aposentadoria seja reconhecida e valorizada, uma vez que, na sua visão, muitas pessoas pensam que o trabalhador rural não precisa do benefício. “Mas é justo, porque ele foi descontado, nós pagamos certinho, contribuímos com a União.”

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A garantia do benefício não é o único desafio no campo. Segundo a coordenadora da Comissão Regional de Aposentados Rurais, a sucessão também preocupa os aposentados. “Nós não temos quem assuma as nossas propriedades. O meio rural está envelhecendo e, no futuro, as áreas vão continuar sendo vendidas para os grandes proprietários, acabando com a agricultura familiar”, apontou.

José Immig: aposentados precisam ser reconhecidos pela contribuição à sociedade | Foto: Inor Assmann

O encontro também evidenciou o Dia Estadual do Aposentado Rural, celebrado em 5 de outubro, data instituída pelo deputado federal Heitor Schuch (PSB), presente no evento. As comemorações foram marcadas por um momento de confraternização. Além de uma palestra sobre previdência rural, o humorista Mulita subiu ao palco. Já as apresentações musicais ficaram por conta do grupo Elas Violão Encanto e de um baile com Metais em Brasa.

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“O produtor só para quando morre”

Moradora de Alto Paredão, interior de Santa Cruz do Sul, Laureni Teresinha Greiner, 58 anos, afirmou que o encontro é uma maneira de exaltar a importância do aposentado rural, tanto na produção de alimentos quanto na economia. Segundo ela, o valor da Previdência não é o suficiente para as necessidades básicas, sobretudo envolvendo saúde. “Ajuda muito, mas é um valor baixo, não tem como sobreviver só com ela”, admitiu.

A alternativa, segundo Laureni, é não parar de trabalhar na roça e na criação de animais. Desse modo, não é possível desfrutar do descanso mesmo após a aposentadoria. Por isso, ela espera que os políticos garantam uma quantia maior para os agricultores. “O produtor só para de trabalhar quando morre.”

Laureni: valor do benefício é muito baixo | Foto: Inor Assmann

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Necessidade de manter a luta

O secretário estadual da Agricultura, Edivilson Brum, destacou a força do movimento sindical no Vale do Rio Pardo. Citou o fato de o deputado federal Heitor Schuch ter sido presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), estreitando os laços com os sindicatos. “Tudo isso faz com que eu tenha o compromisso de vir aqui reconhecer o trabalho dos aposentados”, afirmou.

Em sua fala, o secretário pediu para que cada produtor presente olhasse para sua mão e entendesse que os calos que ali estão resultaram na sua riqueza e nas suas famílias. Mencionou ainda a importância do agronegócio na economia do Estado, representando 40% do Produto Interno Bruto (PIB). “Fizeram o sustento de toda a comunidade regional, mas não só aqui, como em todo o Estado e todo o País.”

Brum ressaltou o fato de que a aposentadoria não provém o sustento das famílias no campo, que precisam complementar a renda, sobretudo diante dos custos para a saúde. Na sua avaliação, o fato de os apresentados precisarem trabalhar é sinal de uma anomalia. Segundo ele, a situação se agrava ainda mais diante do esquema de fraude no INSS, que impactou não só os beneficiários, mas entidades honestas que atuavam no bem-estar social dos produtores. “Cada vez mais temos que ter o compromisso de ajudar essas entidades para a representatividade de todos os trabalhadores rurais”, disse.

Brum destacou que a aposentadoria não provém o sustento das famílias no campo | Foto: Inor Assmann

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O deputado federal Heitor Schuch destacou que o encontro regional em Vale do Sol foi um dos muitos realizados no Estado para celebrar o Dia Estadual do Aposentado Rural, mantendo viva a tradição e valorizando o trabalho de associações e sindicatos na defesa da classe. “Temos a missão de cuidar dos aposentado. Foram eles que criaram as entidades, construíram as comunidades e que agora se reúnem para celebrar”, disse.

Heitor Schuch: compromisso e missão de valorizar e cuidar dos aposentados | Foto: Inor Assmann

O presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, destacou que o encontro é importante não só como um momento de descontração e agradecimento aos produtores aposentados, mas também de mobilização em defesa dos direitos conquistados. Na sua avaliação, há muito o que ser construído e melhorado para atender os aposentados.

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“Precisamos lutar. Agora mesmo, em Brasília, tem sempre aquela sombra de que vai ter uma reforma da previdência de novo”, disse. “Não será agora, porque temos eleição ano que vem. Mas sabemos que a bola da vez será o agricultor, que acusam de não contribuir e se aposentar muito cedo. O que não é verdade. O agricultor paga imposto sobre tudo que compra, contribuindo cinco ou até dez vezes mais do que é exigido pela Previdência.”

Segundo o dirigente, é preciso estar preparado para lutar diante da ameaça de desvincular o aumento do salário mínimo de salários para aposentados. “Precisamos nos fortalecer e reconhecer a importância dos aposentados para a sociedade.”

Carlos Joel: alerta para nova proposta de reforma | Foto: Inor Assmann

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