Pense o leitor numa cidade que é três ao mesmo tempo, e todas no mesmo lugar. Essa é Bizâncio, a que já foi Constantinopla e se tornou Istambul, uma das principais cidades da Turquia (a capital na verdade é Ancara). É quase um enigma, tendo em vista que a história dessas três sociedades foi construídas no mesmo território, às margens do Bósforo, do Mármara e do Chifre de Ouro, ponto extremo da Europa, que ali se encontra com a Ásia.

Com tamanha complexidade, deve realmente interessar um livro como Bizâncio: a extraordinária vida de um império medieval, que acaba de ser lançado no Brasil pela editora Kírion, em 372 páginas, a R$ 114,90. A autora é a arqueóloga e historiadora inglesa Judith Herrin, de 83 anos, diversas vezes premiada por seu trabalho de resgate cultural.

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No livro, Judith busca apresentar de forma muito clara os momentos mais importantes da trajetória de Bizâncio, então capital do Império Bizantino, que constituiu a extensão do Império Romano e que subsistiu mesmo após a derrocada do Ocidente. Com seu domínio formidável do contexto histórico da região, ela mostra que, enquanto o cenário ocidental era de desmantelamento, Bizâncio seguia com uma intensa vida econômica e cultural, na confluência entre Europa e Ásia.

Ainda hoje, tanto Istambul quanto o ambiente ao longo do Bósforo são testemunhas das ações e das operações e dos interesses tanto de europeus nesse posto avançado quanto de asiáticos (e russos) justamente de olho no continente. É uma aula não apenas de história, mas de cultura.

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