Existe uma espécie de “alívio” ilusório de muitos gaúchos ao traçarem uma comparação entre a segurança pública do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Na Cidade Maravilhosa ocorre o extremo absurdo em que as facções criminosas estão infiltradas na vida carioca, comprometendo o tecido social. Eles estão, literalmente, por toda parte. Em nosso Estado, ao contrário do que a publicidade emanada do Palácio Piratini propaga, duas principais organizações criminosas são onipresentes, inclusive em pequenas localidades.
Em várias cidades gaúchas já existe a figura antes inimaginável do toque de recolher em comunidades mais vulneráveis. Sair à noite é arriscado. Está declarado horário de se recolher às residências. Do contrário, ocorrências policiais graves podem acontecer.
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Conversando com amigos do Vale do Taquari, soube que há casos de empresários que tiveram estabelecimentos perfurados à bala como forma de intimidação. Muitos se mudaram, de mala e cuia, para outras partes do Brasil. Não é pequeno o contingente de empreendedores que receberam vídeos pelo WhatsApp ostentando imagens da rotina dos filhos – indo à escola ou ao trabalho. Um terror sem precedentes, um pesadelo que coloca em risco toda família.
Se os principais indicadores da segurança pública do Estado estão no topo histórico de redução, o avanço das duas principais facções só cresce, é incontestável. O futuro torna-se ainda mais sombrio pela proximidade com as eleições de 2026. “Manos“ e “Bala na Cara”, seguindo a trajetória dos congêneres no centro do país, do Norte e do Nordeste, buscam a legitimidade das urnas para avançar seus tentáculos nas mais diversas comunidades. No interior do Rio Grande do Sul, a presença desses grupos assusta, ameaça e mostra a força pública ineficiente e insuficiente para deter este avanço.
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Se no Estado não temos massacres semelhantes à megaoperação realizada na semana passada no Rio de Janeiro, os casos de execução sumária se repetem em várias cidades, especialmente em Porto Alegre e na região metropolitana. Na quarta-feira, um homem de 25 anos foi executado com 12 tiros, no bairro Sarandi, na zona norte da Capital, em um posto de gasolina. Dois homens de uma moto foram vistos, mas ninguém foi preso.
A guerra promovida pelas facções tem origem na comercialização de drogas. Para expandir negócios, auferir aumento no faturamento e ocupar mais espaço nas comunidades, as facções investem em novos negócios. O mais recente, descoberto no centro do país, principalmente em São Paulo, liga um poderoso grupo criminoso a uma rede de postos de abastecimento de combustíveis.
Captar jovens, explorar serviços – como internet, luz, água, telefonia móvel – são artifícios poderosos e eficientes para espalhar terror. Inclusive no Rio Grande do Sul.
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