Com informações de Romar Beling/enviado especial
O prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa, participa da COP-11 em Genebra e acompanhou a segunda reunião de briefing da comitiva da cadeia produtiva com o embaixador brasileiro Tovar Nunes, na manhã desta quinta-feira, 20. Ele afirma que a delegação brasileira, composta por mais de 30 participantes, principalmente do Sul e da Bahia, vem “mapeando todo o processo que está sendo feito dentro da COP11, as discussões, os projetos que estão em debate e que vão entrar em debate”.
Segundo Jarbas, o tema mais sensível é o projeto que busca proibir o uso de filtros em cigarros. “O mais importante é com relação aos filtros de cigarros, que começa hoje a discussão do projeto apresentado pelo Brasil e pelo Panamá, com apoio do México. Entendemos que não é consenso e isso nos dá uma garantia de que isso não vai ser deliberado e implementado nesta COP-11”, afirmou. Ele avalia que o cenário aponta para “um desfecho muito favorável à cadeia produtiva de tabaco, em especial aos nossos fumicultores”.
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O prefeito reforça que a proposta de banimento dos filtros partiu da delegação brasileira e destacou que a falta de unanimidade impede a aprovação imediata. “Temos os documentos, normas técnicas, tudo documentado. Quem apresentou foi a Conic, a delegação brasileira proibindo o uso de filtro no cigarro no Brasil”, disse. Segundo Jarbas, o movimento do setor conseguiu conter o avanço da medida nesta edição da conferência. Ele afirmou ter “a certeza que hoje nós conseguimos barrar talvez 99% que não vai ter nenhuma implementação com relação à restrição de filtro nos cigarros neste momento”, embora avalie que o tema deve retornar nas próximas conferências.
Sobre políticas de diversificação rural, o prefeito critica o Governo Federal. “Acabou o Pronaf, não tem incentivo nenhum. O único incentivo que tem é dos municípios”, afirmou, citando que Venâncio Aires possui “mais de oito programas de diversificação rural” e iniciativas como linhas de crédito e máquinas concedidas aos produtores. Para ele, discursos apresentados na COP-11 sobre diversificação são “para sueco ver ou para inglês ver”.
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O prefeito também destacou sua vivência pessoal no setor e a importância econômica da cultura na região. Disse ser produtor de tabaco, assim como seu pai e seus avós, e que mais de 50% da economia de Venâncio Aires gira em torno da atividade. Para ele, o trabalho pode ser exigente, mas é compensador. “É penoso trabalhar no sol, no frio, na chuva, mas é gratificante porque é a cultura agrícola que mais dá rentabilidade”, afirmou. Jarbas acrescentou que chegou a ser médico e prefeito “porque vim do tabaco”.
Ao comentar o olhar da Organização Mundial de Saúde (OMS) e as discussões técnicas, o prefeito destacou que os filtros evoluíram e ajudam a reduzir micropartículas inaladas pelo pulmão. Também criticou a ausência de combate ao mercado ilegal, ao afirmar que quase 40% do cigarro vendido no País é contrabandeado ou clandestino. Ele comparou esse cenário com o rigor fiscal sobre o produtor “100% do tabaco que sai da pequena propriedade é com nota fiscal”. Para Jarbas, essa desproporção criminaliza o fumicultor e “sempre é na ponta mais fraca que estoura”.
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